Capítulo 2 - Liberação

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Era mais que óbvio que a história de que Zero havia lutado contra dois veteranos gigantes com as mãos nos bolsos para salvar uma novata iria se espalhar pelo colégio, ele só não sabia quando ou como, mas sabia que aconteceria. No dia seguinte todos estavam comentando, sobre o que tinha acontecido, até mesmo seu amigo Shadow comentou com ele sobre o ocorrido.

- Fiquei sabendo que salvou aquela garota, muito corajoso, mas você sabe que não vai ficar assim né? Aqueles dois faziam parte de uma gangue chata de ladrões que ficam roubando as pessoas nas esquinas da cidade, quando eles souberem quem você é e onde estuda, amigo, você vai estar com problemas.
- Derrotei dois deles sem nenhum problema, armados ou não, uma gangue não faz diferença pra mim.
- Zero, falo sério, sua atitude foi corajosa, mas também foi uma jogada de risco, entendo que queria fazer algo, mas ninguém mexia com aqueles dois com medo, até o diretor tem medo daqueles dois.
- Acalme-se Shadow, como eu disse armados ou não, isso não será um problema para mim.
- Você foi avisado irmão, só tenha cuidado.
- Não se preocupe.

Todos o observavam, ele não olhava para ninguém, não falava com ninguém, mas conseguia ouvir os alunos da sala sussurrando seu nome. Todos sabiam que os brutamontes tinham sido hospitalizados por um garoto que todos achavam ser apenas um nerd com sérios problemas de se enturmar, quando o professor chega na sala de aula ele decide sair e ir até o terraço.

- Zero a aula já vai começar, não gostaria de assistir nossa aula de química? - Pergunta o professor educadamente.
- Hoje não estou no clima professor, com sua licença.
- Claro, mas por favor, resolva esta lista de exercícios aqui, imaginei que não iria querer assistir minha aula hoje, então selecionei algumas das questões que mais caem em provas de faculdade da minha matéria, não deve ser difícil para você, certo?
- Tanto faz, eu entrego antes do almoço.
- Certo, muito obrigado.

Zero sai da sala com a lista de exercícios na mão e uma caneta no bolso, Letty estava apenas observando tudo e depois da aula de química, no intervalo de uma matéria para outra, ela correu para o local onde sabia que poderia achar Zero. Assim que ela chega no terraço, ela percebe que estava chovendo o tempo todo, mas o colégio é fechado demais e por isso ela não ouvira as gotas de chuva.

- Vai ficar doente coisinha... - Zero a assusta, ele estava sentado em uma das pontas do terraço no meio da chuva, apoiado na grade.
- Coisinha? Meu nome é Letty ta legal?
- O que faz aqui? É horário de aula agora sabia? Alunos novatos não podem sair da sala sem a autorização do professor.
- Você saiu.
- Eu sequer preciso estar aqui.
- Então por que veio?
- Bom, eu também estou tentando descobrir.

O silêncio prevaleceu por longos segundos até que Zero se levantou indo para trás de Letty, ele então tira seu moletom para colocar na garota para protegê-la do frio. Aquela foi a primeira vez que Letty havia visto o rosto de Zero, cabelos medianos e que cobriam um pouco uma faixa que cobria por completo os olhos e estava sério.

- Você é cego?
- Quem dera, mas não, só não quero que as pessoas vejam meus olhos devido a um... problema.
- O que houve com seus olhos?
- Nasci com um problema nos meus olhos, depois que minha mãe morreu e que meu pai foi embora, coloquei essa venda neles, desde então não vejo nada.
- E como consegue fazer tudo como se estivesse vendo?
- Me acostumei, pode ficar com meu moletom, aqui esta frio e você pode adoecer, pelo menos vá para lá, ali você não pegará essa chuva.

Letty andou para o lugar que seu colega tinha pedido, assim que ela chega no local, ela veste o moletom, fecha seu zíper e coloca seu capuz. Ela nota que aquele capuz cobria os olhos completamente, e associou com o fato de ele andar com os olhos vendados. Eles conversaram por um tempo e a chuva foi ficando mais forte, Zero decide entrar e trocar de uniforme e aconselhou que ela fizesse o mesmo para não adoecer.
O horário do almoço chega, a chuva já estava forte demais e todos os alunos evitavam ficar no pátio ou até próximo dele, já que era extremamente aberto. Zero estava na sala de aula, ele havia deixado seu moletom com Letty, por sorte, tinha outro em seu armário. Ele começa a comer sozinho na sala, até ser interrompido por um barulho grotesco de uma porta sendo quebrada, ele se levanta rapidamente e nota que os que quebraram a porta não usavam o uniforme do colégio Ryuuji, e seguravam barras de ferro, alguns seguravam facas.

- Te achamos, você deve ser Zero, o idiota que mandou dois dos nossos pro hospital, á foi visitar eles?
- Eu não tenho obrigação de visitar dois cara que poderiam ter estuprado uma garota que não havia feito nada para eles.
- Nossa gangue tem o que quer, quando quer, e agora estamos querendo a sua cabeça, vamos pegá-lo galera!!

Todos vão para cima de Zero, mas o que havia tido um pequeno diálogo com ele avança mais do que os demais, ele tenta usar sua barra de ferro contra seu oponente, que segura o golpe de seu inimigo, e usa sua própria arma para arremessá-lo contra os demais oponentes, ele então coloca suas mão nos bolsos novamente e os que ficaram de pé foram pra cima dele, eram mais de seis contra um, todos atacando de uma vez, quando estão para acertar o alvo, um brilho azul cerca o corpo de Zero, a venda que cobria seus olhos emanava um brilho que parecia muito com o formato de seus olhos, Letty chega na sala nesse exato momento e vê a tal energia emanar do corpo de seu colega de sala, ela se esconde para ficar observando até que ela escuta um grito " Háh " depois do grito toda a sala é coberta por uma luz azul forte que incapacitou Letty de ver o que estava acontecendo, tudo que ela viu no final foi apenas a sala, nenhum dano na porta, as cadeiras continuavam no mesmo lugar, ninguém estava caído no chão e nenhum sinal de Zero.

- O que está fazendo dentro de um armário coisinha? - Letty solta um grito e acaba quase caindo no chão, mas Zero a segura.
- O...o...como você fez aquilo?!
- Aquilo o quê?
- Você soltou um grito e a sala brilhou!
- Olha, você deve estar louca, eu acabei de chegar na sala.
- Mas... que estranho, eu podia jurar que você... quer saber, esquece eu queria mesmo falar com você.
- O que foi?
- Acabei sujando seu moletom de comida, se importa se eu levar pra minha casa e lavar ele?
- Não, tudo bem.
- O diretor disse que você mora na esquina da rua em que eu moro, se importa se eu voltar pra casa com você? É que ta chovendo muito e parece vai durar bastante.
- Vou por um caminho que não é muito bom para pessoas como você, mas tudo bem, eu te acompanho até sua casa.
- Obrigado, opa, vai começar nossa aula, devíamos nos sentar, nos falamos no final da aula.
- Certo.

No final da tarde, ele a esperava na saída, os dois começaram a andar e Letty achou estranho o caminho que Zero pegava para voltar para casa. Ela escutava alguns barulhinhos e ficava assustada, mas ele sempre repetia que se ela fosse voltar com ele todo dia, ela teria de se acostumar com aqueles barulhinhos. Depois de um tempo ele a deixou na porta de sua casa e foi surpreendido pelo pai dela que a esperava na porta de casa.

- Estava ficando preocupado filha, você estava demorando.
- Peguei um caminho diferente hoje pai, e com esse atalho eu cheguei 10 minutos mais cedo, não tem porque ter medo pai, eu to bem.
- Mas eu ainda tenho medo daqueles garotos tentarem chegar perto de você.
- Não se preocupa pai, eu não volto sozinha, esse aqui é o Zero, o garoto que me ajudou.
- Muito obrigado rapaz, obrigado por se arriscar pela minha filha.
- Não se preocupe senhor, se ela quiser a acompanharei todos os dias na volta da escola, eu moro virando a esquina então para mim não é problema.
- Obrigado, vamos querida, entre, sua mãe vai preparar o jantar.
- Certo, tchau Zero, até amanhã.

Zero apenas acena, se vira e continua andando, quando ele vira a esquina, entra numa casa grande. Ele tira seus sapatos e põe sua mochila em um lugar próximo da parede, em seguida vai até um certo cômodo com porta que se abria empurrando para o lado esquerdo. Depois ele se ajoelha como forma de reverência diante de uma figura sombria que estava sentada na sombra do local.

- Meu caro discípulo, você tem que ter mais cuidado, você quase foi descoberto hoje.
- Eu sinto muito mestre, mas eu consegui ser rápido o bastante para cuidar daqueles caras e impedir que ela visse algo.
- Então, você acha que é ela?
- Bom, talvez, preciso me certificar.
- Seja breve, os pecados já estão quase prontos, e não esqueça da sua missão.
- Sim mestre.
- E qual será a sua recompensa?
- A cabeça de Jhin, o demônio superior.

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