Parte XIII

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Os dias passaram mais rápido do que eu gostaria, minha tia se tornou uma grande amiga e me ensinou muitas coisas. Lembro que ela ficou espantada com o nível que estava meus estudos, mas lhe expliquei que adorava estudar então acabava pesquisando novos assuntos antes de ter a aula. Ela brincou falando que se não me conhecesse diria que eu nasci na Inglaterra e não aqui, por causa da fluência no inglês.

Quando fomos comprar os livros, ela ficou tão animada com a quantidade de títulos que eu conhecia, que acabou comprando muito mais que do que pretendíamos e mandou fazerem uma estante bem maior no meu quarto.

A capital era diferente do que eu esperava, lembro que quando perguntei para o Oliver sobre ela e ele me descreveu com duas palavras: barulhenta e agitada. No dia eu não levei a serio, mas agora, concordava com ele. Minha antiga cidade não era nada comparada com aqui e eu não pensaria duas vezes, se alguém me perguntasse qual das duas eu preferia. A cidade dos meus avós sempre ganharia.

Na primeira semana, mandei uma carta para meus avós contando detalhe por detalhe sobre meus dias ali. Também mandei uma para meu pai, contanto tudo que tinha acontecido e lhe perguntando quando iria vê-lo novamente.

Um mês passou tão rápido que só percebi quando parei para contar os dias. Queria muito ter ido visitar meus avós, mas eram tantas mudanças e coisas novas que eu tinha que aprender para conviver aqui que não consegui tempo.

A cada dia que passava percebi que meus tios estavam tensos, parecia que a cada momento alguém viria soltar uma bomba. Tentei puxar assunto para saber o motivo, mas eles sempre desconversavam e inventavam algum assunto para fugir.

Estava descendo as escadas, quando ouvi um barulho alto na entrada da mansão e corri para saber do que se tratava. Levo um susto quando vejo a quantidade de guardas que estão entrando pelo portão e se espalhando pela propriedade.

- O que está acontecendo? - Questiono minha tia que está parada um pouco mais a frente da porta da entrada.

- Liz? - Pergunta assustada quando se vira e me vê ao seu lado. - Você não deveria estar aqui.

- Me conte logo, tia.

- Os membros do parlamento tomaram uma decisão - fala me puxando para dentro, na mesma hora que uma carruagem entra pelos portões. - Venha, precisamos trocar de roupa, vamos ter visitas para o jantar.

- Quem são as visitas?

- É melhor você descobrir na hora, minha querida. - Ela para de andar e vejo que seu rosto está repleto de lágrimas.

- Qual é o problema?

- Ouça com atenção - pede, segurando meu rosto carinhosamente. - Você não é obrigada a fazer o que eles querem, não deixe eles decidirem seu futuro por você. Mas lembre-se, não desrespeite ninguém, aja dentro da lei. Sei que conhece todos seus direitos e não vai me decepcionar.

Direitos? Futuro? Eu não estava entendo mais nada, porém minha tia esperava uma resposta.

- Eu irei, prometo.

- Ótimo, agora tome um banho rápido e escolha seu melhor vestido, vou pedir para uma das criadas vir te ajudar a arrumar o cabelo.

Assinto e entro no quarto. Tenho certeza que alguém importante nos espera lá embaixo, então mesmo não gostando de ser agarrada por um espartilho, sei que devo escolher um deles. Seria muito mais adequado e não quero causar uma má impressão para os convidados de meus tios.

Escolhi um com o tom azul parecido com a cor dos meus olhos e com a ajuda de Clara, a criada que se tornou uma grande amiga, coloquei ele e tive que concordar, ele era muito bonito. Ela queria prender meu cabelo em um coque, mas me neguei. Quis deixa-lo solto e fizemos algumas tranças para prender umas mechas em cima. Depois de aplicar um pouco de brilho no rosto e quase cair tentando me manter em pé com aqueles malditos saltos de salto, eu estava pronta.

Me apoiei na parede e respirei fundo. Seja educada, Liz. Endireitei minhas costas e fui à beira da escada, sabia que estavam a minha espera. Dava para ouvir a conversa animada de algumas pessoas bem próximo de onde eu estava, então quando alcancei a escada consegui vir todos de costas para mim. Mais confiante por ainda não terem percebido minha presença, consegui chegar até o fim da escada sem tropeçar em meus próprios pés.

- Aí está você. - Minha tia fala e encontro ela a minha direita com uma mulher que parecia ter sua idade. O que me chama a atenção nela, é a coroa em sua cabeça. Eu estava diante da Rainha?

Me aproximo e logo minha tia faz as apresentações.

- Querida, está é Michele Girani Chermont, Rainha da França.

- É um prazer conhece-la, majestade - falo, me curvando em uma reverência.

- Você deve ser Eliza Hughes, ouvi muito a seu respeito esses dias.

Hughes? Não conheço esse sobrenome. Concordo e dou um sorriso forçado, estou muito nervosa. Controle-se Eliza.

- Sua tia estava me contando sobre suas notas nas provas, você é muito talentosa.

Me envergonho com o comentário e estranho estar sendo o centro da atenção em uma conversa com alguém tão importante. Ouço uma movimentação na entrada e um homem entra correndo por ela, logo apareceram guardas e seguraram o homem. Seu rosto estava virado para o outro lado da sala onde o rei e meu tio estavam, mas ele parecia muito familiar.

- Perdão, meu filho não deveria ter vindo está noite. - A rainha se desculpa indo até eles. - O que faz aqui, meu filho?

- Eu me recuso a aceitar isso. - Fala o homem no mesmo tempo que nossos olhos se encontraram e acabo indo um pouco mais para frente para ver se não estava ficando louca.

- Oliver?

- Oliver?

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A Bastarda - O Sangue Sujo da Família Real (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora