Capítulo 15 - ISSO É UM QUEBRA-CABEÇAS

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Existia esperança no ponto de vista de Levinse, mas aquele lugar, assim como um vampiro, drenou-a. Levinse sentia raiva, tristeza e desgosto ao lembrar daquele maldito sonho. Foi aquele demônio que havia levado o seu amigo à morte e logo levaria ele e Briana.

Levinse não podia mais ignorar. Entre as suas milhões de perguntas, duas se destacavam: Por que ele estava ficando daquele jeito? E como Briana foi parar lá? Era estranho, pois mesmo ficando tanto tempo ao lado dela, ainda sentia que não a conhecia. De qualquer forma, estavam quites, apesar de ainda ter mais dúvidas sobre quem era.

Um espírito passou sobre eles e desceu as escadas. Briana afrouxou o abraço e olhou para Levinse, que observou a alma sumir. Ela suspirou e engoliu em seco.

– Está melhor? – perguntou Levinse.

– Sim, estou. Você me desculpa? – perguntou ela, enxugando o caminho das lágrimas.

– Tudo bem, não precisa chorar de novo. Acho que me sinto como você, talvez até pior, mas você sabe que teremos que continuar – disse ele, dando um beijo na testa dela.

– Sim, estamos perto. Esses olhos, Levinse, você não consegue voltar ao normal?

– Acho que sim, mas prefiro ficar dessa maneira.

Ele se afastou um pouco dela e foi até às escadas, esquivando-se com cuidado da ponta do trem. Olhou para o salão e viu que os espíritos haviam voltado. Desceu as escadas e o velho suicida agora segurava o seu chapéu e deu um sorrisinho para Levinse. Briana logo chegou nas escadas também, tirando da mochila a garrafa de conhaque e dando um gole, fazendo uma cara feia e tossindo um pouco logo em seguida. Também desceu as escadas ao encontro de Levinse, e o velho agora apontava a arma para ela.

– Velho doido! – disse ela, balançando um braço que atravessou a alma que desapareceu logo depois. – Eles voltaram.

– Bem observado – respondeu Levinse grosseiramente.

– Qual o motivo dessa agressividade?

– Quem está agressivo? – perguntou ele, virando-se para ela.

– Bem observado – repetiu ela, uma imitação medíocre de Levinse.

Ele deu risada e foi até ela.

– Você é meio doidinha, não é? – falou, enquanto a abraçava, apoiando seu queixo na cabeça dela.

– Não é porque você é alto que eu tenho medo de você – disse ela, subindo a cabeça até os olhos de Levinse. Ele encarou aqueles olhos bravos dela quando um toque gelado e macio tocou sua boca.

– Não me provoque.

– Isso – disse ela, se afastando e fazendo um movimento com as mãos indicando seu corpo. – Sou difícil.

– Acho que o conhaque está lhe deixando alterada, isso sim.

Uma mulher penada passou sobre eles com uma faca pregada no peito.

– Não, eu estou bem, só queria distrair um pouco. Tome, beba comigo – disse ela, tirando a garrafa da bolsa e entregando para Levinse.

Ele pegou e deu dois goles, e com a boca entreaberta, soltou o ar. Era uma bebida forte, mas levemente doce.

– Levinse, vamos fazer aquilo que falei – disse a garota com entusiasmo.

– Aquilo?

– Vamos só abrir a porta ao invés de entrar e só dar uma olhada.

Levinse pensou um pouco antes de falar.

– Não sei se isso vai dar certo, porque a maioria das vezes os quartos estão todos escuros – respondeu ele, um pouco desanimado.

A Casa com 14 Bilhões de Quartos.Where stories live. Discover now