Capitulo 1- Bad Habit

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2 anos depois

Apaguei a ponta do cigarro no muro onde me apoiava. O musgo molhado apagava o melhor do que o chão. O fumo incomodava outras pessoas se o deixasse aceso, sabia disso melhor que ninguém. Olhei as luzes da cidade que se estendiam no horizonte por detrás do velho muro, era bastante bom ficar ali a olhar os edificios, a correria, as luzes. Pontos altos eram vantajosos. 

A minha pausa tinha acabado há 15 minutos, não me importava, o meu patrão não era lá grande coisa em horários e ninguém frequentava aaquele sítio.

Entrei na loja que cheirava um bocado a mofo, talvez a madeira velha do chão, ninguém sabia de onde vinha o cheiro mas felizmente os frascos de perfume espalhados nos cantos da loja tiravam parte daquele fedor e transformavam-no em algo...agradável?

Quando cheguei à mesa onde trabalhava alguém entrou na loja. Sorri para o individuo antes dele se aproximar. O conhecido pegou num CD e dirigiu-se a mim.

"Desconto?" Perguntou com um sorriso torto.

"Nop." Abanei a cabeça, passando o código de barras pela máquina. 

"Nem a um namorado?" Apoiou os cotovelos na mesa e alargou o sorriso.

"Nem ao Rei de Espanha." Continuei. " 17,70."

Ele revirou os olhos e deu-me uma nota de 20. Ele sabia que eu podia ter mudado muito mas não queria perder aquele emprego, a loja de música era o meu único sustento no momento e, sinceramente, gostava bastante do mau cheiro e da falta de responsabilidade do meu patrão.

"Não trabalhas?" Perguntei ao espertinho dos descontos.

"Saí há meia hora, passei por aqui para te visitar." Ele olhou em redor e torceu o nariz. " Vejo que ainda gostas disso. Sabes que te posso arranjar um emprego melhor, com mais..."

"Não." Respondi, interrompendo-o."Eu estou bem aqui. O Roger paga-me, há clientes, tudo calmo."

Ele abanou a cabeça. Eu sabia o que se passava nos seus pensamentos. Liam vivia obsecado em me levar para um sítio melhor, algo mais profissional como uma empresa, uma biblioteca, uma caixa de supermercado, tudo excepto a pequena loja de música, segundo ele aquilo não era um emprego real, isolava-me de tudo para mera distração. Eu gostava, inicialmente era estranho mas depois aprendi que era melhor que certos ambientes.

Ele aproximou-se de mim, rodeando a secretária e brindou-me com um beijo rápido. Os braços dele rodearam-me e desceram para os bolsos das minhas calças. Já sabia o que ele queria.

Rapidamente tirou-me o maço de cigarros do bolso de trás. 

"Liam." Comecei.

"Não, esta semana está a ser um exagero." Disse agora sem sorriso. 

Revirei-lhe os olhos e enfiei o CD numa saca. 

"Eu fumei quatro cigarros hoje, não é assim tanto." Resmunguei.

"Já te disse, exagero." Ele repetiu. "O que te preocupa?"

Encolhei os ombros. Ele podia deixar de ser resmungão e dar-me as minhas coisas, eu era adulta sabia o que estava a fazer. 

"Nada. Só estou nervosa. O normal." Admiti. 

"Queres vir comigo para casa já?" Perguntou."Fechas a loja mais cedo, o Roger não se importa."

Assenti e deixei-me levar pelo pedido.

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Deitei-me no sofá e Liam deitou-se comigo, mexia no meu cabelo enquanto me dava beijos leves no pescoço, sabia demasiado bem, até acalmava os meus nervos à flor da pele. Desde o acontecimento que me perseguia nada acalmava o meu sistema nervoso. 

"Que dia é hoje?" Questionei a certa altura.

Liam parou e olhou para mim sério. Eu sabia que dia era mas queria ter a certeza que não era apenas a minha cabeça a divagar. Eu também sabia que Liam não ia falar muito sobre isso e muito provavelmente iria mudar de assunto ou lembrar-se de fazer panquecas, qualquer coisa menos "o assunto. 

"Já sabes que dia é hoje." Respondeu tentando alterar os meu esquema.

"Eu sei." Suspirei, Liam continuou a brincar com o meu cabelo em silêncio mas eu não conseguia pensar em outra coisa. " Desculpa, não consigo." 

Levantei-me rapidamente e subi as escadas em direção ao quarto, precisava de um banho, um longo banho. 

"Arya. Por favor." Pediu Liam. "Esquece isso por um dia." 

"Eu sei, eu sei, sou paranóica. " Disse rapidamente." Mas não consigo."

Liam agarrou-me pelas mãos e arrastou-me até ele. 

"Eu amo-te, okay?"

"Também te amo." Respondi. Há muito tempo que não sabia muito bem o que sentir quanto a estas palavras, faziam sentido, mas não faziam ao mesmo tempo. Ele sorriu e eu aproveitei-me para fugir ao momento. "Banho?"

Ele assentiu e beijou-me. E eu continuei nervosa. Sentia que havia algo diferente.


Daylight | T.E.O.M.H sequel|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora