Finalmente nos encontramos

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Estava completamente escuro e quieto, tanto nos cômodos do castelo quanto os jardins do mesmo, tudo era apenas silencio a unica coisa que ouvia era minha respiração e meu coração batendo acelerado. Enquanto permanecia em uma protona preta bem ao canto do quarto tentava me lembrar se eu havia me esquecido de trancar mais algum lugar do quarto. 

Nunca sentira tanto medo, não sei quem ele é, onde está, o que quer e muito menos se a qualquer minuto passara por aquela porta. Eu queria poder chorar mas meu orgulho não deixa, queria correr para falar com Marlon mas isso poderia colocar ele em perigo. Se ao menos eu tivesse alguma coisa para me lembrar dele, só de pensar naqueles olhos carinhosos de Marlon meu coração já se acalma. 

- Mas eu tenho! - elevo um pouco a voz

Tateando os bolsos do jeans rasgado acho o walk tok que Marlon e eu compramos antes de sair da loja do hippie, eles eram azuis florescentes e sua bateria era bem resistente, segundo o hippie, Marlon ficou com um e eu com outro. É claro que eu não iria ligar para ele se não ele viria como um raio, portanto apenas isso me traz a lembrança dos momentos que passamos juntos em Liverpool, nunca irei me esquecer desse dia, vejo Marlon como minha amiga Camily só em versão masculina. 

- Camily 

Ao me distrair com a lembrança de Camily um barulho ecoa pelo corredor, me levanto vagarosamente pegando o taco de Beisebol que providenciei especialmente para o cara desconhecido. 

Chegando a porta giro a maçaneta dourada e num impulso rápido puxo com todas as minhas forças a porta e bem armada ergo o taco esperando a imagem desconhecida do cara. Nada aconteceu. Não havia ninguém nem nada, apenas o corredor escuro e frio do castelo. Uma flor amarrada a um pequeno papel amarelo estava bem abaixo de meu queixo, me agacho, pego- as, e fecho a porta rápido. 

Nem admiro a flor, simplesmente a jogo no sofá e parto para o bilhete, ele estava amarado como um papiro, ao desenrolar este, leio:

Querida Valentine 

Essa flor é para voce, um presente bonito para uma menina bonita. Sabia que flores com tonalidades roxas ou lilas , como essa Hortência que lhe trouce, podem significar dignidade,mistério e ausência de tensão? porém pode lembrar a violência, a agressão. 

PS: Não devia ter trancado as janelas.  

Ao terminar de ler o bilhete uma fumaça branca estranha passa pelas veredas e por baixo da porta, eu não entendia o que exatamente aquilo significava então tentei abrir a porta novamente... mas ela não abria. 

A fumaça se espalhava pelo quarto, tudo estava um breu, tentei achar o interruptor para acender a luz mas meus olhos lacrimejavam e ardiam, cobrindo o nariz e a boca a unica coisa que me resta fazer e sair pela sacada. Desesperada corro para minha unica opção, não ligo de saltar três andares só quero sair o mais rápido possível dali. 

Tiro as mão do rosto e concentro em abrir a tranca da porta branca que da até a sacada ela não abre e nem se mexe, bato, chacoalho, tento de tudo mas nada acontece. Corro até a porta perdendo a sanidade a cada passo.

-SOCORRO!!! - soco as portas pesadas com força- POR FAVOR!!! 

Por que ninguém me ouve? Começo a gritar desesperada, lagrimas me segam e meus punhos já doem de tanto bater na porta. 

-Por favor alguém me ajuda... alguém por favor!

A fala saia chorada e medrosa. Me afasto vagarosamente da porta ainda de frente para ela , ninguém ira me ouvir... nem mesmo Marlon. 

Meu corpo pesa e minha cabeça gira, minhas pernas vão se encolhendo e encontrando o chão, minha vista turva, tateando as coisas com as mãos enquanto ainda mirava a porta encontro me reencontro com a sacada inútil, no chão frio eu chorava e clamava para que Marlon viesse correndo até onde me encontrava mas tudo que pude encontrar foi mais jatos de fumaça vindos da porta. 

É inútil lutar, agachada junto a porta da sacada parecia tremer de frio e pensamentos a mil surgiam. 

O que ele ira fazer comigo? 

Por que ninguém me ajuda? 

O que eu faço? 

Onde estão todos? 

Eu sou a unica deste castelo? 

Onde está Marlon? 

Minha cabeça vai de encontro ao chão, me esforço para permanecer acordada mesmo com todas as partes de meu corpo dormentes e mortas meus olhos devem ser os únicos a ficarem bem vivos.  

As portas se abrem e uma sombra turva de um homem surge, era completamente negro por causa do escuro, e a cada minuto se aproximava de mim. Minha vontade era de gritar, correr, chorar mais ainda mas nada disso fui capaz de fazer. 

A sombra do homem se aproximou o máximo de mim, ao agachar pude ver a tipica mascara de gás que usava, era quase possível ver seus olhos aterrorizantes me olharem com satisfação. Estendida sobre o chão ele rosa uma das mãos em uma das minhas pernas, ele vai traçando um caminho até minhas coxas e chegando até minha cintura.

O desgraçado tocava meu corpo contentemente, pegava mechas de meu cabelo e as admirava, e eu só o olhava como se estivesse em um camarote observando atenciosamente todas suas ações. Meus olhos foram se fechando, as pálpebras pesadas chegaram em seu limite e tudo agora era apenas...

































Branco.

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Sentia frio, medo e dor, muita dor nos pulsos. Ao abrir os olhos sou precariamente segada por uma luz forte vinda do auto. 

Olhava ao redor mas nada reconhecia, me encontrava perdida em uma sala velha, as paredes descascando e caindo aos pedaços, o chão era terra e não era possível ver o interior ou exterior do local pois o resto era só escuridão. Parecia me encontrar no meio do lugar, como se fosse o centro de tudo ali.

Percebi a posição em que fora posta, correntes antigas mas resistentes  conectadas as paredes entre mim, apertavam em meu pulso, um tanto esticadas me impediam de movimentar muito o corpo, nada prendia meus pés apenas o cansaço.

Minha cara estava coberta por pó e alguns grãos de terra pinicavam em minha roupa, mirando para frente percebo uma cadeira e a imagem aterrorizante do homem, sua pele  meio bronzeada e os cabelos negros desarrumados, seus olhos não congui distinguir mas pareciam frios e mortos. 

Ele nada falou, apenas olhava para mim como se contemplando uma estatua (não estou me elogiando) tudo me assustava nele, a camisa polo verde escuro semi aberta, os óculos retangulares  reluzindo a luz forte do teto e um sorriso sombrio seguido de um lamber de lábios.

-Olá Valentine... finalmente nos encontramos

Valentine apenas uma princesaWhere stories live. Discover now