Capítulo 9

137 19 1
                                    

- Tenho que comprar algumas coisas que faltaram para a cozinha. - fechei os armários completando minha lista de compras que estava fazendo à dias.

- Você poderia fazer uma dessas festinhas que mulheres fazem e ganham as coisas. - Juliano aproximou apoiando-se na bancada de mármore, ele tinha passado a noite novamente comigo, já estava virando hábito.

- Não, realmente não tem muitas pessoas que estão felizes com o meu retorno. - disse o ignorando.

- Assim você parece que é a malvada da história, mas não é. Você foi tanto vítima quanto ele.- concluiu para o meu desespero, claro que eu havia sido vítima também, mas ninguém quer saber disso, ninguém quer uma vadia em sua amada comunidade.

- Eu sei disso, mas as pessoas e a família dele não sabe. - passei por Juliano que me segurou.

- Ou fingem ignorar. - levantou a sobrancelha como se eu não soubesse do óbvio.

Dou uma olhada brava para Juliano e vou para o quarto pegando minha bolsa.

- Eu poderia acompanhar você, mas eu passo essa coisa de compras - riu - E também tenho que voltar para o consultório, tirei o dia de folga mais minha agenda não vai se fazer sozinha e minha secretaria não está dando conta de organizar a do hospital.

- Bem que podiam daí teria um acompanhante nessa divertida tarde de compras - revirei os olhos fazendo drama e o abracei colocando minhas mãos em seus ombros.

- Humm primeira garota que não gosta de compras - me deu um beijinho sorrindo.

- Você já percebeu que não sou como as outras - o beijei de volta.

- Você é única Luna e sou um homem de sorte por estar aqui com você - me olhou com aqueles olhos verdes intensos me hipnotizando.

Ele me beijou pela última vez e saiu se despedindo, suspirei super animada pegando minha bolsa e deixei o apartamento.

Não tinha carro ou moto também não queria chamar um táxi, por tanto caminhei pelas ruas vendo o que a bela cidade tinha se transformado.

Muitas ruas foram feitas novamente agora com asfalto de pedras preta não mais aquelas pedras vindas do mar, algumas casas que lembrava ser lindas com a arquitetura antiga também foram modificadas transformando em mais novas e modernas.

Praticamente a cidade toda tinha se transformado com esses anos.

Cheguei até uma loja de utensílios domésticos e dei graças a deus por tudo ser perto do apartamento, seria mais fácil de carregar.

- Boa tarde senhora em que posso ajudar? - uma moça loura me abordou sorridente.

- Preciso de alguns talheres, pratos e copos. - peguei minha lista vendo o conteúdo.

- Os talheres são por aqui - ela me ajudou com as outras coisas também.

- Você tem desses em ferro inoxidável? - lhe estendi as facas que tinha gostado.

- Vou ver se tem em estoque lá dentro, só um minuto. - ela sorriu saindo para de trás da loja.

Fiquei observando o lugar, além de utensílios de cozinha você poderia fazer um enchoval completo com cama, mesa e banho, tudo muito bonito.

- Luna? - ouvi alguém me chamar.

Quando virei para a dona daquela voz acho que morri algumas vezes, Elizabeth estava parada do meu lado sorrindo.

- Elizabeth! - tentei sorrir para ela cumprimentando, mas estava surpresa de mais.

- Que bom que a encontrei preciso de companhia para escolher algumas coisas do meu enxoval, não sei os gostos de Daniel e como vocês são amigos há muito tempo acho que poderia ajudar. - ela me olhou implorando.

- Eu não sei Elizabeth, onde está sua madrinha ou sua sogra? - perguntei surpresa não vendo elas ali.

- Tiveram um imprevisto agora estou sozinha. - justificou. - Me ajuda!

De todas as pessoas no mundo ela tinha que pedir ajuda para mim, a ex do seu noivo, que aliás parece que não contou nada do passado para a pobre mulher.

- Tudo bem - suspirei já vendo que me arrependeria amargamente da decisão.

- Ai obrigada, você me salvou. - Ela deu pulinhos de alegria me abraçando.

-Okay... - me desgrudei de seus braços. - Por onde começou? - perguntei pegando os papéis de sua mão.

- Já escolhi o aparelho de jantar, então falta as coisas de cama, banho e decoração. Fica difícil quando não se sabe ao certo o gosto do marido. - faz uma careta insatisfeita.

- Não se preocupe homens não reparam nessas coisas. - digo quando chegamos a seção de cama.

- Okay, eu pensei em lençóis de seda vermelhos, mas minha mãe me fez optar por algodão. - Ela pegou os lençóis analisando.

- Os de algodão são melhores, mas se quiser algo especial os de seda serviria. - murmurei já começando a sentir a pontinha de ciúmes aparecer.

- Então está bom vou levar os dois. - passou a maquininha que estava em sua mão na etiqueta do produto e saiu olhando mais alguns.

- Pena ou algodão? - chamou minha atenção com dois travesseiros nas mãos.

-Qual seria mais fácil de te matar? - pensei com ódio.

- Pena. - escolhi - Daniel tem alergia. - revirei os olhos.

Me olhando surpresa escolheu o de penas e fomos para as toalhas.

- Gostei dessa amarela. - me entregou uma para verificar.

- É melhor as brancas. - Daniel não gostava de coisas coloridas, os tons primários ou pastéis já servia.

Passamos por todas as sessões comprando tudo que Elizabeth via pela frente até que chegamos as cortinas onde queria me enforcar desesperadamente, já tinha ficado com ódio na sessão de decoração, tudo que ela escolhia pedia minha opinião não ajudando muito com minha mente sadista que insistia que eu visse o que eles fariam em cada canto da casa deles.

- Amei esse tom de vinho, marsala não é? - perguntou para a pobre vendedora que estava conosco.

- Sim senhora, é uma cor bonita e viva. - Ela respondeu com o tom de voz entediada.

- O tom champanhe ficaria melhor. - dei minha opinião olhando o celular.

- Okay. - Elizabeth me olhou de cima a baixo. - Você conhece bem Daniel não é? - Ela faz a pergunta, mas sabia que não poderia dar uma resposta sincera.

- Quer saber não está dando certo isso aqui. - me irritei.

- Eu também acho que não. - Ela respirou fundo e olhou em meus olhos. - Você já ficou com ele não estou certa? - suas mãos foram para a cintura me encarando prestes a me atacar.

- Olha isso você vai ter que perguntar pra ele porque eu não vou responder. Tenha uma boa tarde. - deixei a lista com a vendedora e sai.

Ao cruzar a porta da loja senti o alívio me atingir em cheio fazendo descer as lágrimas que estava tentando conter por horas.

Eu não conseguiria viver ali naquela cidade de novo, não com as lembranças e sentimentos me impedindo de seguir em frente, devia ter ficado em Nova York pelo menos lá eu conseguia viver e respirar em paz.

Levantando a mão chamei um táxi e fui para casa, o melhor a se fazer agora era tomar um vinho nas minhas xícaras de chá e dormir para esquecer essa tarde infernal.

Confidente - COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora