Capítulo I - NARIZ DE PANO

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ATENÇÃO:

É recomendável que você pelo menos conheça o universo dos livros de Monteiro Lobato, na qual essa história se baseia, para você ter uma melhor experiência da mesma. Esse livro foi criado a partir de informações, lugares, nomes de pessoas e entre outros casos históricos verídicos. Entretanto, todo o enredo e mitologia criado em torno desses fatos não passam de mera ficção... Eu acho...

~*~

Era julho. A paisagem mundana que podia ser vista através das janelas do carro em movimento era de certa forma apreensiva. O vento cortante parecia fazer o verde do capim esvoaçar em contraste a enorme claridade proporcionada pelo sol vespertino. A luz era forte, no entanto, a temperatura era amena. Perfeito. Como quaisquer férias de primavera deveriam ser.

Já havia feito um bom tempo desde a última vez em que os irmãos Breno e Brenda haviam pisado no solo de sua cidade natal, Taubaté. A mãe passara o trajeto inteiro cantarolando no volante, ligando e desligando o rádio a procura de músicas que não fossem hits bregas da estação, e claramente empolgada com todo o passeio de duas semanas, tagarelando sem parar e sempre questionando os filhos se eles se lembravam de certos locais em que viveram os seus primeiros anos de vida nos seis anos passados.

Os filhos, tão pouco exibiam essa animação. Ambos mal se falavam, no entanto sabiam o que o outro sentia. Um intenso tumulto de questionamentos confusos da cabeça até o estômago. Era difícil talvez contar se a mãe estava realmente interessada em rever a cidade em que teve os filhos com o antigo esposo ou se estava apenas absurdamente consumida pela abstinência da nova paixão que havia encontrado no tal lugar. Clara claramente ia se casar de novo. Os irmãos nunca a viram tão contente com um namorado igual nos últimos anos, aquela viagem com certeza seria apenas um pretexto para dar as boas notícias.

Breno bufou no banco de trás, ligeiramente se distraindo pelas mechas de Brenda que balançavam livremente pelo vento da janela entre aberta. Eles se lembravam da cidade muito pouco. Breno e principalmente sua irmã, bloquearam por completo todas as infortunas memórias nas quais foram acumuladas naquele lugar. A grande bola de neve que deu início em Taubaté e foi tomando forma, seguindo-os até nos dias de hoje. Eles decidiram concordar, mesmo sem falarem um com o outro, sobre fingir o esquecimento e a incompreensão daquele local. Seria como a primeira vez. A primeira vez no lugar que deixaram quando o pai os deixou.

Longo e deplorável conto que não era necessário reforçar em voz alta e nem nas linhas de um papel.

O garoto abaixou o volume do aparelho celular, retirando de leve os fones do ouvido para poder pegar a nova fala da mãe.

- Aí estamos! - exclamava em júbilo - Olhem só! A placa! A placa!

Os gêmeos levaram os olhares simultaneamente para as janelas esquerdas do veículo. A mãe diminuía a velocidade para que desse tempo para que os filhos admirassem junto a ela.

BEM VINDO A TAUBATÉ.

CAPITAL NACIONAL DA LITERATURA INFANTIL.

As primeiras casas davam os seus sinais de vida. Começavam pequenas e tímidas aqui e acolá, mas em seguida, a paisagem se abria para um caminho de construções decrescente. As casas iam ficando maiores e mais majestosas, exibindo suas arquiteturas neocoloniais exuberantemente opcionais ao tempo que insistia no passar das décadas em massacrar o artístico.

Taubaté não é o tipo de cidade que você pode classificar como pequena, mas também não pode classificar como grande. Era como um lugar já desenvolvido, no entanto, onde a população se mantinha de antigos hábitos e "notícias" se espalhavam por ela como ventos cochichadores.

O Segredo do Pássaro AmareloOnde as histórias ganham vida. Descobre agora