CINCO | Lucas

2.3K 222 174
                                    

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Ainda estava gargalhando com o melhor fora que meu amigo já levara na vida quando esbarrei em alguém. Eu não podia já estar tão bêbado a ponto de começar a tropeçar nas pessoas sem perceber — cheguei não faz nem cinco minutos e já tive minha cerveja inteira roubada pela vacilona da Jaque. Ainda assim eu me preparei para pedir desculpas quando ergui o olhar e reconheci a garota à minha frente.

— Tessália? — perguntei, surpreso. Não tinha dúvidas de que era ela. O rosto daquela garota era marcante demais para ser confundido, mesmo sob a meia luz da boate. Minha surpresa era vê-la aqui, numa balada alternativa, coisa que não fazia nem um pouco seu estilo. Para falar a verdade, fazia tempo que não a via em qualquer lugar que não fosse enfurnada em casa com meu melhor amigo, e agora ex-namorado.

— Lucas! Oi! — Ela parecia feliz em me ver. Então seus olhos desviaram até meus pés e seu rosto se contorceu em uma careta. — Meu Deus, desculpa! Te molhei todo!

Acompanhei seu olhar e vi meus coturnos encharcados de bebida.

— Ah, relaxa! Já me acostumei com isso aqui. — Abri um sorriso para tranquilizá-la.

Ela estava meio tímida, mas há muito tempo que Tessália não era mais aquela garota divertida e espontânea do começo do namoro. Fisicamente, no entanto, ela mudara pouco; continuava tão gata quanto antes. Os cabelos estavam um pouco mais enrolados do que costumavam ser desde que ela começou a alisar e ela também dera uma boa encorpada ao longo desses quatro anos.

Seus olhos castanhos pareciam cheios de expectativa ao encarar os meus. Só então percebi que ela estava sozinha.

— Tá com seus amigos? — Ela fez uma careta e eu levantei uma sobrancelha.

— Quem dera. Levei um bolo — confessou, parecendo chateada. Precisei me aproximar para ouvi-la direito por cima da música alta. O já conhecido cheiro amadeirado do seu perfume me atingiu em cheio. — Entrei cedo pra não pagar caro e só depois a Flávia me mandou mensagem dizendo que não vinha.

Eu ri enquanto voltava a encará-la e encontrei um sorriso sem graça estampando seu rosto.

— Bem que estranhei você por aqui. Esse lugar é mais a cara de sua amiga, mesmo.

Ela apenas acenou a cabeça em concordância. Parecia esperar alguma coisa de mim. Demorei a entender que talvez seu olhar cheio de expectativa fosse porque ela queria que eu me oferecesse como sua nova companhia. Mas aquela era uma péssima ideia por dois motivos: o primeiro, era que eu estava com a Jaque — eu sabia que ela não suportava minha amiga —, outro, é claro, por causa de Cauã. Eu não tinha certeza em que pé os dois estavam, mas não achava que ele fosse ficar feliz por saber que passei a noite com sua ex.

Mas o olhar dela estava tão desolado que eu me sentiria um imbecil se virasse as costas para ela.

Ah, que se dane!

Como reconquistar um amor perdido (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora