Capítulo 13

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Bonnie

A aula parecia não ter fim e minhas pernas não paravam de tremer de ansiedade e digamos que de medo também.

Tempos depois - muito na verdade - saí da faculdade correndo pela rua, com a mochila balançando na minha costa e meus olhos revezando entre a calçada e o relógio. Eu estava dez minutos atrasada por conta do idiota do meu professor que perdeu a hora e não deixou ninguém sair até o momento que ele bem entendesse.

Alcancei a porta de vidro e entrei no restaurante, bastante ofegante. Me olhei no espelho e bufei ao ver meu rosto vermelho. Quem manda eu não fazer academia, agora sou uma sedentária de vinte e um anos.

Olhei para o lado e vi o reflexo do meu tio. Ele não parecia furioso, o que era um bom sinal, indicava que até ali eu não tinha sido descoberta.

Ajeitei o cabelo e fui até a mesa que ele ocupava. Me sentei na cadeira, ainda ofegante e o encarei.

- Desculpa a demora tio, meu professor inventou de...

- Tudo bem, filha - ele me interrompeu e gelei com isso, era agora que eu ia ouvir o maior sermão do século - sei como é a faculdade. Mas eu preciso ser rápido. Peça algo para você que depois conversamos.

Assenti e pedi a primeira coisa que vi no cardápio. Minhas pernas estavam tremendo, mas neste momento eu não conseguia descrever a causa, só sabia que em breve eu iria descobrir qual seria o início da minha carreira ou o final dela, já que eu até poderia ser presa pelo que eu fiz.

Mesmo o meu tio sendo policial, isso não mudaria o fato de eu ter roubado papéis confidenciais da polícia.

Em alguns minutos, o garçom trouxe nossos pedidos e assim que ele se afastou, meu tio me entregou um envelope.

- Aqui estão alguns casos inacabados que encontrei. Todos eles são de crimes organizados. Eu pedi para virmos pra cá porque isso é de extremo sigilo, as pessoas envolvidas estão entre as mais procuradas no país, e não estou falando de roubos, estou falando de tráfico, que envolve tanto dinheiro que some de vista. Estamos neste caso à vinte anos, mas sempre que conseguimos algo, o alvo muda de percurso e ficamos no zero. Nesta pasta também contém a rota que traçamos, achamos que poderiam estar atuando aqui em Los Angeles. Bonnie - meu tio ficou mais sério do que já estava - isso não é brincadeira. Eu particularmente não queria que você fizesse parte disso, mas foi a única coisa que consegui que se encaixa no que você pediu.

- Tio, isso... isso é mais do que eu preciso. É perfeito. Eu posso investigar? Posso fazer meu artigo sobre isso?

- Poder pode, tenho certeza que será o destaque no seu ramo. Mas é perigoso demais.

- Fica tranquilo, tio. Eu sei me virar.

- Teimosa igual ao pai - ele sorriu, com certeza se lembrando do irmão - Tudo bem, pode investigar, mas tem que me prometer que qualquer coisa que achar você vai entrar em contato comigo, e se algo der errado, não pense duas vezes em me ligar. Eu sempre vou estar por perto.

- Pode deixar, tio. Terei o máximo de cuidado. O senhor não imagina o quanto isso é importante pra mim. O resto da minha vida pode estar nesta pasta.

- Eu imagino, filha. Mas, eu repito, tenha cuidado, por favor.

- Esteja certo que terei, tio.

Suspirei em alívio, ele não desconfiava de nada e ainda me deu casos aparentemente grandes. Nesse momento me arrependi de ter furtado aquele envelope, e estava traçando um esquema pra levar de volta pra polícia, quando meu tio abaixou o talher e disse que estava na hora dele. Assenti e fui com ele até seu carro, aceitando a carona até meu apartamento.

Refúgio - Um Amor À Prova De TudoWhere stories live. Discover now