Capítulo 7 - A névoa

Começar do início
                                    

Keaven era um cara sem medos bobos. Temia o que podia ser tocado, e não frutos da imaginação. Porém, sentiu desconforto em estar ali sozinho. Olhou para trás; não conseguiu avistar a entrada. O silêncio era total. O negro dominava. Estava sim sozinho, mas se controlou para não girar e apontar a lanterna para todos os lados — era como se uma multidão o estivesse cercando, se aproximando. Recuou alguns passos, tomando cuidado para não pisar em falso no chão irregular. Quando alcançou novamente o corredor, deu as costas ao saguão e refez o caminho. A vontade de olhar para trás era grande, mas resistiu. Seguir em frente sem acelerar o passo era uma questão interna de honra. Minutos depois enxergou a saída. Sara o esperava, aflita. Notou uma centelha de alívio na expressão da irmã quando o viu.

— E aí, cara? — perguntou Tomás. — Alguma coisa?

— Ninguém.

— É melhor ficarmos aqui fora — disse Leonard, a dor estampada no rosto. — Não conhecemos o lugar. Além disso, Michael, Gregório e Rose podem vir pra cá. Se entrarmos, as chances de nos perdermos definitivamente são grandes.

— Pensei que os encontraríamos aqui — disse Tomás.

— Michael teria mais chances de saber onde fica a prisão — disse Sara. — Quanto a Rose e Grego, depende muito de onde tenham pousado.

Se conseguiram pousar — disse Felicia.

— Como assim? — perguntou Rômulo.

— Querido, o helicóptero foi atingido por um relâmpago.

— O nosso também foi, e estamos aqui, inteiros. Não estamos?

Felicia não respondeu.

— Não seja tão pessimista — disse Rômulo, descontente com o comentário de Felicia. — Se não pousaram, então saltaram antes de... Grego está bem, ok?

— Ele precisa estar — disse Leonard, na tentativa de apaziguar a tensão que se instaurara, e apontou para a própria perna. — Só ele pode consertar essa bagunça.

— Vamos acender uma fogueira — disse Rômulo. — Me ajude com a lenha, Tom.

Enquanto Tomás e Rômulo desciam as escadas em direção ao matagal, Sara aproximou-se dos balaústres de pedra. Apoiou-se na laje e olhou para baixo; o fosso que circundava o prédio parecia levar para as entranhas mais profundas da terra. Adiante, a floresta jazia adormecida. Ao longe não se via um foco de luz sequer. Michael e os irmãos podiam estar em qualquer parte da enorme ilha. Torceu para que estivessem bem, e para que pudessem sair dali o quanto antes.


♦♦♦


Haviam deixado as portas da prisão abertas e acendido uma fogueira na lateral do terraço

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Haviam deixado as portas da prisão abertas e acendido uma fogueira na lateral do terraço. Leonard estava sentado no umbral, protegido do lado de dentro. Vez ou outra lançava uma espiada sobre o ombro, como se uma força vinda de dentro do lugar o impelisse a olhar. Encontrou somente escuridão.

Fé NegraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora