Enterro

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Hoje é o dia, dia em que verei meu irmão pela última vez, dia em que serão enterrados todos os sonhos que um dia ele ousou a ter, eu só quero voltar no tempo, e proibi-lo de sair de casa naquele dia, ou pelo menos dar um último abraço nele

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Hoje é o dia, dia em que verei meu irmão pela última vez, dia em que serão enterrados todos os sonhos que um dia ele ousou a ter, eu só quero voltar no tempo, e proibi-lo de sair de casa naquele dia, ou pelo menos dar um último abraço nele.

Dois dias já se passaram desde a sua morte, e o luto já me assombra de diferentes maneiras, estou tendo pesadelos, sempre que saio na rua sinto que estão me seguindo, ou quando atravesso a rua sempre vejo um caminhão vindo em minha direção, pra mim parece ser tão real, mas sempre que olho novamente não vejo nada. Não sei se é efeito das drogas, que estou usando mais que o normal, ou se eu estou ficando louca.

Termino de me vestir, estou toda de preto, e ainda coloquei um grande chapéu que cobre meu rosto, para ninguém reparar em meus olhos inchados, não passo nem maquiagem, não tenho disposição o suficiente, na verdade estou sem disposição para fazer nada.

Minha mãe entra pelo meu quarto, ela percebe que lágrimas estão escorrendo novamente e vem me abraçar.

- shh, filha, nós passaremos por isso, juntos, eu, você e seu pai, por mais que maior parte do tempo incompleta, e agora sem um pedaço de nós para sempre... - ela começou com palavras motivadoras, mas agora também caiu no choro. Ela se afasta de mim a começa a sussurrar para si mesma "Lorraine, você consegue, já passou por isso antes, mas agora você tem que dar suporte para sua filha" como assim ela já passou por isso antes?

- Mãe, já passou por isso antes? - pergunto secando as lágrimas do meu rosto.

- filha, tenho uma coisa para te contar, lembra quando eu cheguei aqui, e você brigou comigo, e eu disse que você tinha um novo irmão? - ela perguntou e eu assenti, sou tão egoísta, que quando minha mãe voltou, fiquei pensando em ter ela só pra mim, nem liguei pra esse tal irmão, mas agora que o Chris se foi, vai ser bom conhecê-lo - Ele faleceu um ano antes de eu vir pra cá, ele tinha 6 anos, e teve uma doença terminal - ela diz e escorre mais lágrimas pelo seu rosto, e o mesmo acontece comigo, acabei de perder dois irmãos, um sem nem ter conhecido ele.

Minha mãe e eu ficamos abraçadas chorando por mais alguns minutos, até meu pai nos chamar para irmos ao enterro.

No caminho, não consegui nem ouvir música, nada consegue melhorar meu dia, ou minha vida, só queria ter ficado na cama o dia inteiro e nunca mais ter que sair de lá.

Quando chegamos no lugar do enterro, já estão quase todos meus familiares lá. Não cumprimento nenhum e vou sentar na cadeira mais distante, pego meu celular e finjo que estou mexendo pra ninguém vir falar comigo.

Me pediram pra falar algumas palavras para meu irmão antes de ele ser enterrado, mas quando cheguei lá na frente eu paralisei, vi seu rosto tão tranquilo, mas tão pálido, aquele não é o Chris que eu conheci, e não quero me lembrar dele desse jeito, penso em todos nossos momentos felizes juntos, a maioria era cheio de risadas, me lembro daquela vez quando eu tinha 10 anos, e estávamos no Texas, fomos em uma sorveteria perto da casa da nossa vó, e santo panda, como estava calor, e o idiota do Chris pediu uma casquinha de sorvete e jogou na testa dele e saiu correndo e gritando " Eu sou um unicórnio!". Me permiti até sorrir com essa lembrança.

Quando estava quase falando minhas palavras fúnebres, vejo o Hayes, entrando, ainda não estou quebrada em pedacinhos pela briga que tivemos.

Não consigo dizer mais nenhuma palavra, saio correndo sem rumo pelas ruas, e de novo a sensação de que alguém está me seguindo me acompanha.

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Oii, sei que o capítulo tá meio bosta, mas foi necessário, vou tentar postar o próximo mais rápido para compensar.

Don't let me down - Hayes GrierWhere stories live. Discover now