Carter era um dos alunos da minha mãe. Ele era três anos mais velho, era de uma cidade da Carolina do Norte. O conheci quando fui visitar a minha mãe na faculdade. Imediatamente quando vi os seus cabelos dourados, seus olhos azuis tão brilhantes e seu corpo tão bem esculpido quase que de um Deus grego, eu rapidamente me senti atraída e apaixonada.

Ele, porém, nem olhou para mim, claro. Com o tempo Carter passou a frequentar um dos grupos de estudo da minha mãe, as reuniões do grupo aconteciam na minha casa todas as segundas feiras. Eu me comportei como uma adolescente boba. Entrei para o grupo, ficava rindo feito uma tola, e sempre que podia olhava para ele. O seu maxilar quadrado, sua boca tão carnuda e vermelha, seus braços tatuados e definidos e o seu estilo bad boy, seu cabelo de estrela de cinema... Tudo nele era atraente.

Não demorou muito para que ele percebesse que eu o queria. E por mais estranho que pareça ele começou a dar sinais de que era recíproco. Carter flertava comigo, aproveitava todas as oportunidades necessárias para me tocar, até que finalmente ele me chamou para sair, eu dei pulinhos de alegria nesse dia.

Logo estávamos namorando. A minha primeira vez e o meu primeiro beijo foram com ele, eu acreditava que íamos ficar juntos para sempre. Os amigos dele achavam estranho um cara como Carter namorar alguém como eu, mas eu achava tudo àquilo natural. Carter me dizia coisas lindas, me fazia me sentir bonita, me colocava para cima, foi uma das melhores fases da minha vida. Mas infelizmente eu acabei descobrindo quem ele era de verdade.

Com o passar do tempo ele foi desenvolvendo um comportamento obsessivo, era ciumento demais, e me machucava durante o sexo. Ele chegou a me embriagar para transar comigo, aquilo foi horrível! Além disso, ele não era mais carinhoso. Começou a me chamar de gorda, falar que eu era feia demais e que se eu terminasse com ele nunca mais iria namorar outra pessoa. Só Deus sabe o inferno que eu vivi ao lado do Carter. Ter um relacionamento abusivo não é saudável, e nunca acaba bem.

Logo ele teve uma overdose e faleceu. Aquilo me destruiu completamente, meu pai havia sido preso por drogas, ter um namorado viciado não era algo que eu queria, ninguém quer. Tudo bem que eu já não gostava mais dele, mas fiquei muito triste e chateada com o que aconteceu. Porém, um dos amigos de Carter me contou a verdade: Carter só começou a namorar comigo para se aproximar da minha mãe, e com o passar do tempo ele percebeu que ela nunca iria dar bola pra ele, por isso mudou seu comportamento comigo. Era tudo mentira, as promessas, as palavras bonitas que ele falava durante o sexo... Tudo mentira, ele nunca me amou, nunca vai me amar, já que agora está morto. Era estranho saber que a minha mãe despertava mais desejo e paixões do que eu.

Por isso toda vez que um garoto bonito vem falar comigo eu sempre acho estranho. Depois de Carter eu não tive mais ninguém, eu não quero ter. Eu demorei anos para recuperar a minha auto-estima, demorei anos para aprender a me amar. Não posso e nem quero deixar algum babaca acabar com isso. Aprendi que se um cara gosta de mim de verdade ele não vai querer mudar nada em mim, nem mesmo os meus defeitos.

— Você gostou do filme? — Lee me perguntou logo que a sessão acabou. Eu bem que percebi o quanto ele estava nervoso por sair comigo, mas uma vez achei aquilo estranho. Não era normal alguém como ele gostar de mim, primeiro porque ele nem me conhecia direito.

— Sim — respondi. — Adoro filmes românticos. — menti, pois eu gostava mesmo era de filmes de terror, daqueles bem sanguinários. Filmes românticos sempre me faziam me sentir mal. A protagonista é sempre linda e ela parece ter a síndrome da garota feia, mesmo ela parecendo uma barbie. O protagonista também era perfeito e romântico, era tudo um enorme clichê. E na vida real relacionamentos não são assim.

— Que bom — ele sorriu, seu sorriso era tão largo e branco.

— Está gostando de Jersey? — perguntei, porque sei que ele é novo na cidade.

A GAROTA QUE VOCÊ NÃO QUISWhere stories live. Discover now