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Eles são doidos, deve ser por isso que gostei deles, quando deu 19 horas, já estava praticamente escuro lá fora, eu e Julia se arrumamos juntas, eu não sabia o que vestir na que nunca tinha ido na Passarela, então Julie me ajudou na vestimenta, logo depois nos encontramos atrás da quadra de basquete, lá tem bastante árvores e é quase impossível alguém ir lá, Niel pega uma chave pequena que estava em seu bolso.

-Nós já saímos várias vezes do colégio, Nolan pegou uma chave escondida da sala do zelador e fez uma cópia -Explica Hayle. -Então, conseguimos sair por aqui sem ninguém ver ou ouvir a gente. -Ela sorri contente, se é porque estamos saindo ou por nunca ter sido pega eu não sei, talvez os dois.
-Vamos meninas chega de papinho.

Nolan chama a nossa atenção mostrando o portão já aberto, era um portão pequeno em meio aos arbustos, que poderia muito bem passar despercebido caso não estivesse procurando, ou se já não soubesse de sua existência no fundo da escola, passamos por ele e deu em um gramado aberto. Quando todos passamos, fomos até a rua e saímos correndo para que ninguém nos visse saindo da escola. Começo a rir da presa deles, Niel e Hayle não paravam de sorrir. O que me faz pensar como Niel, Nolan, Hayle e Breno vieram para aqui? Eles nunca falaram nada para mim, até porque só os conheço a quase 3 dias, e é claro que eu não vou perguntar, não tão cedo.

O restaurante era realmente lindo, todo decorado com flores, o chão era de madeira, e tinha tapetes por toda parte, no teto lustres iluminavam o local, mesas brancas e cadeiras estofadas na parte de dentro, lá fora tinha um arco de rosas na porta, realmente impressionante.

-O que acha? - Pergunta Julie.
-Aqui é realmente lindo. - Digo rindo.
-Bem, vamos nos sentar aqui e já vamos fazer os pedidos. -Diz Andrew puxando uma das cadeiras.

Sentamos perto das janelas, e um vento maravilhoso vinha lá de fora, era outono, ou seja, logo a neve começaria a cair. Eu nunca vi a neve, sempre morei em lugares onde o máximo que se via era o vidro do carro congelar e plantios morrerem. Estou até ansiosa para ver esse fenômeno.

Abri o cardápio mas nada me abre o apetite, a única coisa que vejo é gorduras e mais gorduras, os outros já fizeram seus pedidos estavam esperando eu.

-Eu vou querer um pouco de arroz integral e frango sem coro, ah e suco de laranja natural. - Quando terminei de pedir o garçom sai e todos me encaram. -O que foi? -Pergunto.
-Você está de dieta? - Pergunta Breno rindo.
-Na verdade estou. - Falo dando um sorriso de lado.
-Que? Espera, é sério, mas você já é magra, não precisa emagrecer mais. - Diz Nolan arregalando os olhos.
-Aham sei. - Digo o encarando.
-Gente, depois podemos ir até o karaokê, vamos aproveitar hoje, já que saímos, e mostra tudo para a pequena Analu. - Diz Julie.
-Ah verdade. Analu, você não é daqui é? - Pergunta Niel.
-Não, eu sou do Sul do Brasil.- Falo rindo.
-Oh, sério e como é lá? - Pergunta Breno.
-Quente, bastante quente. Eu nunca gostei de lá por causa disso, sempre gostei de temperaturas mais frias. -Respondo.
-Ooh, e como aprendeu inglês? Tem familiares? Ou só quando foi vir pra cá que se interessou? -Agora foi a vez de Hayle Pergunta.
-Meu pai é de Nova York, então eu meio que cresci falando português e inglês. -Respondo.
-Ah então sua mãe é Brasileira. - Afirma Andrew.
-Exato. Eles se conheceram na faculdade em Londres, os dois cursavan direito, mas pararam quando minha mãe engravidou. -Falo me escorando na mesa.
-Ah entendo. Legal. -Diz Julie.

Nem tão legal, hoje meus pais nem querem mais eu, logo eles iram me esquecer e vou tentar fazer o mesmo, afinal por mais que sejam meus pais, eles sempre quiseram uma filha perfeita, que fizesse direito e se formar, tudo isso porque eles não se formaram. E bem era isso que eu tinha em mente, até descobrir que tinha anorexia, o que obviamente, mudou tudo, tudo. Já que depois disso eu desanimei e meus pais também.

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Ah, como é bom sentir o ar percorre meu rosto, livre daquela escola, daqueles alunos chatos, livre, como um pássaro. Estamos indo agora para o tal karaokê, eu já deixei claro que não canto e pelo que entendi essa é a graça. Nenhum deles canta bem, só o Breno que pelo que intendi o pai era cantor, até o mesmo morrer. Então acho que ele meio que herdou o talento do pai.

Infelizmente estava fechado. O Karaokê não abre nas quintas. Vai intender.

-Você está bem? -Pergunta Breno ao chegar do meu lado. Estávamos voltamos para o colégio, já passava da meia noite.
-Estou sim, só com um pouco de ansiedade, e eu não sei o por quê.- Respondo dando risada.
-É, pior que também estou assim. -Ele também ri.
-Galera. -Chama Nolan. -A gente podia ir embora né. -Ele diz parando e nós paramos também.
-Ué Nolan, estamos indo.- Responde Julie rindo.
-Não, eu quero dizer, ir embora mesmo, sabe viajar pelo mundo. Nós sete. Seria muito incrível. -Ele diz empolgado.
-Nolan.... Não é tão simples assim.- Responde Niel.
-Claro que é irmão. Olha nossos pais nos deixaram naquela merda de colégio para seguir a vida sozinhos, não temos nada a perder.- Nolan diz.
-Sim, mas não é só por nós, é pelos outros.

Nos entreolhamos e ficamos calados, eu iria, sério, como disse Nolan não temos nada a perder. Pelo menos eu não tinha e pelo visto Nolan e Niel também não.

-Eu vou, adoraria conhecer o mundo.- Diz Andrew.
-Eu também. - Diz Hayle -Meus pais não ligariam, eles deixariam eu ir, mesmo que eu perca a bolsa.
-Partiu então povo. - Julie fala animada.
-Eu também vou. - Digo. Todos começam a rir e parecem muito feliz.
-Espera isso é serio? Vocês são loucos? - quando ninguém responde Niel suspira olha para cada um de nós e fala - Tá amanhã, as 20 horas me encontrem na frente do colégio. -Niel diz enquanto sai pelo outro lado da rua.
-Espera Niel onde você vai? - Nolan pergunta.
-Vou arrumar um carro, oras, às 20 em. - Niel fala antes de sair correndo.

Vamos fugir isso mesmo? Sem rumo, sem dinheiro, sem nada? Apenas nós?  Adorei.




Viver É Aprender. (REVISANDO)Where stories live. Discover now