Run Away {l.s}

Which One?

Sexta feira, 26 de setembro

►Harry

O dia seguinte amanheceu nublado e frio.

Eu havia conseguido atravessar os portões do antigo hospital psiquiátrico antes dos fogos serem estourados, mas justamente por isso cheguei lá bem cansado. Eu ainda não era bom em correr longas distâncias com muita velocidade, precisava melhorar isso. Conseguia fazer dois quilômetros em dez minutos, mas ficava acabado depois.

Mas não importava. Eu estava bem, não havia tido contato, de fato, com nenhum walker no caminho e todos que foram mandados para a missão dos fogos voltaram sãos e salvos. Foi um dia sem baixas. Um dia sem que ninguém fosse enterrado.

O Hospital Psiquiátrico Trans-Allegheny havia sido construído em 1881 e funcionado até 1994, pelo que diziam os registros que havíamos encontrado lá dentro. Eu não havia participado da tomada do lugar, mas me disseram que mesmo estando em um grupo de quarenta e sete pessoas, na época, tiveram muitas baixas para conseguir matar todos os walkers lá de dentro. O hospital fora construído para abrigar 250 pacientes, então era uma infinidade de corredores, quartos, consultórios, solitárias e tudo o mais que se pode imaginar. Até que ele fosse considerado 100% seguro, o grupo demorou seis meses.

Reforçaram as janelas do primeiro andar, colocaram panos, jornais e cortinas em todas as outras para que a luz de dentro não chamasse atenção dos mortos lá fora; cercaram as áreas dos jardins de inverno, reforçaram todas as portas, principalmente a principal, que era enorme, e fizeram acessos ao telhado para servir de base dos Snipers. Era uma fortaleza de pedra do século XIX.

Passei pelo refeitório, pegando um pedaço de pão e uma maçã para ir comendo enquanto andava pelos corredores até um dos escritórios. Tínhamos reunião naquela manhã e eu teria que mentir um pouco.

—Finalmente chegou, Harry. — Nick, o líder do grupo, falou.

Ainda era jovem, tinha acabado de completar trinta anos, mas fora um dos seguranças da família do Presidente na época em que o mundo era mundo. Fez parte do Serviço Secreto de Proteção e era um líder nato, além de uma cabeça fria no meio de um furacão de emoções. Infelizmente, o próprio Presidente não estava mais entre os vivos, mas sua esposa e sua filha ainda estavam conosco, mesmo que não tivessem mais nenhum privilégio. Eram sobreviventes como quaisquer outros.

E Nicholas Grimshaw não estava ali para proteger exclusivamente às duas.

— Desculpe. Enrosquei na enfermaria. — Avisei, dando uma mordida na maça. Eu sempre ajudava na enfermaria quando podia. — E então, o que aconteceu?

Na sala, haviam mais nove pessoas além de mim e de Nick. Cada uma delas coordenava um grupo específico de outros indivíduos, divididos por funções: cozinheiros, educadores, limpeza, logística, saqueadores, segurança, plantil, construtores, arsenal, enfermaria e snipers.

A maior parte dos nomes era auto-explicativo, mas os educadores cuidavam das crianças e de sua educação, os saqueadores iam em busca de mantimentos, o arsenal cuidava das armas de todos os membros do grupo e a logística contabilizava tudo que tínhamos e não tínhamos.

Eu era o responsável pelos snipers.

Havia sido nomeado responsável por Nick, depois de ter provado que era o melhor atirador e o mais controlado para tomar decisões e organizar o grupo de mais doze pessoas. Até mesmo as crianças trabalhavam, nem que fosse em serviços pequenos, como ajudar a lavar os pratos. Eram 14 delas, distribuídas entre as 11 responsabilidades. E tínhamos mais uma a caminho, porque havia uma mulher grávida de sete meses.