Intro.

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Ele estava vivendo em um mundo sem fim ou começo. Estava vivendo a vida pela sensação, mas ele não se importava. E todos os erros que ele cometeu, ele estava entorpecido e era tão codependente. Ele era jovem e tudo o que tinha era a cidade, mas ele não se importava. E ele sabia que ele é capaz de qualquer coisa, era fascinante. Mas quando você acordasse ele já teria ido. E, na noite, ele os escutava chamando. Na noite, ele estava dançando para aliviar a dor. Ele nunca vai sair dessa, eu acho que você não entenderia.

IN THE NIGHT

Harry Styles gosta de começar o dia cedo e, ao longo dos anos, reduziu sua rotina matinal ao fundamental. Seu banho é frio, o que elimina a tentação de se demorar, e seu equipamento para a barba é composto de creme e um aparelho descartável. Veste-se na penumbra do quarto enquanto Louis e o cão dormem. Às vezes, Louis abre um olho e diz: "Vá com aquela camisa cinza" ou "Jante comigo essa noite". Ao que ele responde: "Volte a dormir".

Ele engole um complexo de vitaminas com um copo pequeno de suco de laranja, escova os dentes de um lado a outro, do jeito errado, embora o mais rápido, e, meia hora depois de sair da cama, está no elevador descendo para o estacionamento. Bem antes das sete, ele está sentado a sua mesa, no décimo nono andar da STYLES. O edifício — uma estrutura de tijolo e pedra calcária com um teto plano e janelas com isolamento e molduras de aço que eram as mais sofisticadas quando ele as instalou — foi sua primeira reforma em grande escala, realizada após uns quatro anos investindo em imóveis e antes da febre dos condomínios no South Loop elevar os valores dos imóveis à estratosfera. Quando ele o adquiriu, o edifício era um espaço morto, e ele financiou sua conversão em salas de escritório com três hipotecas e uma linha de crédito, todo o tempo trabalhando lado a lado com os funcionários que contratou. Poderia ter feito tudo sozinho, mas, se seu dinheiro acabasse, os bancos executariam a dívida. Nesse negócio, coisas como pagamentos de hipotecas, impostos e seguros tornam verdade literal o ditado que prega que tempo é dinheiro. 

O escritório que ocupou ali é modesto, consistindo em duas salas, uma pequena área de recepção e um banheiro. Sua sala é a maior, com vista para Los Angeles. A decoração é moderna e minimalista, com superfícies nuas e persianas de blecaute — nada de antiguidades e bugigangas, como seria, caso ele tivesse deixado Louis cuidar daquilo. O primeiro telefonema do dia é para Olivia que fornece o café da manhã. Pede, como sempre, um café grande. Enquanto espera, tira uma carteira de cigarro da gaveta, abre a tampa e despeja o conteúdo no topo da mesa: papéis de enrolar cigarros, esqueiro e um pequeno saquinho contendo um punhado de brotos e folhas secas. Agora está acostumado com a cerimônia de enrolar e acender, e gosta dessa maneira suave de começar o dia. Ele leva o baseado até a janela e sopra a fumaça para fora. Não que seja segredo o fato de ele gostar dedar um tapinha. Só não acha que a STYLES deva cheirar como uma república de universitários. 

Antigamente ele tinha, de sua janela, uma visão clara do céu, mas o que vê agora é uma pequena mancha irregular de azul flutuando entre os prédios do outro lado da rua. Melhor do que nada, e não é ele quem vai censurar o boom imobiliário. De qualquer modo, sua atenção está voltada para as pessoas que esperam no ponto de ônibus. Algumas estão paradas no abrigo, embora a manhã esteja clara e amena e o abrigo esteja cheio de lixo. Ele gosta quando consegue identificar algumas delas: a garota com os fones de ouvido e a mochila, o velho magrelo com boné que fuma um cigarro atrás do outro, a mulher grávida de saia e jaqueta jeans. Quase todos estão concentrados no tráfego, ansiosos por avistar o ônibus se aproximando. Como de costume, um ou dois desceram do meio-fio e estão agora na rua para ter uma visão melhor. Quando finalmente avistam o ônibus, a tensão se dissipa visivelmente, como se todos fossem um só corpo emente. Contando trocados, a esparsa congregação se comprime em uma fila inquieta. Harry, é claro, avistou o ônibus quando o veículo estava a quarteirões de distância. Às vezes, ali de sua janela no décimo nono, ele se sente Deus. Olivia traz o café da manhã até a mesa. Ele lhe dirige um aceno de cabeça e continua falando com Cliff York ao telefone. 

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⏰ Última atualização: Sep 24, 2018 ⏰

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In The Night | Larry StylinsonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora