45: bom dia, alana

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- Merda

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- Merda. – ela repetiu para si mesma, dessa vez em voz alta. Sua primeira reação foi recolher a camiseta de Tomás do chão e enfiá-la pelo pescoço, puxando de qualquer jeito os shorts por cima. Só Deus sabe onde vão parar as peças de roupas das garotas quando são pegas no flagra discutindo seminuas sobre sua capacidade de perdoar seus não-namorados traficantes.

A campainha soou, uma confirmação de que Alana estava vivendo seu pior pesadelo.

Deixou Tomás com um olhar de não-se-mova, e ele devolveu-lhe um olhar apavorado. Decerto, ele que não conhecia o prenúncio da chegada de Thales por conta do gato, devia estar tecendo milhões de explicações intelectivas para o que ele estaria fazendo no quarto de uma aluna menor de idade quando seus pais não estavam em casa, caso fosse pego no flagra.

Ah, o flagrante... nada como a perspectiva de ser descoberto para que alguém avalie e aceitabilidade de seus atos questionáveis.

Tomás não era bom de mentiras de última hora, e Alana menos ainda.

Precedendo qualquer "olá" ou "boa noite", os olhos de Thales analisaram atentamente a Alana que lhe abria a porta da frente retraída, como se o movimento lhe causasse dor física. Suas sobrancelhas se erguiam na medida em que a compreensão chegava.

- Isso é uma camiseta de um cara? – a voz aveludada de moleque recém-saído da puberdade questionou, e Thales tocou a manga da camiseta que ela vestia com as pontas dos dedos, como se temesse que pudesse ser contaminado pela impureza de um ato tão imprevisto, vindo de uma Boa Menina.

- Não. – mentiu Alana, automática e parcamente, desejando ter um controle remoto para abaixar o volume dos ruídos atônitos de Thales Velten, receosa de que Tomás os escutasse.

- É sim. É duas vezes o seu tamanho.

- Thales...

O rosto do garoto se iluminou antes que Alana pudesse elaborar uma lorota que provavelmente não seria nem remotamente persuasiva.

- Espere um m-minuto. – ele gaguejou, como se não acreditasse nas palavras que saíam da sua boca – Seus pais não estão em casa hoje.

Alana só pôde sustentar o olhar de Thales, petrificada demais para conseguir emitir uma sílaba. Pela segunda vez naquela noite, ela não conseguia xingar o suficientemente a própria idiotice. Fora ela própria quem dissera a Thales que os pais não estavam em casa, e que seria um bom momento para devolver Sombra. Como pudera esquecer?

Aos xingos contra si própria, praguejou contra Tomás que, em pleno Século Vinte e Um, decidira que aquele era um bom dia para não mandar uma mensagem avisando que estava a caminho.

- Você está com um cara em casa. – Thales repetiu, ainda incrédulo. À descrença sucedeu o ciúme, e seu rosto bonito se coloriu de um feio tom de verde. Os sentimentos de Thales por Alana estavam longe de ser o que pessoas normais chamariam de discretos, mas ainda a espantava quando ficavam tão transparentes a ponto de que nem a sonseira de Alana pudesse negar.

Não Confie Nas Boas MeninasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora