O dia negro

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Eram quatro da tarde de 20 de fevereiro de 2020, Duran e Lorren faziam uma de suas tradicionais maratonas de terror, quando a bolsa de Lorren estourou. Duran imediatamente ligou para a pediatra, que lhe passou os procedimentos. Era um rigoroso inverno, as ruas estavam com neve e os carros congelados, a equipe teria que fazer o parto na casa e demorariam quase uma hora para chegar. Uma eterna espera que levou quarenta minutos.

Os médicos chegaram e se dirigiram até o quarto onde Lorren estava deitada, prepararam todo o equipamento e pediram para Duran sair. Sob protestos ele foi forçado a esperar do lado de fora. Ele podia escutar os médicos, a respiração ofegante de Lorren, um grito! Mais conversa e respiração ofegante. Já aviam passado trinta minutos, Duran bate na porta do quarto, mas não é atendido Ouve outro grito. Parece mais agudo, mais carregado. Os médicos continuam falando, Duran não entende o que eles dizem, o som esta abafado pela porta. Então vem gemidos de esforço,respiração ofegante, gemidos de esforço. Um grito tão longo, que gela a alma de Duran. E... os gritos param e a conversa diminui.

Um novo som aparece, um mais suave,agudo, quase sofrido. Então a porta se abre, uma medica pede para Duran entrar. O ar ali esta pesado e úmido, ele vê as pernas de Lorren, sangue no lençol, um medico esta cobrindo sua visão da esposa. Quando se aproxima o homem sai e ele pode ver Lorren com uma pequena trouxa de toalhas onde só aparece um pequeno rosto, branco como o de Lorren, com olhinhos azuis, como os seus, curiosos e fascinados. Lorren olha para o bebê -- É uma menina, amor. Nossa linda menininha. -- Olha para Duran, sua face esta pálida e suada, mas com um sorriso lindo, radiante.

Em seguida os olhos de Lorren viram para cima e seus braços amolecem. Os médicos correm para a cama, um deles pega a menina no colo enquanto outros ajustam Lorren na cama, outro medico o empurra novamente para fora. Duran observa boquiaberto, Lorren começar a se debater e uma estranha espuma branca sair da sua boca aberta até que a porta se fecha na sua cara.

Duran tem a impressão que o corredor ficou repentinamente mais escuro e frio. O tempo passa, mas ele não sabe quanto, as vezes parecem horas, as vezes parecem minutos. Sons estranhos vem do quarto, gritos, gemidos, um som aguado. A conversa preocupada dos médicos. Mais escuro, esta ficando mais escuro, mais frio. Não é só o ambiente, um véu gélido e sombrio parece cai lentamente sobre seu corpo. Agora faz uma hora desde que Lorren começou a convulsionar. Ele se aproxima da porta, pronto para bater quando ela se abre.

Novamente a medica, Duram passa por ela quase sem vê-la, tem os olhos fixos na cama. O ar, que antes era pesado, agora tem um cheiro pior, quase fétido. Um dos médicos se coloca entre ele e a cama Duran o encara e força a passagem outros médicos o seguram. Ele grita, se debate, exige ver sua esposa, quando outra medica grita -- Está assustando sua filha! -- Duran para imediatamente. Lentamente olha para a voz, a medica está do lado dele com a menina no colo, o rosto da bebê contorcido em um quase choro, os olhos azuis, enchendo de lágrimas, expressava medo. Duran solta um longo suspiro e funga algumas vezes, lança um olhar para a cama o lençol cobre todo o corpo de Lorren. Então se dirige até a medica e pega sua filha pela primeira vez, contrariando a expressão anterior, a menina abre um sorriso, igual ao sorrido de Lorren uma hora atrás. - Lorren - Duran sussurra para a menina que ri a menção do nome. Uma onda de calor corre seu corpo, afastando temporariamente o frio que sentia antes.

Lentamente ele é conduzido para fora do quarto e até a sala. Lá o medico explica o que pode ter ocorrido -- Possivelmente foi alguma sequela física do acidente, que passou despercebida... -- O homem continuou falando mas Duran não escutou. Lorren morreu. Sua esposa estava morta. A mãe de sua filha morreu no quarto de cima. Duran uma sensação estranha e ruim, um misto de felicidade e tristeza. Euforia e depressão. Ele começou a chorar, e então a rir, e chorou novamente, ria e chorava. Pensou que tivesse enlouquecido, mas retomou o controle.

Duran Hammond - Detetive ParticularWhere stories live. Discover now