— Talvez... — Eu mordi o meu lábio inferior e encolhi o meu corpo ao ver que ela não havia ficado contente com o meu comentário.
— E escrever um livro sobre a minha vida fez você se encontrar na literatura?! — Ela franziu o cenho e falou com a boca semicerrada.
— Não é um livro sobre você. — Me defendi. — É um livro sobre a minha vida, e é claro que eu tinha que citar você, já que você faz parte dela. Mas acima de tudo esse é um livro sobre perdas, sobre mim. Se você tivesse lido o livro, não falaria uma coisa dessas!
As minhas palavras suaram rudes. Alison cruzou os braços e me fuzilou como nos velhos tempos.
— Me desculpa — pedi. — É que eu amo escrever e quando falam mal do meu trabalho eu me sinto ofendido, é como se você estivesse insultando a minha filha. Um livro é como um filho para um escritor, a gente vê quando ele nasce, acompanha a sua fase de desenvolvimento e o seu crescimento, felizmente um autor nunca vê o seu livro morrer, pois livros são imortais.
Alison engoliu em seco e balançou a cabeça como se estivesse se desculpando.
— Eu que peço desculpas — ela falou. — Eu não li o seu livro, ainda não tive tempo, mas prometo que vou ler.
— Você ainda vai me processar? — Pisquei para ela. Eu sabia que Alison era esquentadinha, mas mesmo assim eu adorava lhe provocar.
— Não sei. — Ela sorriu maliciosamente e apoiou os dois cotovelos na mesa não se importando assim com a etiqueta.
— Você quer escrever sobre o quê? — indaguei um pouco confuso com a minha pergunta.
— Como? — Ela arqueou as sobrancelhas e contorceu o rosto.
— Que tipo de música você gosta? Que tipo de mensagem que você quer passar para as pessoas? São perguntas bobas, mas que podem te ajudar a compor uma música. Escreva sobre você, sobre algo que você já viveu ou ainda vive.
Alison me encarou com olhos arregalados e com uma expressão curiosa.
— Eu não sei escrever, Jace...
— Qualquer um pode escrever — a interrompi. — E eu sei que você pode escrever uma música que ajude outras pessoas, além disso, você é Alison Reak! Você é campeã nacional de soletração!
Alison riu alto e colocou a mão na boca tapando assim o som gostoso que a risada dela fazia.
— Você ainda se lembra disso? — ela perguntou tentando não rir.
— Eu me lembro de tudo que é relacionado a você — falei a mais pura verdade. Eu guardei durante todos esses anos cada pedaço de memória relacionado a ela. Cada sorriso, cada fragmento do seu perfume, cada pedacinho da sua risada, do som agudo da sua voz, no fim de tudo eu havia montado o quebra cabeça que era Alison Reak.
Alison me olhou e deu um suspiro e sorriu amavelmente. O garçom se aproximou com as taças cheias de água e eu não conseguia mais parar de olhá-la.
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Eu devorei o meu Parmentier de canard em pouco tempo, eu adorava comida francesa e adorava ainda mais poder saborear uma comida daquelas com uma mulher linda na minha frente e um bom vinho que eu havia pedido depois. Contudo, Alison não tocou no seu prato, um delicioso canard à l'orange ela nem sequer olhava para a comida e ficou o tempo todo olhando para a minha taça de vinho.
— Você está bem? — perguntei. — Não gostou da comida?
Alison fechou o punho com força, e respirou com dificuldade.
— Pimentinha, você está me preocupando.
— Está tudo bem. — Ela colocou os dois braços embaixo da mesa e sorriu nervosamente enquanto bebia toda a água.
— Você quer mais água? Eu posso chamar o garçom... — indaguei ao ver que ela esvaziou toda a taça.
Alison balançou a cabeça positivamente e eu acenei para o garçom e pedi mais água. Algo estava errado com ela, Alison olhava com nojo para a comida e seus olhos estavam vermelhos e molhados.
Ela bebeu toda a água novamente e eu perguntei preocupado:
— Alison, o que está acontecendo? — indaguei inclinando o meu corpo para perto dela.
— Posso? — Ela apontou para a minha taça de vinho e a pegou. Alison bebeu todo o vinho da taça e eu vi quando as mãos delas tremiam de nervoso.
— Alison, coma um pouco — pedi a ela amenizando o tom da minha voz.
— Será que você pode pedir mais vinho? — ela perguntou com os olhos brilhando como se fosse uma criança pedindo doce antes do jantar.
— Não — falei com medo de que ela estivesse tão envolvida com a bebida a ponto de ela lhe causar abstinência.
— Por favor. — Ela implorou juntando as duas mãos em um tipo de suplica, as mãos dela tremiam enquanto o seu rosto se desmanchava em desespero.
— Não — fui duro com ela. — Você tem que comer.
Alison olhou para a comida e chorou. Ela chorou como uma criança, ela estava em pânico e respirava com esforço. Alison bagunçou os seus cabelos curtos com dedos grudados neles, ela estava fora de si.
— Alison... — Eu estava assustado com aquela cena. Eu sabia que ela tinha problemas, mas nunca pensei que um dia eu fosse ver de fato.
— Eu não consigo comer, Jace — ela por fim falou. — Eu estou gorda!
Alison chorou e fungou alto.
— Não está não, você está linda! Você sempre foi linda! — falei para ela.
— Eu não consigo comer... Eu não consigo.
Ela chorou e eu levantei e caminhei até ela como se o meu coração tivesse tão partido quanto o dela.
— Há quanto tempo você não come? — perguntei com o seu rosto no meio das minhas mãos.
As lágrimas rolavam no rosto dela e ela fungava baixinho tentando se controlar.
— A última vez que eu comi foi no seu apartamento de manhã — falou sem jeito.
— Você comeu somente aquelas torradas?
Ela assentiu envergonhada e triste.
— Eu quero ir embora — ela falou encarando o chão e o lado de dentro do restaurante, mesmo estando afastados das pessoas, elas ainda conseguiam nos enxergar.
— Tudo bem — eu concordei. — Eu te ajudo.
Ela apoiou o seu corpo nos meus braços, Alison estava zonza porque não havia comido nada. Eu percebi que ela substituía a comida pelo álcool, aquilo era triste.
— Você está bem? — perguntei enquanto as minhas mãos estavam presas na sua cintura e o seu braço envolta do meu pescoço.
Alison não respondeu ela fechou os olhos e gemeu de forma abafada e depois desmaiou nos meus braços. "O que você está fazendo, Alison? O que você está fazendo com o seu corpo?" pensei preocupado com ela.
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A GAROTA QUE VOCÊ NÃO QUIS
RomanceO amor que Jace Connor sente por Alison Reak é tão grande que ele escreveu um livro sobre ela: A Garota Que Eu Nunca Vou Ter. Desde a adolescência, Jace têm uma paixão intensa pela desajeitada Alison. Ele sempre foi muito bonito e popular, ela, poré...
Capítulo 37- #VEDANOWATTPAD20
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