capítulo 16

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   Rosa fitando o caboclo
   levantou-se sem demora
   dizendo que sem demora
   o quarto fechou por fora
   e para o lado da pedra
   caminhou na mesma hora.

   Chegando perto da pedra
   avistou um vulto junto
   disse Rosa ao vulto:
   responde o que te pergunto
   se és anjo ou fantasma
   se és vivo ou defunto?

   O vulto lhe respondeu
   não tenhas medo, querida
   que sou Armando Amaral
   a quem juravas sem vida
   venho plantar em teu peito
   uma esperança perdida.

   Gritou Rosa: meu Armando
   me escuta por caridade
   eu te tinha como morto
   meu Deus, que felicidade!
   Jesus teve dó de mim
   e descobriu-me a verdade.

   Logo Armando abracou-a
   louco de amor e chorando
   Rosa sem poder falar
   deu-lhe um beijo soluçando
   quando viram o caboclo
   vinha apressado chegando.

   Dando o braço Armando a Rosa
   lhe disse: vamos, querida
   confia no meu critério
   pois tu és a minha vida;
   Rosa só fez responder-lhe:
   por Deus fui favorecida.

   Na mesma noite em Natal
   saltaram em uma canoa
   sobre a proteção dum vento
   soprando de popa á proa
   até chegarem em Natal
   fizeram viagem boa.

   Saltando Armando em Macau
   deu ligeiro andamento
   a se esposar de Rosa
   cumprindo seu juramento
   e o padre da freguesia
   celebrou o casamento.

   E escreveu a Tiago
   uma carta que dizia:
   "Senhor Tiago Agostinho
   me desculpe a ousadia
   de eu carregar sua filha
   para a minha companhia"

   "Eu sou Armando Amaral
   a quem o senhor julgava
   estar morto pra sempre
   como a carta lhe afirmava
   aquilo foi para eu ver
   se Rosa ressuscitava".

Literatura de CordelWhere stories live. Discover now