Capítulo 5

Depuis le début
                                    

— Você está aonde?

— Chegando ao escritório – sinto um misto de alivio e desespero quando eu vejo a fachada do prédio.

— Eu já cheguei. Te espero em sua sala – ela dá uma pausa e continua com a voz mais doce que ela poderia ter – estarei ao seu lado amiga.

Desliguei o telefone e entrei no prédio. Fiquei alguns minutos esperando o elevador que estava parado na garagem do prédio por algum tempo. Provavelmente alguém estava segurando-o para esperar outra pessoa que ainda estacionava. Eu odiava quando isso acontecia. A gentileza nessas ocasiões atrasava o resto do pessoal que precisava do elevador.

O elevador chegou e Rodolfo está dentro dele. Não trocamos nenhuma palavra, nem ao menos um olhar ele lança pra mim. Aquilo me fez diminuída, pequena, ainda mais se as suspeitas de Úrsula estivesse certa. Como eu poderia chegar para um homem que nem fala comigo e dizer que eu estava grávida dele? Ele com toda certeza me xingaria e mandaria tirar a criança, ou que eu a criasse sozinha, ou que não era o pai. Eu sabia que isso aconteceria, e estava apavorada com que estaria me esperando dentro daquele envelope.

Medo. Essa era a única coisa que eu sentia naquele momento.

Da mesma forma que ele estava desde que entrei no elevador, ele saiu sem dizer nem ao menos um tchau.

Segui para minha sala com os olhos cheios de lágrimas, e encontrei minha amiga me esperando no corredor.

— O que foi? – ela me segue para dentro de minha sala assim que abro a porta.

— Rodolfo.

— O que ele fez desta vez? – perguntou ela irritada.

— Foi o que ele não fez – digo jogando-me em minha cadeira e segurando minha cabeça com as mãos.

— O que ele não fez então?

— Me ignorou – olhei para cima tentando voltar com as minhas lágrimas para dentro dos olhos.

— Esquece esse homem Lissa – estendi o envelope que acabara de tirar de dentro da minha bolsa e entreguei para ela. Minhas mãos estavam tremulas, e um aperto estava alojado em meio aos meus pulmões.

— Agora vamos ver se tem como eu esquecer – vi minha amiga abrir o envelope, e colocar a mão na boca.

— Ai meu Deus! – ela não precisava falar mais nada. Meu mundo estava desmoronando em volta de mim. O que eu faria com um filho agora? Como seria minha vida de agora em diante?

***

As coisas que passaram em minha cabeça variavam em morrer e em tirar o bebe. Eu não sabia como lidar com aquela situação, eu não sabia como contar isso aos meus pais, eu não sabia com contar isso ao senhor Góes, e pior de tudo, eu não sabia como dizer a Rodolfo que eu estava grávida de um filho dele, não depois das acusações que ele fez a mim. Com toda certeza ele pensaria que esse filho não era dele, e me acusaria de coisas horríveis.

— Amiga, daremos um jeito nessa situação – Úrsula tentava a todo o custo me consolar. Eu sabia que o apoio da minha amiga seria fundamental para que eu enfrentasse essa barra, mas isso não diminuía o pavor em mim.

— Como amiga? Só se eu morrer – falo chorando e os soluços quase me engasgam.

— Não quero ouvir você dizer uma coisa dessas nem por brincadeira – nesse momento ouço alguém batendo a porta e me aprumo na cadeira para mandar quem quer que fosse entrar.

— Entre – digo ainda fungando o nariz devido às lágrimas. Felipe entra em minha sala e me olha espantado.

— O que aconteceu Lissa? – ele chega bem perto de onde eu estou se abaixa em minha frente e me abraça. Sinto que meu emocional vai ao chão com o seu gesto. Não consigo conter as lágrimas que continuam a descer sem parar e sem o mínimo de controle.

Pedaços de Você (DEGUSTAÇÃO)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant