Capítulo um.

4.2K 337 243
                                    

As coisas nunca foram fáceis para mim. Cresci sem meu pai -que desapareceu após acumular dívidas com agiotas- abandonando minha mãe e a mim, ainda uma criança.
Lembro-me vagamente dele, de suas palavras, prometendo cuidar de mim e me proteger: onde quer que eu esteja, sempre estarei com você, de alguma forma, princesa. Mas ele nunca esteve.
E então surgiu Ryan para oculpar seu lugar, cuidar da minha mãe e de mim, preenchendo o vazio paterno que eu sentia.
Mas Ryan queria mais que isso, ele queria a mim.

Ryan foi um excelente padrasto durante toda minha infância, ele me ensinava coisas, me ajudava no que eu precisava e além de tudo fazia minha mãe feliz. O mais importante para mim, que achava que depois do que aconteceu com meu pai, ela nunca mais seria feliz de verdade.
Mas Ryan mudou conforme eu fui mudando.
Começou com alguns olhares indiscretos, depois com toques "acidentais" e então aconteceu.

Minha mãe havia saído para uma entrevista de emprego, Ryan estava desempregado e por isso ficava em casa a maior parte do tempo. Mas nós não o julgamos por isso, afinal, ele sustentou a casa durante todos esses anos.

Eu estava no meu quarto, de costas, tentando fechar a janela que estava emperrada, foi quando senti algo quente no meu ombro; era a sua respiração e então sua mão alcançou meu pescoço, apertando o mesmo.
Meu coração acelerou.

一Shhh, o papai vai cuidar de você, meu bem. 一Ele sussurrou, fazendo-me tremer.

Eu não conseguia dizer nada, sua mão pressionava meu pescoço fortemente, me causando até falta de ar.

Ryan me guiou até a cama, me jogando bruscamente sob a mesma, Ryan se deitou sob mim. Com seu peso a cama rangeu.

一Seja obediente, meu bem. 一Ryan mandou, enquanto distribuía beijos pelo meu pescoço.

Sua barba raspando no meu pescoço... Eu só conseguia sentir nojo. Dele e de mim.

O chutei, fazendo-o revirar-se na cama.

一Vagabunda! 一Ele gritou, com as mãos sob o local. Seu rosto estava vermelho. -Você me deve isso por ter aturado você e a nojenta da sua mãe.

一Eu não te devo nada. -Gritei, com um nó na garganta e tentando controlar o choro. 一E eu não sou o "seu bem"

O chutei novamente, o trancando dentro do quarto e então eu fugi.
Chovia muito e eu sequer havia trazido roupas ou um agasalho, eu sequer tinha dinheiro.
Eu também não sabia para onde iria ou como chegaria lá, mas aqui eu não poderia continuar. Não mais.

Serve meWhere stories live. Discover now