Capítulo II -

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Era mais um dia de aula e eu estava praticamente morta sobre a mesa da classe. Alguém bateu algo sobre a mesma e eu levantei num pulo fazendo todos rirem.
- Se dormir na minha aula novamente, Srta Marshall, irá direto para a detenção. - Disse Dion, um professor que eu jamais tinha visto na escola antes. Ele se virou e foi até a frente da lousa. Zac riu baixo de mim e eu rolei os olhos fechando-os logo em seguida. Fazia muito tempo desde que eu tive uma boa noite de sono.
Eu abri o olhos novamente e todos da sala haviam saído sem que eu tivesse escutado. Eu me levantei da cadeira e fui até o corredor. "Onde está todo mundo?" me perguntava. Os corredores estavam vazios e haviam materiais escolares pelo chão, os armários estavam abertos e todo o colégio parecia ter sido invadido por ETs ou o mundo acabara de ser extinto.
Eu explorava os arredores quando ouvi uma voz gritando o meu nome me deixando assustada. Eu segui a voz subindo lentamente as escadarias do refeitório e meu coração acelerava cada vez que eu me aproximava. Uma sombra surgiu saindo de uma porta e eu hesitei em abri-la. "Evora!" "Evora, me ajuda!" Era a voz de Zac. Abri a porta rapidamente e não o vi, mas algo me empurrou para dentro do lugar completamente escuro me deixando presa. Uma tela apareceu atrás de mim iluminando o lugar que parecia ser grante o bastante para caber um avião. Eu olhava para os lados enquanto a tela apenas chiava. Era gelado e ventava alí dentro. Onde eu estava? Comecei a correr em direção a porta mas ela não estava mais lá e eu não a encontrava em lugar nenhum.
"Bem vinda, 5689" Uma voz grossa e aparentemente modificada dizia enquanto a tela permanecia sem imagens. "Nós esperamos esse momento como nunca e queremos lhe conhecer. Venha até nós." De repente a tela desapareceu e uma voz voltou a me chamar. "Evora!" eu sentia meu corpo chacoalhar-se e tudo começou a clarear.
- Evora! - Dizia Zac desesperado. - Acorda, Evora. - Ele disse mais uma vez e eu abri os olhos ofegante. Olhei em volta e eu estava na enfermaria da escola com alguns olhos sobre mim.
- O que aconteceu? - Eu disse vendo que tudo não passou de um pesadelo.
- Você morreu por quase uma hora! Eu estava desesperado. - Dizia Zac de olhos marejados. - Você ficou pálida, sua boca ficou arroxeada e eu não conseguia sentir pulsação. - Como assim? Eu pensei.
A enfermeira conversou comigo e fez alguns exames. Que sonha fora aquele? E quem era 5689?
* * *
No dia seguinte, após passar a noite acordada pensando no que houvera no dia anterior, fui para a aula com o corpo cansado e atrasada novamente. A aula passava lentamente mas finalmente o sinal do almoço havia tocado e eu precisava tirar essas perguntas que ecoavam na minha mente.
Havia contado sobre o meu sonho para Zac e ele estava mais confuso quanto eu. - Acho que você deveria esquecer isso. Foi só um pesadelo. Lembra que você mal dorme? Pode ter sido esse o problema. Seu corpo desligou e precisou de descanso. - Ele dizia enquanto mordia um sanduíche. - Não há nada demais nisso.
- Tudo bem, e como explica eu ter praticamente morrido? - Cruzei os braços observando Zac comer.
- Olha, eu exagerei. Eu falei isso apenas por preocupação. Não se preocupe, está tudo bem. - Ele sorriu. - Ou você acha que é um alienígena atrás de você? - Nós rimos e eu me concentrei em minha comida.
* * *
Voltei para casa mas dessa vez sem Zac. Ele havia dito que precisava resolver algumas coisas com o seu pai relacionadas á sua nova estadia aqui em San Francisco. Entrei em casa e minha mãe ainda não havia chegado de seu emprego de meio-período na biblioteca da cidade. Caminhei até o meu quarto, tirei o meu casaco e o pendurei. Algo havia caído do bolso.
- Eu ainda não a devolvi? - Disse quando vi o que era. A pedra da sorte de Zac. Ao cair, a pedra - que estava mais para uma esféra - se separou do pingente. Peguei o mesmo e o guardei mesmo quebrado. Zac ficaria enfurecido.
A coloquei sobre minha escrivaninha e abri o computador. Pesquisei por coisas bobas como próximos capítulos dos seriados que eu assistia, até que decidi ver um episódio. Apaguei todas as luzes dos corredores e do meu quarto, também fechei as janelas e cortinas para ter uma melhor experiência. Ao deixar meu quarto totalmente escuro, a Pedra da Sorte de Zac acendeu iluminando um pequeno raio á a sua volta.
- Que linda. - Murmurei a observando.
Deixei a pedra no mesmo lugar e coloquei o episódio da série para começar. Me encolhi na cadeira em frente a tela do computador e esperei. Alguns minutos se passaram e eu ainda não conseguira iniciar o episódio da série. Apertei o play várias vezes e nada.
- O que tem de errado? - Disse comigo mesma.
Eu tentei fechar a tela mas parece que o computador havia travado. De repente a tela do computador escureceu fazendo um barulho de uma televisão chiando. Meu coração acelerou ao me lembrar do sonho e uma voz modificada aparecera falando em outro idioma. Algo me prendia na cadeira mas eu tentei ser mais forte. Me levantei e corri até o interruptor acendendo a luz. A tela desligou-se. E meu corpo ficou fraco me fazendo sentar no chão.
- Que merda é essa... - Sussurrei levando minhas mãos sobre meus cabelos.
Eu realmente não sabia o que estava acontecendo e para ser sincera, eu não gostaria de saber. Me levantei e acendi todas as luzes possíveis depois me dirigi ao chuveiro. Me despi, entrei no banho e tentei relaxar um pouco. Deixei a água percorrer meu corpo e fechei os olhos. Permaneci assim por alguns minutos, tentando fazer minha mente não trabalhar para que eu não visse aquelas coisas novamente. Era. Assustador. Eu me sentia dentro de um filme de terror. E eu gostaria muito que ele terminasse. Acordei do devaneio com alguns barulhos. Desliguei o chuveiro e hesitei em sair do box.
Algo estava abrindo a porta que eu havia esquecido de trancar. Uma sombra se aproximava, e eu me enrolei na toalha. O box foi aberto e era apenas a minha mãe.
- Filha, oi... Está tudo bem? - Ela disse e eu sorri aliviada.
- Está. Eu só... Fiquei assustada. - Ri fraco e sai do banheiro. Minha mãe me seguiu e se sentou na cama. - Você demorou. - Eu disse enquanto me vestia.
- É... Eu fiz uma hora extra. - Ela disse e suspirou. - Bom, vou fazer algo para o jantar. - Disse e se levantou indo em direção a porta.
Eu terminei de me trocar, decidi ir para a cama e me enrolei no cobertor. Lembrei de todas as cenas e respirei fundo.
- Mãe... - Eu disse antes dela sair do quarto. - Você sabe o que significa 5689? - Perguntei e ela me olhou confusa.
- Ahn... não. O que você quer de jantar? - Ela disse mudando o assunto.
- Mãe. É que... eu tive um pesadelo e uma voz me chamava desse nome. Eu só... - Antes que eu terminasse ela pigarreou me fazendo parar.
- Querida. Eu preciso fazer o jantar... Estou faminta. Depois falamos disso tudo bem? Foi apenas um sonho. - Ela disse e eu apenas assenti. Yara fechou a porta. Me virei para o lado e fitei a parede.
De certa forma, eu poderia estar enlouquecendo mesmo. Ter 17 anos e ter apenas um amigo no meu ciclo social era um problema muito sério. Mas sendo apenas coisa da minha cabeça ou não, eu precisava entender o que era.
Senti meu celular vibrar. (1) Nova Mensagem de "Zachary"
"E aí, fazendo nada assim como eu?"
"Aconteceu hoje denovo."
"Como assim?"
"Zac. O sonho. Eu não sei..."
"Vamos, Evy. É só um sonho. Já falei pra ignorar."
"Dessa vez eu estava acordada."
"Sonhar? Acordada?"
"Eu vi. A televisão e tudo mais. Ao. Vivo."
"Você deve estar vendo coisas."
"É. Deve ser. Apropósito, sua pedra da sorte está comigo."
"Você pode ficar com ela, pra te proteger."
Sorri lendo a mensagem e apenas larguei o celular, apaguei a luz e suspirei, lutando para não pensar em coisas ruins e adormecer logo. Me virei para o lado onde a pedra estava e a observei. A luz do abajur refletia nela fazendo com que ela mostrasse sua transparência. A sua identificação fazia sombra, ficando visível. Porém de cabeça para baixo.
Forcei um pouco as vistas para entender a numeração. - 5... 5688. - Franzi o cenho ao ler a numeração da pedra da sorte de Zac. O número era parecido com o... Bom, isso não importava mais. Eu não queria parecer maluca e antes mesmo de imaginar o que aquilo significava, eu adormeci.

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