Capítulo 7 - DE VOLTA AO PESADELO

357 27 11
                                    

Um estrondo ecoou pelo corredor sombrio, quando a locomotiva irrompeu pela porta número 4 da casa, reduzindo-a a destroços. Levinse e Briana se desviaram habilmente dos escombros, enquanto observavam atentamente o cenário transformado. À esquerda, um corredor pontilhado de portas sombrias, à direita, paredes quebradas revelavam vislumbres da cidade desconhecida de onde haviam emergido. O calor emanava do bico da locomotiva, sugerindo uma conexão peculiar entre a casa e a estranha cidade. Era como se cada quarto fosse uma porta para um mundo real, uma realidade perturbadora que podia desencadear consequências imprevisíveis.

Briana parecia perplexa, como se estivesse revivendo o encontro aterrorizante com o homem misterioso que a assombrava no hospital.

– Levinse, aquele homem no metrô... – murmurou Briana, quase tropeçando em uma pedra solta.

– Eu sei, ele se assemelha a mim de uma forma perturbadora, mas o que isso significa? Se você está insinuando que ele sou eu, deve estar brincando – respondeu Levinse, igualmente atordoado.

– Não, claro que não. Provavelmente é apenas uma coincidência, afinal, como alguém poderia ser você? É absurdo.

Levinse dirigiu-se à porta de número 5, ponderando sobre a estranha semelhança entre ele e o homem misterioso. Será que sua presença ali significava que ele não havia conseguido escapar? E Briana, onde estaria ela?

– O que faremos agora? – indagou Briana, segurando firme sua mochila.

– Continuaremos. Preciso descobrir o que se esconde atrás desta porta – respondeu Levinse determinado.

Ele colocou a mão sobre a maçaneta. Pouco antes de girá-la, um grito ecoou pelo corredor. Briana deu um salto assustado quando uma sombra passou por ela. Trocaram olhares e sorrisos nervosos, encontrando um leve consolo no humor em meio ao caos.

Briana segurou a mão de Levinse e disse:

– Tem certeza de que é uma boa ideia?

– Não tenho certeza... Mas algo me diz para prosseguir. Sinto que precisamos explorar, apenas espero não estar errado. Tenho medo do que podemos encontrar, mas não temos outra opção senão seguir em frente.

– Concordo. Não nos resta outra escolha – concordou Briana, firme.

Levinse girou a maçaneta e adentrou o quarto junto com Brian. O ambiente era gélido, com o som dos passos ecoando no piso de madeira. Um pequeno corredor se estendia à frente, com portas em ambos os lados. Levinse tentou abrir a porta à esquerda, mas estava trancada. Não havia motivo para tentar a outra. Em frente a eles, uma velha mesa de madeira sustentava um lampião e uma caneca de lata. Ao lado, uma janela empoeirada oferecia uma visão turva do exterior, enquanto uma chaminé e uma mesa de cabeceira surrada completavam a decoração. Por fim, uma porta danificada, quase caindo aos pedaços, talvez servisse como uma passagem para entrar e sair do local.

— Levinse tentou olhar pela janela, mas a sujeira a tornava opaca.

Levinse observou pela janela, tentando ver o que tinha lá fora. Foi um ato totalmente mal-sucedido, pois a vidraça estava imunda.

— Onde você acha que estamos? — perguntou Briana, que abria e fechava o lampião.

— Parece uma cabana, mas... — falou Levinse, enquanto tentava limpar um pouco a poeira da vidraça. — Queria saber em que lugar fica essa cabana.

— Vou ver se dá para voltar para o corredor — disse Briana, indo até a porta por onde entraram.

Levinse encostou na mesa olhando para a janela, examinando a escuridão. Retirou o seu maço do bolso, pois nele ainda havia seis cigarros, já que o sétimo estava aceso em sua boca. A fumaça deixava os seus pulmões e desaparecia no ambiente. Ele ouviu a voz de Briana.

A Casa com 14 Bilhões de Quartos.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora