Running

3.9K 551 163
                                    

[N/A: Louis e Harry nasceram na Inglaterra, mas por motivos distintos acabaram indo parar nos Estados Unidos, por isso o Louis foi enviado pro Iraque, ok? Os POVs são alternados, como vocês vão reparar nas próximas linhas, espero que não fique estranho.

E se alguém realmente está lendo: boa leitura :*]


Sexta feira, 28 de setembro

Louis

Dormimos nos fundos de uma loja de brinquedos, dentro de uma sala que não tinha mais do que dois metros quadrados. Arrastamos um colchão de casal e dois travesseiros que estavam num mostruário da pequena loja de móveis que havia no andar de baixo. Achamos que ninguém sentiria falta.

Apesar do frio que fazia lá fora, dentro do edifício estava quente e abafado, graças aos meses sem que nada fosse aberto. O ar viciado trazia segurança... Segurança essa que nos fez dormir desde o pôr do sol até a uma hora da tarde do dia seguinte, que chegou discreto, sem que nenhum dos dois percebesse, graças às janelas cheias de poeira e fuligem, impedindo que grande parte da luz entrasse.

Como eu fui o primeiro acordar, me limitei a sentar na cama, esperando que Harry despertasse sozinho. Ele parecia uma criança, deitada na cama, todo encolhido. Quando o conheci, tinha cabelos compridos e era bem mais magro, além de parecer sempre assustado. Depois de um tempo, esse medo foi embora, substituído por uma determinação ferrenha, que eu não conhecia. Ele cortou o cabelo, dizendo que comprido o atrapalhava, perdendo grande parte das feições infantis nesse processo. No entanto, desde o princípio, existia uma coisa que nunca havia mudado: o olhar.

Harry possuía o olhar mais forte e decidido que eu já tinha visto. As íris verdes como um par de esmeraldas pareciam tirar sua vontade de dizer não para ele, em qualquer discussão. O pequeno era lindo, não tinha como colocar em outros termos, mas ainda assim... Tinha passado por muita coisa. A dor havia criado marcas visíveis em sua personalidade, moldando-a à brasa. De todas as pessoas que conheci, ele com certeza era o que tinha mais vontade de sobreviver. E o que mais sofria com as saudades de como as coisas eram antes.

— Eu estava pensando. - Só percebi que ele estava acordado quando ouvi sua voz, sonolenta, quase manhosa. - Ontem, você disse que eu baixei a guarda... Quer dizer que você viu a minha briga com aquela coisa... E não fez nada pra me ajudar?

— É. - Dei de ombros, simplista. - Eu não vou estar sempre lá pra me colocar na sua frente. E ela era fácil de matar. Eu já tinha enfrentado os outros sozinho. Merecia um descanso.

Se um olhar pudesse matar, eu teria caído duro e sem vida, naquele momento. Harry abriu a boca pra falar mais alguma coisa, no entanto mudou de ideia no último segundo, voltando a fechá-la. Eu adorava a boca dele, era naturalmente mais vermelha que o resto de sua pele e um pouco grande demais para o rosto, mas ficava ótima nele.

— Esquece. - O Styles sentou-se na cama, começando a recolocar os sapatos, esboçando uma resignação estranha. - E então, pra onde vamos?

—Não sei. Esse era o nosso último norte. Daqui pra frente, acho que só podemos fazer o possível pra ficarmos vivos. Pensando nisso, eu recomendaria sair dessas metrópoles em que estamos nos enfiando. Maior população, maior número de walkers. - O pequeno concordou, postando-se de pé, mesmo que estivesse coçando os olhos. Era uma cena realmente bonitinha. Levantei também, encaixando a mochila nas costas. - Se não quisermos atrair todos os mortos da cidade, vamos ter que sair daqui andando. Os carros estão com grandes chances de nos deixar na mão. Não vale a pena arriscar, porque já estamos na periferia da cidade.

Run Away {l.s}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora