Capítulo 4

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Calmamente arrasto meu corpo cansado pelo corredor da igreja em direção ao segundo banco a trás dos meus amigos, eu e todos eles sem exceção estávamos usando óculos escuros escondendo a ressaca dos olhares alheios dos outros, equilibrando em meus saltos passei por um grupo de velhinhas que me olharam feio pelo comprimento do meu vestido, nem estava tão curto assim, a barra batia a cima do meu joelho, era super comportadíssimo em comparação aos outros dentro do meu guarda roupa. Fiz careta ao perceber que seus olhares continuariam até que estivesse sentada quieta e foi o que aconteceu.

- Como você está? – Juliano perguntou se sentando ao meu lado.

- Morta – respondi sem ânimo com a voz embargada de sono, eu não tinha forças nem para falar.

- Estou vendo pela sua cara de ressaca – riu baixo para que não chamasse atenção.

- Mais uma risadinha eu apago esse sorriso ridículo do se rosto – o fitei mortalmente por de trás dos óculos escuros.

- Tudo bem – ele sorriu levantando as mãos brincando em sinal de rendição.

Suspirei dando atenção ao padre que tinha se posicionado no altar para começar a recitar seu sermão. As horas foram passando de vagar, aliás, muito de vagar, a cada minuto eu me mexia por estar desconfortável naquele banco de madeira em uma posição só por um período longo de tempo, Juliano vendo meu desespero me assegurou que estava quase acabando, então voltei a me perder analisando os vitrais da igreja.

Depois da bênção pude suspirar aliviada, eu iria voltar para casa e descansar o resto do dia. Cumprimentei meus amigos que estavam mais desesperados do que eu para ir descansar, eles se limitaram apenas aos cumprimentos e foram embora.

- Preciso ir me confessar – Juliano pareceu se lembrar chamando minha atenção enquanto andávamos para fora.

- Você se confessar Jú – dei risada segurando em seu braço voltando para dentro da igreja.

- Muito engraçadinha, de quinze em quinze dias eu me confesso já virou hábito – gesticulou com as mãos como não fosse nada de mais.

- Claro até imagino você contando quantas vezes "caiu em tentação" esse ano – voltei a sorrir abafando o riso.

- Você deveria tentar alguma vez ou és tão santa quanto eu? – sorriu sugestivo.

- Idiota! – bati em seu braço o acompanhando até seu confessor.

Esperei sentada no primeiro banco da igreja vazia enquanto ele recebia sua penitência, não demorou muito como poderia imaginar que seria, parecia que ele não era tão pecador assim.

- E aí quantos açoites você tem que dar? – perguntei fingindo entusiasmo.

Juliano revirou os olhos e bufou impaciente com minhas brincadeiras.

- Porque você não tenta se confessar? – sugeriu

- Com certeza – respondi irônica.

- Vou estar esperando aqui – ele se sentou ao meu lado.

Fiquei olhando para ele incrédula, ele tinha mesmo sugerido aquilo?

- Vai Luna o padre não tem o dia todo – piscou me despachando.

Sem acreditar no que iria fazer entrei no confessionário me sentando em um banquinho, a igreja era totalmente moderna, mas por alguma razão mantinha o confessionário tradicional. Suspirei tomando coragem, eu nem sabia como começar a confessar.

- Bom olá padre... Espera não é assim – me repreendi - Seria perdoe-me padre porque eu pequei? – perguntei me sentindo uma completa idiota.

- Me parece que você filha não é muito religiosa – a voz do padre soou do outro lado da telinha furada que nos separava.

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