Prólogo

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23 anos atrás

A rainha, em meio às lágrimas, sorriu quando pegou a filha em seus braços. A criança tinha herdado os marcantes olhos azuis da mãe. Seria difícil alguém não perceber a semelhança entre elas. O único traço do pai, o jovem soldado, era o nariz. Porém, desde que pegou sua filha no colo, já tinha certeza de que ela seria corajosa, como ele. A semelhança seria um grande problema; seus planos de deixá-la morar com os avós paternos na cidade teriam que ser mudados.

— Madame — chamou a criada ao bater na porta.

— Entre — respondeu a rainha, limpando algumas lágrimas que ainda estavam em seu rosto.

— O senhor Walker e sua esposa chegaram.

— Ótimo, peça para servirem-lhes o chá.

A criada fez uma reverência e, depois de olhar para trás, verificando se havia alguém por perto, aproximou-se da rainha.

— O mensageiro acabou de entregar — informou, estendendo-lhe uma carta. E, logo acrescentou, em um tom mais baixo: — Não é só isso.

Percebendo que a mulher estava relutando se deveria ou não contar, a rainha se levantou da poltrona e colocou a filha na cama, ao mesmo tempo que ordenava para que a mulher falasse logo.

— Eu não sei se deveria lhe entregar, não tem nenhum selo. Pode ser que seja alguém maldoso do castelo...

— Não se preocupe. Você não será prejudicada por isso, pode ficar tranquila. Apenas eu e você nessa casa iremos saber sobre essa carta desconhecida. Estamos entendidas?

— Perfeitamente, majestade - concordou a criada, entregando-lhe o envelope que trazia escondido em sua blusa. Fez uma breve reverência e saiu apressada do cômodo.

Com as mãos trêmulas, a rainha abriu o primeiro envelope e pegou a carta do rei. As lágrimas voltaram com força e não paravam de cair por seu rosto, mas não a impediram de conseguir ler a grossa letra itálica de seu marido.

"Querida Roselyn,

Seu tempo está acabando e não sou conhecido por minha paciência. Espero que faça logo seu dever e volte para casa. Seu filho não para de chamar pela mãe, seria lamentável ter que contar que a mesma não voltará.

Com amor, Seu Rei"

— Desgraçado! — Gritou, jogando o papel para longe.

Ela se jogou no chão e abraçou os joelhos, puxando-os para o peito, o que era difícil de se fazer, já que o tecido da saia de seu vestido impedia a aproximação.

— Estúpido vestido — reclamou baixo, em meio às lágrimas. Detestava sua vida e, mesmo chateada com o pensamento de nunca mais ver sua filha, ela sorria, lembrando que a vida da menina seria bem melhor que a sua.

Roselyn respirou fundo e pegou o papel que sobrara. Por mais que tivesse quase certeza de que encontraria ofensas à sua pessoa, ela estava curiosa com seu conteúdo. Sem falar que eram poucas as pessoas que não colocavam seus selos nas cartas endereçadas; a maioria parecia se orgulhar em ser reconhecida por ela. Era até cômico pensar que a pessoa estava lhe insultando, mas ao mesmo tempo feliz em fazer esses xingamentos à sua rainha. Afastando seus pensamentos, concentrou-se no papel que tinha em mãos e o abriu.

"O rei se encontrou com sangue esta tarde. 

Conversavam sobre a criança.

A Bastarda - O Sangue Sujo da Família Real (Completo)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon