Capítulo 5

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Laura

Quase tive uma síncope quando o vi. Me deparar com o Bruno, tão bem apessoado e seguro de si, fez meu sangue gelar. Por um segundo achei que realmente houve uma redução de irrigação de sangue em meu cérebro, ocorrendo então o "quase" desmaio. Quero acreditar que a reação involuntária de meu corpo seja movido pela repulsa por sua personalidade dubitável; mas no âmbito de meu ser, sei que é o contrário. E é com pesar que admito a possível duvida. Mas quando olho em seus olhos, minhas barreiras já rachadas desmoronam. Esses olhos penetrantes e intensos me encaram como da primeira vez, mas desta vez, com um pitada de inquietação; e este novo olhar me leva ao ápice da curiosidade. Mesmo assim, permito-me afundar neles por alguns preciosos segundos.

Após se distanciarem, continuo parada na porta da sala dos professoras, arrebatada por sua imponência, e ainda aquecida com seu olhar; conformada com a ânsia de querer estar ao lado dele, mas sem poder. No entanto, para minha surpresa, ele se vira e me encara, deixando-me envergonhada; desvio o olhar. Ganhando coragem, motivada pela dose de curiosidade, ergo minha cabeça para fitá-lo; rapidamente ele ergue sua mão, fazendo sinal de um telefone com os dedos polegar e mínimo. Após o gesto, ele volta a andar apressadamente para alcançar seu grupo.

Corro em direção ao meu armário, a fim de pegar meu celular; e quando chego, meu telefone está tocando. Decodifiquei sua mensagem com êxito.

Atendo apressadamente seu telefonema e surpreendo-me com seu convite inesperado.

Não sei se devo aceitar, pois não quero me doar para algo que desconheço. Se eu estivesse certa de que estou no controle da situação, de que ele não passa de mais um homem com o qual eu me relaciono amigavelmente ou profissionalmente, certamente um sim decoroso sairia da minha boca, mas ao invés disso, um sim hesitante se faz presente.

Bruno é o homem que me faz querer descobrir minha feminilidade, o que é assustador, pois este sentimento jamais foi despertado por ninguém, e não era por ele que eu queria que fosse despertado; e tudo isso com o poder de seu olhar.

Não sei a que se deve tal convite. Tirando o fato dele ter mentido para conseguir que eu dê as aulas à sua irmã, não temos nenhum outro vínculo. Em nenhum momento ele tentou ser amigável ou demonstrou interesse em me conhecer melhor. Não levo em consideração o presente que me deu, porque todos naquele dia me presentearam; se ele tivesse me ligado no dia seguinte, propondo algum encontro, saberia que o que sinto em relação a ele é recíproco, então, seu desdenho para comigo é a confirmação de que eu sou tola em pensar que por um segundo ele poderia me desejar da mesma forma. Mas resolvi aceitar, pois quero saber o motivo de sua inquietação.

Chego ao estacionamento, e sento-me a sombra de uma mangueira, pego um livro e inicio minha leitura enquanto ele não chega.

Levo um pequeno susto quando ele me chama, bem próximo. Por que a todo momento ele parece estar se maravilhando ao me ver sem jeito? Levanto-me e sorrio para disfarçar minha vergonha. Falo que estou com fome, mas no momento, a fome é a última coisa que me incomoda. Agora, seu olhar devorador está lançado para mim, como se a qualquer momento ele fosse me comer.

Trato de dissipar tal pensamento, pois não há como ele me comer. Isso seria canibalismo, Laura. Penso.

Quando dou o primeiro passo, ele segura minhas mãos e entrelaçam nas suas. Que sensação maravilhosa! Sua mão é tão grande e bronzeada, contrastando com a minha, que é pequena e pálida. Involuntariamente, meu corpo achega-se ao dele, e nossas laterias estão coladas. Posso sentir seus músculos acentuados e seu perfume amadeirado. Fecho os olhos e me permito desfrutar dessas sensações, deixando-me ser guiada por ele até seu carro.

Orgulho e Desejo (Revisando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora