VI - Verdades impressionistas

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Louisy Anderson

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Acordei sentindo frio, e a claridade incomodava meus olhos. Olhei em volta me lembrando aos poucos da noite anterior. E que noite. A rosa que ele usou para me acariciar estava pousada inocentemente no travesseiro ao meu lado, mas ele mesmo não estava em lugar nenhum do quarto.
Não pude deixar de sorrir lembrando dos beijos, daquelas mãos, do corpo bem torneado. Do seu membro viril. Minha pele começou a esquentar e me obriguei a sossegar. Aquilo não devia ter acontecido. Deixei minha parte logica de lado naquela hora, mas não podia mais ignorá la.
Queria saber que visão era aquela de nos em outra vida. Parecia tudo um conto de fadas as avessas.
A moça que estava com ele era diferente de mim, mas de alguma forma eu sabia que era eu. Aquela familiaridade. E como eu me sentia em casa quando estava com ele, não somente na visão, como ontem a noite enquanto fazíamos... Sexo? Transavamos? Foi tão intenso que eu não sabia como caracterizar.
Levantei ainda tímida pela minha nudez, mesmo que não tivesse ninguém ali. Olhei em volta, procurando a camisa dele, e achei meu vestido dobrado e limpo em cima do baú ao pé da cama. Peguei e entrei no banheiro do quarto, que aparentemente não se parecia com uma suíte, pois a porta estava escondida. Tomei um banho rápido e tentei desfazer os nos do meu cabelo emaranhado.

Sai pelo corredor que estava de uma forma estranha já me parecendo familiar. E segui para a sala. Thomás não estava a vista. A mesa novamente repleta de comida continha um bilhete escrito a mão com uma letra cursiva e delicada demais até.

"Querida Louisy, terei que me ausentar por umas duas horas. Se não for pedir demais, imploro que me espere. Temos que conversar.

A mesa tem seu café da manha, e se ficar entediada assista algum filme. Prometo que não demoro.

Seu
Thomás"

"Seu" "Meu". Repeti as palavras para ver como soavam. Eram estranhas, mas tão certas.
Tomei meu café da manha o mais lentamente possível. Tentando matar o tempo maximo.
Não queria esperar por ele, não deveria. Mas ali estava eu, andando pela casa conhecendo cada comodo.
Era imensa. E como ele havia dito, do lado de fora não tinha nada. Apenas um jardim enorme, com muitas flores lindas e coloridas, árvores e uma entrada de carro.
Na porta da frente um conversível preto opaco estava parado. Me aproximei e vi as chaves na ignição. Ele estava me dando a opção de ir ou ficar. Escolhi ficar.
Voltei para dentro e liguei a TV.
Achei um programa de comédia antigo qualquer, mas muito divertido, e fiquei o restante do tempo ali. Ate que ouvi o barulho da porta e dei um salto em direção a ela.
Thomás abriu um sorriso quando me viu, mas manteve distancia, hesitante.

- Você ficou. - disse quase admirado. Balancei a cabeca em concordância.

- Quero algumas respostas. - Enfatizando e cruzando os braços a frente tentando parecer o mais objetiva possível. Ele riu, alto e abertamente como se já esperasse isso.

- Tudo bem senhorita determinação. Vamos ate a sala.

Sentamos no sofá, ele pegou minha mão e começou a brincar com ela, desenhando círculos lentos por vários pedaços de pele.

- O que quer saber Lou? - sua pergunta me fez vacilar. O que eu queria saber? Eram tantas coisas, mas o que perguntar primeiro?

- O que era aquela visão que tive antes de fazermos... Antes de nos dois... Bom você sabe, antes daquilo tudo? + perguntei insegura.

- Bom... - Sua voz soava alegre - Antes daquilo tudo, a visão era de sua vida passada. Antes de ser Louisy você era Cassandra. Uma espanhola muy caliente. - ele riu. Me fazendo sorrir.

Thomás Black - PAUSA TEMPORÁRIAWhere stories live. Discover now