*~Capítulo 30~*

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Gabriel

Consegui sair do escritório de Bernardo pelas três horas da tarde, posso sentir meus ombros pesados e tensos pela conversa que tivemos.

Ele garantiu que irá investigar, o mesmo me disse que já contratou um investigador profissional, que fora o mesmo quem tirou as fotos.

Acelero. Sentir a velocidade é uma das formas que estou tentando usar para me acalmar, não sei o que pensar, muito menos como pensar.

Quem gostaria de fazer algum mal para Miranda? Nada que eu pense ou que até mesmo imagine faz sentido, não neste momento. Talvez não consiga raciocinar direito, não no estado que estou.

Dirijo até o apartamento,bparando somente nos sinais vermelhos.

Acelero a moto pelo estacionamento, vejo que o carro de Miranda ainda não está em sua vaga, ainda não deve ter terminado o almoço.

Após desligar a moto, saio de cima da mesma.

Tiro o capacete e passo minhas mãos por meus cabelos tentando arrumá-los. Direciono-me até o elevador, o mesmo se abre e digito a senha.

Encosto minha cabeça na parede de metal, fecho meus olhos tentando ter cinco minutos de reflexão ou até mesmo ficar um momento, por menor que seja, sem nenhuma preocupação.

O barulho das portas de aço se abrindo faz com que meus olhos se abram. Vejo o hall de entrada totalmente deserto e silencioso.

Silêncio.

Como isso é bom, ouvir o silêncio. Caminho lentamente para dentro do hall.

Deixo as chaves em cima de uma mesinha que fica ao lado do elevador, isso é algo que Miranda chama de organização, porém insisto em nomear como " lembrete de chave".

Sorrio com o pensamento, antes ela ao menos se importava com a organização dos móveis, porém hoje em dia discute comigo por deixar a toalha molhada em cima da cama.

Por isso não posso deixar que nada de mau aconteça á ela, não por ser protetor demais, ou coisa assim, mas por ser egoísta demais e não querer de nenhuma forma imaginar como seria um mundo sem ela.

Vejo-a como um presente. Desde que voltei para o Brasil pude notar que mudei demais, e gosto dessa mudança.

Nesses dez anos que se passaram percebi que deixei com que meus princípios escorressem por minhas mãos , pois realmente, havia mudado muito. Havia me tornado um homem que sempre prometi a mim mesmo que nunca me tornaria. Um cafajeste. Vi anos e anos, as mulheres ao meu redor sofrerem por homens que diziam amá-las e jurei a mim mesmo que quando amasse uma, a amaria de verdade. Mas não sei explicar, simplesmente me tornei o que sempre temi ser.

Sempre vi a mulher como uma dádiva, um presente á mais que Deus deu á nós homens. São frágeis, mas ao mesmo tempo muito mais fortes que nós. São esperançosas, alegres e ao mesmo tempo tristonhas. Delicadas como uma rosa, e assim como uma flor precisa de cuidados.

Por isso me apaguei tanto á Nicole, nos conhecemos de uma forma tão inusitada e estranha que qualquer um poderia dizer que nós nunca mais nos falaríamos e veja só... Lembro-me como se fosse ontem. Seu pequeno e delicado corpo encolhido entre a união das paredes, seus olhos claros implorando por ajuda. E aquele homem gritando para que ela o ouvisse, mas aquela pequena menina tão linda, parecia não ouvi-lo. Até que ele começou agredi-la, então não respondi por mim.

Simplesmente parti para cima dele. Era tanta ira que ao menos conseguia controlar.

E ao invés de gritar para que parássemos, a loura ficou ali, com o olhar perdido. Fitando o nada.

Coincidências Do AcasoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora