† 6º Capítulo †

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Ficámos a observarmo-nos durante uns instantes. Aqueles olhos verdes como esmeralda contrastavam com os meus olhos castanhos escuros com o carvão. Não consegui prenunciar uma única palavra. Parece que estávamos a dialogar por olhares. Agora percebo o significado do ditado “um olhar vale mais do que 1000 palavras”. Todas as conversas e discussões pareciam insignificantes com aquela telepatia que pairava no ar. Ouvi o som do elevador e as portas do mesmo abriram-se. Descruzamos os olhares e entrei no elevador. Quando as portas se estavam a fechar, Harry coloca a mãos entre as mesmas e elas voltam a abrir. Veio até mim e depositou-me um beijo ternurento na bochecha e sussurrou um “obrigado” e saiu deixando-me ali, confusa.

Tive a sorte de ninguém mais entrar no elevador e logo que cheguei ao rés-do-chão, corri dali para fora. Um táxi parou á minha frente e eu aproveitei e entrei na viatura.

Estava completamente baralhada. Como é que um ser humano era tão estupido num minuto e no outro já era tão amável? Eu achei que isso não era muito normal, a não ser que seja bipolar ou assim… Mas a culpa não era só dele, eu também o pressionei demais, só que a minha curiosidade falou mais alto e depois de lhe perguntar qualquer coisa arrependia-me, pois já sabia que a sua resposta não ia de encontro às minhas expectativas. Enfim, a única coisa que me surpreendeu foi a minha reacção ao ele ter referido a babysitter. Porque é que eu me comportei daquela maneira? Eu nunca tive este tipo de reacção com ninguém, nem mesmo quando o meu pai não dava o que eu queria, mas dava á Charlotte. Será que eu senti…sei lá…ciúmes? Não, não, duvido, é um nome muito forte para a situação.

Rapidamente cheguei a minha casa, ou melhor dizendo, mansão. Quando coloquei os meus pés no calçada olhei para o lado e vi Margaret a caminhar com o saco das compras nas mãos e fui na sua direcção. Retirei-lhe dois sacos para ela não carregar com tanto peso e continuámos a caminhar.

- Muito obrigada menina Allie. A senhora Marie (minha mãe) perguntou por você. Ela ficou preocupada porque saiu de casa de repente e não atendeu as chamadas.

- Tinha o telemóvel no silêncio. E onde está ela agora?

- Pois era por isso que ela não parava de lhe tentar contactar. – disse enquanto entrava em casa – é que a senhora teve de apanhar um avião para a Irlanda para resolver um problema dum hotel de lá, já que o senhor Joseph (meu pai) não pôde ir. Ela deixou-me o recado. A senhora também disse que se quiser pode ir ter com ela.

- Obrigada Margaret, eu vou para o meu quarto.

- Menina quer que  eu lhe prepare um lanche?

- Não, não é preciso.

Subi as escadas e assim que vi o meu quarto, mais propriamente a minha cama, parece que vi o paraiso. Atirei-me para cima do colchão da cama a pensar se devia ir ou não para a Irlanda uns dias, para colocar as minhas ideias no sitio.

# POV Harry #

- Deseja mais alguma coisa senhor?

- Sim gostaria de falar com a menina Allie Bradshaw.

- É para já. Vou transferir a chamada para o telefone da suite, com licença. – afirmou um dos empregados, deixando-me sozinho. Minutos depois vi a luzinha no lugar de CHAMADA TRANSFERIDA e peguei no auscultador do aparelho.

- Estou Allie?
- Sim Harry?

- Liguei-te só para te agradecer. Se eu neste preciso momento estivesse me casa…nem sei.

- Vá, não penses nisso, estás a salvo aí. E já agora não é preciso agradeceres. Fiz isto para um amigo, quer dizer acho que já somos amigos…

- Pois, eu também acho. Amanhã vens cá visitar-me?

- Claro, tenho de cuidar do meu paciente. – riu-se do outro lado da linha.

- Não te preocupes, a babysitter toma conta de mim. – afirmei com o intuito de a chatear.

- Então fica lá com a babysitter que eu fico com o meu namorado!

- Namorado? – perguntei surpreso.

- Sim, porquê?

- Por nada, nunca mencionaste nada sobre isso…

- Se formos por ai tenho mais queixas do que tu!

- Bem, a conversa está a levar outro rumo e hoje estou esgotado. Até amanhã Allie.

- Até amanhã Harry. – desligou a chamada.

Namorado? Mas que raio vem a ser isto? Como é que eu nunca suspeitei que ela tivesse um namorado? Não sou o único homem com olhos na cara. Tinha de admitir, ela é linda, principalmente quando sorria. Aquela gargalhada inconfundível… Tudo nela era perfeito, mas levei um pouco de tempo para perceber isso.

Achei que falar-lhe mal iria afastá-la porque naquela altura não queria ver ninguém. A partir daquela noite, tudo mudou. As minhas atitudes, não só em relação a ela, mas a também a mim próprio. Se o meu irmão me batesse eu iria cortar-me já que não conseguia defender-me. No dia em que a Allie dormir lá, eu finalmente tive coragem para fazer aquilo que queria: retribuir-lhe a “gentileza” da mesma forma. Nunca me auto-mutilei nos braços porque ia ver os meus pais algumas vezes e se a minha mãe visse iria haver uma enorme discussão.

- Posso senhor? – perguntou o empregado e eu assenti com a cabeça – aqui tem o seu jantar. Bom apetite. – saiu rapidamente do quarto e eu ataquei de imediato a refeição. Não comia algo com tanta qualidade há algum tempo.

Depois de estar satisfeito fui á varanda e fiquei a observar as estrelas e naquele momento apercebi-me que a Allie era como uma estrela que caiu do céu para me resgatar da minha própria vida. O esforço dela vai ser em vão, pois tenho razões muito fortes para ser tão reservado com ela. Eu gostaria de lhe pedir ajuda abertamente, mas há algo que não o permite. Por mais que ela me queira salvar irá sempre haver uma parte de mim que não vai ser resgatada e essa parte é o coração. Aquele órgão que nos bombeia o sangue e era aquele me trouxe tantos desgostos e desilusões. Ia ter de viver com isso, ou melhor, sobreviver com aquilo que me foi destinado.

† Choice (Harry Styles Fanfiction) † (SLOW UPDATES)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora