CAPÍTULO 4 - Voto de (des)confiança

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À tarde, John fez as fotografias da campanha. Era engraçado ver o fotógrafo mandando ele mudar de pose o tempo inteiro. A câmera podia amá-lo, mas a recíproca não era verdadeira. Durante o intervalo, ele já estava impaciente.

– Mais tarde iremos beber alguma coisa, já esgotei meu limite de paciência! – John diz, enxugando a testa com uma toalha.

Tinha que concordar com ele: podia parecer divertida, mas a sessão de fotos era extremamente cansativa. E eu estava só observando, imagino como era para ele! Os holofotes esquentavam, a maquiagem tinha que ser retocada o tempo inteiro e sempre tinha alguém gritando ordens... A vida de estrela não era tão glamorosa assim.

– Ah, claro, porque bebida é um ótimo combustível para pessoas que já estão no limite! – provoco-o – E você sabe que eu não posso entrar em nenhum bar, continuo com dezessete anos.

Ele joga a toalha em uma mesa próxima e me lança um olhar superior.

– Você acha que isso seria um problema estando comigo?

Lá vem ele e seu grande ego de novo.

– Sim, se isso significar que corro o risco de ser expulsa de um bar na frente de todo mundo porque você se enganou! – sussurro tentando não chamar atenção.

Ele apenas levanta uma sobrancelha para mim.

– Acho que você vai ter que me dar pelo menos um voto de confiança, Helena.

Antes que eu possa responder, o fotógrafo chama-o de volta. Ele pisca para mim e volta a posar com um microfone na mão. Devo ver pelo lado bom. Se eu passar vergonha, poderei jogar isto na cara dele por dias.

Depois do que parece uma eternidade a sessão finalmente termina e voltamos para o hotel. Ainda faltam algumas horas para sairmos, então decido por um longo banho de banheira. Ah, a maravilha de estar submersa em água quente com espuma! Eu tenho mesmo que sair com John? Poderia ficar aqui o resto da noite.

Lembro-me do vídeo de Chris bêbado. Ele estava alterado no dia em que eu cheguei também. John disse que é normal para os músicos, mas me preocupo mesmo assim. Preciso ter uma conversa séria com ele.

Saio da banheira e começo a me arrumar. No meio da confusão com o Chris não prestei muita atenção ao que estava sendo colocado na bolsa. Ainda bem que encontro um jeans azul saruel, que cai em mim como uma luva, um lindo cropped branco e um maxi colar chumbo.

Não sei fazer penteado elaborado, então decido deixar meus cabelos soltos, ondulados e meio bagunçados. Tento imitar a maquiagem que fizeram em mim na festa. Não fica igual, mas é próximo o suficiente. Para completar o conjunto, sandálias também na cor chumbo. Elas são lindas, foi Sam que me deu no meu último aniversário.

Sam... Estou com tantas saudades! Pego o iPhone e ligo para ela.

No terceiro toque Sam atende:

– Alô?

Imito uma voz mais grossa:

– Boa noite, gostaria de falar com a senhorita Samantha. Ela se encontra?

Sua voz sai desconfiada:

– Quem quer falar com ela?

– Aqui é da Segurança Nacional, gostaríamos de interrogá-la sobre a apropriação indevida de fardamento policial.

– Vai se lascar, Elle! – ela grita no telefone.

– Ei, como você sabia que era eu? – Pergunto indignada.

Elle - sombras do passado (Série Jack Rock - volume 2) AMOSTRA!Where stories live. Discover now