XII -

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Louisy

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Depois de despejarem a bomba em mim, resolvi tomar um banho. O acordo era que depois que eu dormisse um pouco, conversaríamos mais sobre o assunto. Aparentemente eu ainda não sabia tudo, e fiquei me perguntando o que aquilo tudo abrangeria.
Me despi o mais lentamente possível, naquele momento eu queria paz.
Levei meu rádio portátil para o banheiro e coloquei uma música calma. A melodia lenta me trazia uma sensação de conforto.
Liguei o chuveiro e entrei de baixo da água antes mesmo dela esquentar por completo. A água fria caiu sobre meu corpo me arrepiando.
Me lavei, e ora ou outra cantava ou dançava. Aquilo era tão eu, tão familiar. Mas aquela familiaridade toda, estava estranha em meus pensamentos, aquilo era comum para quem? A Louisy de há poucos dias, que mal sabia quem era? Cuja existência era baseada em regras sociais? E agora? Que Louisy era esta? Quem eu havia me tornado?
Comecei a rir, além de estar tendo uma crise existencial, eu era uma histérica.
Aos poucos, as risadas se tornaram lágrimas, e deixei o peso do meu corpo seder sobre as pernas e cai no ladrilho verde do banheiro. A água ainda despencava torrencialmente sobre meu corpo, mas eu não tinha mais forças para desligar e mesmo que conseguisse, sentiria frio.
O tempo passou, e ouvi vagamente a porta do banheiro se abrindo. O chuveiro sendo desligado e mãos fortes me segurando pelos braços. Importava qual deles dois eram? Sim!
Levantei os olhos e encontrei olhos azuis me fitando preocupados. Thomás.

- Me desculpe... - ele começou, mas não continuou.

Thomás pegou uma toalha e começou a me secar. Cada parte do meu corpo. Aquilo não era nada erótico, era íntimo, carinho e cuidado. Meus olhos se encheram de lágrimas novamente, a tempos ninguém cuidava assim de mim.
Ele me envolveu com meu roupão roxa chiclete, amarrou o cordão e me pegou no colo. Acomodei minha cabeça em seus ombros e deixei que me levasse para o quarto. Naqueles meios segundos senti a mente se clarear, meu corpo já não doía tanto, e a tristeza estava se esvaindo.
Quando chegamos na cama ele me deitou nela e virou de costas, indo em direção a porta.

- Espere... - disse sem pestanejar. - Fique comigo está noite. Por favor.

Não suportaria ficar sozinha, eu sabia que assim que ele saísse do quarto tudo voltaria, aquele peso no meus ombros.
Ele se aproximou sem dizer nada, e se deitou a meu lado, me aninhando em seu peito.

- Como você faz isso? Me acalma? Sei que disse que é coisa da imortalidade, mas gostaria de entender. - perguntei, a voz apenas um fio do que era.

- Bom, demorei um século e meio para descobrir isso. Mas para ser sincero, este foi mais um presente seu, do que da transformação em si. - Ele começou - Na verdade, quando você mudou o que eu era, a essência da morte que trago comigo, você me deu um dom. Posso de certa forma, curar cada dor, sintoma e ferida, desde que ainda esteja vivo.

- Então aquelas mulheres dos meus sonhos, elas nunca...? Não de verdade...? - O que eu queria dizer era morreram. Mas não tive coragem. Senti ele sorrir sobre meu cabelo.

- Não, elas despertavam algumas horas depois, sem lembrar de nada. Sabe Louisy, e extremamente difícil controlar a instinto de um vampiro, e desde que resolvi descobrir toda a verdade sobre o que aconteceu com nos, tive que fazer certas... Atrocidades. Coisas que jamais admiti, mas que são necessárias. O sangue humano nos dá forças, principalmente para mim.

- Pelo o que eu fiz?

- Sim pelo o que você fez. Você tirou minha sede, mas não mudou o que eu sou. Sangue é o que me faz continuar acordado e sangue é o que eu preciso para ficar mais forte... E quando eu digo isso, quero dizer fresco e direto da fonte.

Estremeci, pensar naquilo e me lembrar daqueles sonhos macabros era demais para mim. Não suportava imaginar que ele tivesse que fazer aquilo. Que era realmente necessário.

- Estive pensando, e se você não tivesse... Se não precisasse... Se eu...? Aí cara que difícil - Thomás riu. - Certo, se você não precisasse se alimentar de mais ninguém, se pudesse pegar a cada dia uma pequena porção do meu sangue. Isso não ajudaria?

Levantei a cabeça até que pudesse enxergar seus olhos. Suas mãos acariciaram meu rosto suavemente, passando pela bochecha até meu queixo, inclinei minha cabeça em direção a suas mãos, elas desceram um pouco mais, pesando sobre meu pescoço. Meu coração se acelerou e constatei que ele havia percebido pois um sorriso brotou em seus lábios.

- É uma oferta generosa Lou... Mas não poderia, nem se quisesse e eu não quero. Seu sangue é valioso demais e você precisará se manter forte de agora em diante.

Ele se aproximou lentamente do meu rosto, descendo até o encontro do meu queixo com o pescoço e depositou um beijo suave. Meus pelos se arrepiaram e soltei um suspiro.

- Me contento em sentir o gosto da sua pele e seu cheiro. - Suas palavras saiam enquanto me beijava, orelha, nuca, queixo, pescoço... - Sentir o calor que emana do seu corpo. Poder ver seu rosto levemente vermelho de prazer...

Neste momento nossos olhares se encontraram e como mágica uma ligação se fez. Sua boca encontrou a minha, enquanto a sensação era de que estávamos nos fundindo um no outro. Deslizei as mãos por baixo de sua camisa branca de linho e senti sob meus dedos os músculos de sua costa se contrair deliciosamente.
Thomás se pôs cuidadosamente sobre o meu corpo, me prensando contra a cama. Seu sexo roçou o meu, duro e pulsante sob a calça, soltei um suspiro de excitação.
As mãos de Thomás foram tomando forma em meu corpo, depois de desamarrar o roupão. Ele afastava lentamente a seda para o lado, despindo aos poucos as partes de minha nudez, e o tecido macio em atrito com a minha pele sensível me desestabilizou.
Gemi alto quando seus dedos chegaram ao meu seio acariciando e beliscando levemente meu mamilo, que logo trocou pela sua boca, sua língua me rodeou e eu senti lá no meu baixo ventre. Me contorci em busca de alívio.
Porém antes que pudéssemos fazer qualquer coisa a mais, senti uma fisgada na minha cabeça. Começou como uma pulsação incômoda, até que virou uma dor latente que ia da base da minha nuca até minha testa. Ergui as mãos tentando pressionar a têmpora, mas era inútil. A dor só aumentava.
Thomás colocou as mãos uma de cada lado de meu rosto mas de nada adiantou, gritei de dor. E quando achei que minha cabeça fosse explodir as pancadas foram embora, como um retrocesso, até que restou uma pontada incômoda e depois mais nada. Foi quando ouvi:

- Não resista, minha querida. Não resista! - era a voz metálica, a voz de Malik, na minha cabeça, repetindo sem parar este mantra horrível. Senti as lágrimas escorrerem novamente e sem saber o que fazer, rezei para que a voz sumisse, até que ela sumiu.

Olhei em volta e vi Guilherme parado a porta, com um olhar preocupado. Thomás estava ao meu lado beirando desespero. Foi quando me toquei que estava semi nua.
Puxei o roupão para cobrir meu corpo e quando olhei para a porta novamente meu amigo havia sumido. Senti as lágrimas correrem pelo meu rosto, quando Thomás me puxou para um abraço. Ficamos assim até que adorcemi.

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Pessoal capítulo dedicado a mim mesma, pelo meu aniversário kkkk que tal me deixarem feliz e depositarem várias estrelinhas aqui?

Beijokas 😘

Thomás Black - PAUSA TEMPORÁRIAWhere stories live. Discover now