Prologue

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Pronto, meus pais me "convenceram" a mudar de escola. Daqui a dois meses eu irei entrar em uma escola totalmente nova, o triplo da minha com o quíntuplo de pessoas. Para uma pessoa sociavel, que faz amigos com facilidade, uma pessoa bonita e por ai vai, conseguem fazer amizades mais rapidamente, já eu, humpf, sonha. Sou magra e tenho uma bunda relativamente pequena e pernas mais finas do quanto "os garotos gostam", braços normais e sem barriga com peitos medianos para grandes, o que me deixa mais gorda do que já me sinto. Minha falta de confiança tem vários efeitos colaterais, como a timidez. Já era de tarde quando acabamos de preencher o papel adiantadamente. O ar não era mais fresco igual ao de manhã, o clima estava mais quente e as pessoas eram mais frequentes na rua, assim como os carros.

- Kimmy, conseguimos! Não acha ótimo você estudar em uma escola maior, com novos amigos, com professores melhores! - diz Malorie, minha mãe, empolgada.

- Sim. Vai ser ótimo, assim entrarei em uma faculdade boa. - minto. Não há vontade alguma de uma coisa dessas, na escola... Antiga escola tinha Tom, meu melhor e único amigo. Já estava familiarizada com as pesoas e o local, lanchava com Tom na cobertura do prédio de música, onde ele pratica violão. Ninguém ia lá, era o nosso canto. O canto de Tom que abria exceções para mim, a plateia dele. Uma vez sua ex-namorada Jocelyn achava que Tom traia ela por não deixá-la subir ao local, algo infantil porém importante para nós. O último andar do prédio não era muito frequentado e a escada para a cobertura é escondida. Tom conhecia meu esconderijo também. Ele era um local abandonado do parque, um acidente aconteceu á uns anos e decidiram não coloca-la ativa de novo. Os funcionários não vigiam nem cuidam da área, então acabeime apropriando dela e cuidando-a. Tem uma grande rocha, onde eu e Tom desenhamos e a usamos de apoio para formar uma cabana. A "Tenda Secreta" . É uma tenda grande formada por lençóis azul-bebê e varetas que a sustentam. No chão, um tapete feito de tapetes de doação. Tem também luzes amarelas de natal que iluminam o local quando está de noite, câmera fotográfica, panos sujos de tinta, telas, desenhos e materiais para tal também preenchen o lugar junto de uma cama de casal da mão de Tom, almofadas e travesseiros do porteiro Fred que ia doar e um cobertor azul. Quando Jonathan, o porteiro descobriu o lugar enquanto estávamos dormindo pois era novo, quase nos colocou para fora,porém conversamos com ele e a única coisa que ele falou foi: "Finjam que nunca estive aqui, vou ficar a noite no parque então não estranhem se passar. Agora se encontrar cigarros, bebidas alcóolicas, camisinhas ou festa aqui, esqueçam esse lugar."

- Kimmy? Nem ouviu, depois quer ficar fazendo birra...

- Eu não fiz nenhuma birra. - digo friamente saindo de meus devaneios.

- Aonde você foi com essa cabeçinha que você não responde a gente?

- Lugar nenhum - respondo asperamente de novo.

- Ok... - diz minha mãe aparentemente tendo uma derrota interna com seu orgulho.


Quando chego em casa, vou direto ao meu quarto. Minha mãe foi ver minha avó e meu pai, não disse nada. Estou sozinha. De novo. Meus pais, Robert e Malorie, me obrigaram a mudar de escola. Sempre falei que tinha muitos amigos, conversava com todo mundo e eles fingem que acreditam. Acharam que me mudar para uma escola maior seria mais fácil de fazer amigos, ela sempre conversava com todo mundo, minha mãe já foi Miss da escola. Suas notas eram medianas e seus pais, satisfeitos com seu desempenho, deixavam fazer o que quisesse como recompensa. Fazer amigos não é o meu forte como já falei, mais minhas notas são excelentes e os proessores gostam de mim. Ganhei vários trabalhos em primeiro lugar e já representei o colégio em olimpíadas de literatura, matemática e várias coisas. Além de tirar fotos e desenhar, as únicas coisa que envolve esporte que eu sei fazer é skate, patins roller e bicicleta, que foi Tom que me ensinou. As vezes no parque eu vou de skate e Tom de bicicletas, nós dois fazendo manobras, caindo, rindo, cantando, conversando.... E é em momentos como esse que sinto como se existissem só nos dois e o infinito. Como se tudo fizesse sentido, sem preocupações, só nós e o infinito, a vontade de se sentir inteiro, preenchido nesse mundo injusto e violento onde só querer não é o suficiente, nem vencer é mais o suficiente. Tom mora á uma casa da minha, então decido ir até lá. coloco uma calça jeans preta com rasgo em um joelho , uma bota pequena preta também e uma camiseta 3/4 brancas longa. Sei que Tom esá em casa, é sábado e ele fica assistindo TV o dia inteiro se não o interromper. Bato na porta e espero.

- Oh... Kimberly Matthews Jules... A que devo a honra? - ele diz me convidando formalmente para entrar. Estava assistindo série. Breaking Bad.

- Meu caro e jovem Tomphson Wallhings Gray, esqueci a metanfetamina, o skate e... Você! - digo apontando para ele.

- Parque? - ele pergunta com um sorriso bobo.

- Pega a bicicleta. - digo sorrindo também. Vamos até a garagem e pegamos ambos, ele sai na frente empinando a bicicleta. Saio logo atrás dele.

- Ainda aí, baixinha? - ele perguta debochando.

- São cinco centímetros! - digo lamentosa e implicantemente.

- Dez!

- Sete! Acabou!

- Ok, ok. Ainda atrás? - ele pergunta.

- Não mais! Hahaha! - digo passando ele com o skate.

- Kimmy ultrapaça Tom, porém temos certeza que chegará antes dando uma reviravolta na garota do skate! - diz Tom, com voz de locutor.

- Ah, eu não acho não!

- Pois deveria achar! - ele me pasou e começamos a rir. Chegando ao parque, resolvemos dar uma volta e ir até a tenda. Somos amigos desde infância, quando eu mudei para o bairro e Tom era a única criança com a mesma idade, e queria conversar com alguém. Primeiramente não nos gostamos pelo fato de ele ser garoto e ele de eu ser garota, mas nossas mães se tornaram amigas então a amizade foi quase inevitável. Coincidentemente éramos da mesma escola e continuávamos a ser até minha mãe bater a cabeça e resolver me mudar. Tom só teve uma namorada, Jocelyn, porém muitas garotas mandavam cartas para ele. As mesmas não gostavam de mim. As vezes, falavam que íamos casar, ter filhos e morrermos juntos pois a nossa relação era perfeita, mas eu enxergo Tom como um irmão. Nunca tentamos nada e ele diz que é a favor de não tentar, porque não quer estragar a amizade e já disse que era a irmã dele. Somos dois adolescentes tirados de um filme clichê, onde não vamos á festas e nos divertimos quando estamos juntos. Porém a vida é clichê, só não é um filme. E não vamos dar uma de "os antisociais que deram a volta e vão namorar o garoto mais lindo da escola". Vamos dar uma de nós mesmos que não liga pros outros, que vão sair corendo com roupas estranhas gritando, e mandando todo mundo se fuder. Vamos dar uma de que não precisamos de festas para nos divertir, porque somos a nossa própria diversão. Vamos andar de mãos dadas e dormir na mesma cama sem sermos namorados e quando alguém perguntar, falarmos que somos transsexuais gays. Vamos sair de carro com o volume da rádio no máximo. Vamos pichar túneis a noite. E depois vamos assistir séries no Netflix.

Minha vida não tem roteiro para eu segui-lo, mas eu tenho minhas perspectivas para poder me motivar.


WoodsOnde histórias criam vida. Descubra agora