— Oi, Lana. Cheguei para assumir o posto.
Alana e Silvia concordaram que seria uma política de Segurança Pública razoável elas se revezarem para tomar conta de Brenda pelos próximos dias, pelo menos até que ela fizesse a prova de recuperação, tirasse nota para passar de ano e as coisas se acalmassem. Hoje a escala era: Alana vigiaria Brenda até a hora do treino, e Silvia, durante o treino até o outro dia de manhã.
- Oi. - cumprimentou, tirando o fone dos ouvidos – Estava ouvindo sua playlist. Ficou muito boa. - Alana olhou para o relógio e viu que tinha alguns minutos ainda, antes que seus pais viessem lhe buscar – Pode ir passar um tempo com Ana se quiser, meus pais vão vir me pegar daqui a pouco e vamos jantar depois.
O rosto de Silvia se iluminou. Era impressionante o que a perspectiva de passar minutos que sejam ao lado de Ana Júlia era capaz de fazer com seu humor. A austera e indiferente Silvia Rosa de repente se transformava em um ente de brilho-nos-olhos e sorrisos fáceis, energia pela qual era difícil não se contagiar. Até Alana sorriu junto: levara um tempo para entender por que diabos Silvia se interessaria por uma garota, mas depois de algum tempo era evidente para ela. Não era o fato de ser uma garota; era como Ana fazia Silvia se sentir.
A garota percorreu a quadra de esportes com os olhos procurando pela namorada, e deu de cara com uma Brenda frenética, realizando aproximadamente dez abdominais por segundo isolada num canto.
- Há quanto tempo ela está assim? - Silvia perguntou, preocupada.
- Meia hora. - Alana mordeu o lábio, compartilhando do nervosismo da amiga.
- Como ela está?
- No limite.
- Eu posso ouvir vocês! - gritou Brenda, erguendo-se do chão e caminhando assustadoramente na direção das amigas. Alana rapidamente tirou da mochila de Brenda uma toalha e uma garrafa d'água e estendeu para a amiga – Eu estou bem. Não preciso de babás.
- Ah, por favor. - fez Silvia, sentando-se ao lado de Alana no banco – Eu sei onde fica seu isqueiro, Brenda. No bolso da frente da sua mochila. E você fica olhando para ele a cada três segundos.
- E provavelmente só não tacou fogo em nada ainda porque não consegue decidir quem merece queimar primeiro. - acrescentou Alana, e Silvia estendeu a mão para um cumprimento com as mãos.
- E nós vamos te vigiar a cada hora do dia, para ter certeza de que você não vai fazer nenhuma besteira e se ferrar mais do que já está ferrada.
Brenda revirou os olhos e refez o rabo de cavalo. Em seguida, voltou a alongar-se para o treino. Após algum tempo, outras atletas se aproximavam e nenhuma delas esboçava a cautela necessária para se estar perto de Brenda, o que levou as meninas a concluírem que ninguém sabia de sua nota em Literatura ainda. Nem mesmo Ana parecia saber o que se passava, mas talvez Silvia a tivesse alertado sobre o perigo eminente de tocar no assunto com Brenda.
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Não Confie Nas Boas Meninas
Teen FictionAlana David e suas melhores amigas, Brenda e Silvia, são o tipo de garotas que nunca se metem em problemas. Sempre chegavam em casa antes das dez, não fumavam cigarros e não se metiam com os garotos da escola pública. Eram conhecidas no Colégio Sant...