TRÊS | Tessália

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Mas, naquela noite, não deixei nenhuma das minhas inseguranças falarem mais alto. Por isso, desviei o olhar dela e a puxei até o bar, onde paramos para reabastecer nosso estoque de euforia.

Quase meia hora mais tarde, já estávamos de volta à pista de dança e acabáramos de nos encontrar com um grupo de amigos, que eram nossos veteranos da faculdade.

— E aí, gatinha — cumprimentou Henrique assim que me viu.

Eu olhei para cima e encontrei um par de olhos negros me observando. Seu dono era alto, tinha ombros largos, corpo magro e barba rala. Henrique não fazia exatamente meu estilo de homem, mas não podia dizer que não era bonito. Ele tinha um ar de galã de seriado americano.

— Oiiii, lindo! — Um sorriso enorme se abriu em meu rosto. Em seguida, o abracei com tanta empolgação que Henrique cambaleou para trás e quase caímos.

— A festa nem começou direito e tu já tá bêbada? — perguntou, rindo, enquanto voltávamos à posição normal.

— Depois de todo o trabalho que eu tive na semana de trote pra arrecadar dinheiro, eu quero mais é sair trêbada daqui! — fiz questão de me justificar. Não que precisasse disso. Sabia que em meia hora Henrique estaria tão bêbado quanto eu.

— Apoiada! — gritou por sobre a música antes de seguir na direção do bar para pegar sua própria bebida.

Só quando ele foi embora desviei minha atenção. Henrique chegara acompanhado de outros três veteranos: Rafael, Thiago e Claudinha, além de um grupo que eu não conhecia. Ao lado de Claudinha, uma menina baixinha que não parecia nem ser maior de idade estava alheia a tudo ao seu redor, já embalada com a animação da música. Uma outra garota, parada a alguns passos atrás da menor, ria da empolgação dela. Mas minha atenção logo seguiu para os dois caras junto a elas.

Ambos eram bem gatos, mas totalmente diferentes em estilo. O da direita usava uma touca cinza que escondia o comprimento de seus fios escuros. Ele estava de tênis e calça preta, e uma camiseta listrada complementava o visual. Seu corpo parecia o de Henrique: ombros largos e físico pouco malhado, apesar de ser bem mais baixo do que o meu amigo. Sob a luz escura da festa, não soube dizer se seus olhos eram pretos ou castanhos.

O outro tinha um estilo mais social. Ao contrário do amigo, seu corpo era musculoso e ele tinha um porte de quem se preocupava muito com a aparência. Seus cabelos eram curtos e castanho-claros e os olhos pareciam uma mescla entre verde e cinza.

Percebendo meu olhar curioso para os desconhecidos, Claudinha se apressou em apresentá-los. Cumprimentamos as meninas, Giovanna e Júlia, com um aceno, mas Cauã e Lucas, os dois que as acompanhavam, foram bem mais calorosos e se aproximaram para dar beijinhos no nosso rosto. Eles cheiravam a perfume masculino.

Quando se afastaram, senti minha empolgação ser renovada pelo interesse que vi nos olhos deles.

Dei um passo para o lado, parando entre Cauã e Flávia, e me inclinei por sobre seu ombro para falar no ouvido da minha amiga.

— Que gatos, hein!? — comentei, baixinho, esperando que ela concordasse comigo.

Minha amiga riu, mas não parecia tão empolgada.

— Mas se você preferir as meninas é melhor pra mim. — Pisquei para Flávia e a vi sorrir com meu comentário.

Flávia e eu éramos diferentes em muitos aspectos, principalmente em nossas opiniões. Eu tinha crescido em um ambiente bem distinto do dela e, por causa disso, desenvolvi muitos preconceitos que, até eu sair de Teresópolis, nunca me pareceram nada de mais. Entrar na faculdade de design foi um choque de realidade — e a vida não poderia ser mais irônica ao me tornar melhor amiga de uma garota bissexual.

Como reconquistar um amor perdido (DEGUSTAÇÃO)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang