Sabia que ele era perfeito, mas não tanto quanto imaginava, caminhando em silêncio até o balcão do bar improvisado ela pós um pouco de tequila em um copo e caminhou até o divã, sentou-se e se serviu de uma dose de sua bebida, ouvindo a música, deixando escapar um suspiro trêmulo e profundo. Tão profundo que a fez querer chorar.

Como ele podia ser tão real e perfeito? Vinha tentando ignorar os sentimentos que se formavam em seu peito, tinha medo de se machucar, temia que ele partisse seu coração se soubesse o que ela sentia.

Se imaginou deitada alí naquele divã, um braço sustentando a cabeça, enquanto o observava tocar graciosamente todos os dias, das músicas que ele sabia, se perguntou se também sabia cantar, e sorriu ao imaginar ele cantando, sua voz rouca e sexy embalando-a com um rock clássico e lento, isso era tentador, e romántico.

E olhando-o agora, ele não se parecia em nada com um vampiro, apesar da pele pálida, a falta de movimento dos ombros ao respirar, ele parecia tão radiante e belo agora, um pianista sexy e perigoso, ele estava tão concentrado que era como se ela não estivesse alí, esperando-o terminar para conversarem, vinha fazendo muito isso nos últimos dias, sentar com ele depois de algum encontro estúpido onde ele sempre a surpreendia.

Surgindo em silêncio e depositando um beijo longo e suave em sua marca de nascença, ou as vezes a surpreendia com um beijo roubado, o que a deixava vermelha e furiosa, e incrivelmente fora de sí, as vezes o ouvia falar sobre Celeine, sobre a sociedade, mas nunca sobre ela, e por que não a deixara morrer na noite da festa.

Não conseguia esquece-lo, o sorrissinho torto e debochado, as mãos ágeis que a derrotaram no cemitério, a voz que zombava dela sempre que ela dizia que não tinha medo, e principalmente dos sonhos quentes onde os dois se amavam loucamente.

__ Eu não sabia que você tocava tão bem. Foi você quem compôs?__ Perguntou quando ele parou de tocar, ficou imóvel e em silêncio, os dedos ainda sobre o teclado.__ A melodía é triste e linda, combina com você, é sombria. Nunca imaginei que fosse ver isso, um vampiro tocando piano lindamente. Você quase me fez chorar.

Ele sorriu e olhou para ela por cima do ombro. Um olhar sombrio, seus olhos vasculhando cada detalhe dela, que sentiu um leve arrepio e desviou o olhar, ele tinha uma força sombria e atraente, que de alguma forma, despertava sensações nunca sentidas antes por ela.

__ Sim, eu criei a música a um século atrás. Ela me lembra algo, uma coisa que perdi.__ Disse ele e se ergueu, sua voz era fria e seca, seu rosto estava mais pálido que o normal.__ E eu sei tocar piano, aprendi aos seis anos de idade com meu avô, Hanibal, quando morávamos na frança.

__ Aprendí a tocar aos dez, mas desde os treze nunca mas toquei em uma partitura.__ Disse ela e tomou um longo gole da bebida, observou-o sorrir tristemente e se afastar até o balcão, encheu um copo com uísque e se serviu.__ O que aconteceu... Digo... O que houve entre eu e você ontem a noite? Nós, bem, você sabe?

De onde estava pode ouvi-lo sorrir novamente.

__ Não. Não houve nada. Você parecia tão nervosa e exausta...__ Disse ele e se virou para encara-la, havia um riso travesso em seu rosto, que desapareceu tão rápido quanto uma bala.__ E eu bem, queria que você descansase um pouco. Ainda temos muito treino. Além disso, se algo acontecesse, entre nós, você ficaria um bom tempo sem andar.

Ele já havia dito aquilo uma vez, mas estava sendo frio e arrogante percebeu ela enquanto o encarava chocada. Como ele podia tratar alguém daquela forma? Como um brinquedo que se usa uma vez e joga fora?

Perplexa, ela fingiu neutralidade e revirou os olhos, não se deixaria abalar pela falta de amor e dignidade dele, ele era um vampiro, e não um cavaleiro do século XVIII.

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