Chegaram ao abrigo onde alguns voluntários recolhiam as doações. Uma casa grande e de onde podia se ouvir crianças brincando no interior.
Teo observou ao redor, existiam alguns restaurantes por perto, alguns fechados já que as pessoas passavam o dia em jejum e outros abertos, porém com lonas que escondiam o interior em respeito aqueles não poderiam comer até que o fim da tarde chegasse.
— Vocês fazem isso todo o ano, no Ramadã?
— Não só no Ramadã, mas varias vezes ao ano. Na páscoa Cristã, no Natal e em vários outros períodos do ano.
— Isso é muito bom.
— É pouco, mas é de coração.
Teo assentiu e viu algumas crianças brincando do outro lado do muro assim que passou pela portaria, elas pararam para ver os homens que entravam com grandes caixas. Algumas sorriam e tentavam se aproximar, outras de longe pareciam temer.
— Gunaydin! — disse Mustafá a um grupo próximo a ele.
— Gunaydin! — respondeu um garoto timidamente. Outro não tão tímido aproximou-se dele e segurou uma de suas mãos o guiando para um lugar a sombra. Mustafá, apoiando-se em sua bengala, não dispensando a ajuda e agradeceu passando as mãos os cabelos do garoto que sorriu feliz com a atenção.
— São refugiados da Síria. — Explicou Ozan a ele que observava tudo do lado oposto.
— Imaginei.
— Crianças não deveriam passar por essas coisas, sair de suas casas, atravessarem o mar, presenciar mortes e destruição.
— Não, não deveriam, mas os egos dos homens são muito maiores do que suas consciências. Um dia Ozan, todos nós pagaremos muito caro por tudo isso. Guerra não é um problema de um e sim de todos, mas ainda preferimos nos esconder e fingir que o problema não é nosso. Enquanto muitos sofrem nós estamos bebendo e comendo no conforto de nossas casas. Se estamos seguros nada mais importa.
— Como você mesmo disse: "os egos dos homens são muito maiores do que suas consciências" — disse Murat passando por trás deles e se posicionando ao lado de Teo.
De olhar firme Murat o encarava e ele percebeu que o patriarca havia direcionado sua própria frase contra ele.
— Mas é sempre tempo de controlar o ego e repensar os atos. Nem tudo está perdido, Murat.
— Eu não estou convencido disso. — disse seguro. — Vamos, ainda temos outros abrigos para visitar.
Teo e Ozan se olharam.
— Ele é sempre assim?
Ozan riu.
— Sempre! — respondeu — Mas não o julgue, Murat é um bom homem, na verdade o melhor que eu conheço é só uma questão de tempo, continue assim e quem sabe até a noite ele baixa a guarda. Pelo menos ele lhe dirigiu a palavra e olhou para você.
— Com desprezo.
— Mas olhou, isso significa que está tentando ver algo em você.
Ozan pôs a mão no ombro dele e o guiou para fora.
☵☵☵ ✤ Δmor na Capadócia ✤ ☵☵☵
Voltaram a casa que estava silenciosa.
— Durante o Ramadã nossa família também preserva o silêncio. Conversamos, claro, mas evitamos assuntos que não tragam algo importante.
![](https://img.wattpad.com/cover/51106071-288-k708630.jpg)
YOU ARE READING
Amor na Capadócia - AMAZON
RomanceAPENAS CAPÍTULOS DE DEGUSTAÇÃO ✤ Sinopse: O Capitão Teo Karadeniz passou todo o ano viajando pelos quarteis da Turquia, almejava encontrar a mulher que havia lhe dado esperanças de uma nova vida. Derya Erdogan era a sua promessa de redenção, com se...
Capítulo 13
Start from the beginning