O começo

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- Aaahh!!! - Ele gritou desesperadamente. Ela apenas me olhou com olhar malicioso, acertou apenas sua perna direita.
- Dói né? - Ela disse. E acertou a perna esquerda.
- Aaargh! Para Lívia por.. favor.
- Isso, é pra ti aprender a não mexer com o que é meu! - Ela fazia os movimentos repetidamente e o mutilava nas duas pernas, e o Peter gritava de dor. Eu nada podia fazer.
- Ele tá sangrando muito, já chegaa!!
- Paaah. Larga o meu filho maldita! - Era dona Mirna, com um facão.
- Sua velha intrometida!!! - Não sei de onde ela arranjou aquele revólver, o pegou e atirou bem na barriga de dona Mirna.
- Nãaao! Mãe. - Peter tentou levantar, mas estava machucado demais. Então eu consegui levantar e me joguei em cima dela.
- Amora! Para. Somos amigas.
- Não somos mais.
- Siimm! Somos. - Ela me empurrou e levantou. E começou a me chutar e falava
- Somos sim, somos sim, somos sim!!! - Ela parou e estava ofegante. Se sentou ao meu lado, acariciou meu cabelo, e passou a mão no meu rosto.
- Eu só quero saber porquê. - Falei exausta.

- Eu vou te explicar direitinho amor. Pra você saber porque e então vai entender eu sei.
- Não. Eu NUNCA vou entender!

- Shh..-ela colocou o dedo sobre meus lábios. - Caladinha. Só... escute.

Quando eu tinha meus 13 anos quase 14, meu falecido padrasto, o Lúcios, começou com umas brincadeiras estranhas pro meu lado. Certa noite, a mamãe teve que sair, não lembro por quê, e eu fiquei sozinha com ele, e o Dionatha morava com nosso pai de verdade.
O Lúcios era mais novo que a mamãe alguns anos, você lembra com certeza, alto de cabelos bem negros, pele clara e olhos azuis, assim como os seus amora, e tinha também um cavanhaque. Devia ter uns 32 anos naquela época. E ainda vejo como se fosse ontem aquela maldita noite.

- Toc toc.
- Quem é?
- Sou eu, Lúcios, abre a porta por favor, quero falar com você um instante. - Eu era muito inocente sabe, não sabia das coisas e eu confiava muito nele, ele era como um pai pra mim. E eu abri a porta, ele me olhou e apenas sorriu, mas não maliciosamente. Assim como eu, ele foi um amor. E eu perguntei o que ele queria conversar.
- Olha Lívia, eu ando te observando e... sabe que você é muito linda, nem parece que tem apenas 13 anos. - Ele dizia enquanto passava a mão em meus cabelos, e acariciava meu rosto, minha boca. Eu me afastei e só disse "obrigada". Acredito que eram oito horas mais ou menos, eu disse que já ia dormir. Ele só acenou com a cabeça que sim. Levantou e foi em direção à porta, mas em vez de sair, ele a fechou, trancou e tirou a chave.
- O que tá fazendo Lúcios? Por que trancou a porta?
- Calma, meu amor.
- Cadê a minha mãe? - Eu perguntava aterrorizada.
- Ela foi ali, já ela volta. Não se preocupa, temos tempo ainda.
- Tempo pra quê? - Ele sorriu, e começou a tirar a camisa.
- Lúcios, sai daqui. Eu vou dormir, amanhã eu tenho aula. - Ele via o medo em meus olhos mas não se importou. E você sabe o que aconteceu depois não é? Eu fui abusada por ele. E por muito tempo eu me culpei por isso, pensei em formas de ter evitado. Até que percebi, finalmente, que só tinha uma solução, uma saída. Ele foi a primeira pessoa que matei. Enquanto ele dormia no sofá, dois anos depois do ocorrido, eu o amarrei para que não fugisse. Então o chamei.
- Lúcios? - Ele abriu os olhos e se viu preso, sem saída. Estávamos mais uma vez, sozinhos.
- Há dois anos, você me fez sofrer. Eu fui a vítima. Agora o jogo virou, não vou te fazer sofrer, não muito. - Eu o matei sufocado, assim pareceu um infarto, não houve laudo médico, eu falei que o vi na hora da convução, assim ninguém desconfiou de nada, ele já tinha antecedentes na família mesmo.

Entende agora Amora? É assim que tudo começa, e depois que a busca por vingança se inicia, não tem fim, você sempre vai querer estar perto da morte.

- Ela disse tudo isso mas eu não entendia o que essa vingança tinha a ver com o Matt.
- Você é doente Lívia. Precisa se tratar - falei. - Você não precisava ter matado o Matt, sua louca. - Peter sangrava muito, e eu tinha que tirá-lo dali, pois acabaria morrendo pela perda imensa de sangue. Eu bem que podia ter tentado arrebentar a corda num pedaço de tábua lascada, mas na hora H nada vem à mente. Mas ela deixou cair o canivete quando me joguei em cima dela. Era minha grande chance. Levantei-me novamente.
- Mas você é insistente. Mas gentee.. -Ela disse, e empurrou-me em direção ao Peter - Era tudo o que eu precisava. Eu ajudei a mim mesma e me joguei bem em cima dele.
- Calma, não grite, sei que dói, mas eu vou tirar a gente dessa. - Sussurrei em seu ouvido. Ele apenas fez que sim com a cabeça, mordendo os lábios por causa das feridas. O troço tava bem perto da perna direita, e nossa como estava horrível. Não sei que diacho ela foi fazer, talvez pegar mais objetos de tortura naquela bolsa fofa do cacete.
- Cadê cadê cadê, aaah, achei. - Ela disse levantando uma das sobrancelhas. Era uma -oh pai - uma foice tamanho miniatura. Menina psicopata dos caramba. Consegui cortar a corda, mas já assisti muito filme e copiei, coloquei o canivete no mesmo lugar e fiquei com a mão para trás, mas em vez dela vir pra me torturar ou o ao Peter, ela pegou uma corda inteira e foi em direção à dona Mirna que estava no chão, sangrando mas ainda consciente.
- Lívia. É a dona Mirna, cê cresceu convivendo com ela, não vai matá-la.
-É tem razão.
- Ainda bem.. - Falei aliviada, mas ela continuou.
- Eu cresci com ela. Só que você esqueceu um detalhe - ela falava calmamente enquanto amolava mais aquela foicezinha. - Ela não exitou em tentar me matar..
- O que você queria? É o filho dela!
- É né. E daí? Hahahah...
- E daí? Eles são minha família!!! - Falei saltando com toda força que tinha, e enfiei aquele canivete bem no ombro da maldita, e me afastei para ver. Ela ficou parada um instante e olhou de lado pro ombro ferido, me olhou de volta e sorriu.
Tirou o canivete com força e jogou no chão.
- Eu já não sinto mais a dor!
- Legal, mas você ainda é um ser humano. - Respondi.
- Adeus miserável! - Assim como ela fez comigo Peter fez com ela, a espancou na cabeça. Mas não aguentou e caiu.
- Pee!!! Calma. Tenta levantar devagar. Se apóia em mim.
- Dona Mirna, por favor me ajuda. Levante e vamos sair daqui, antes dessa doida acordar.

Psicose - A árvore forca [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora