Capítulo Onze

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A reação de Caleb ao vê-la com aquele vestido foi semelhante à reação à roupa anterior, embora pior, Luana se lembrou tarde demais, que também usara uma roupa parecida na noite que os dois tinham brigado, dois anos atrás.

Depois de uma refeição deliciosa, ela decidiu esperar por Wilmer e Gustavo no saguão do restaurante para tomar um pouco de ar fresco. Ashley pediu licença e foi ao toalete, deixando-a inesperadamente a sós com Caleb. Bem, era melhor ficar sozinha com o ex-noivo durante alguns minutos do que partilhar o toalete, apesar de espaçoso, com a rival.

- A escolha dessa sua roupa foi deliberada? - ele perguntou num tom baixo e contido.

- Não. - Luana respondeu. - De jeito nenhum. -

- Você também usava uma roupa parecida com essa na noite que brigamos. E me deixou despi-la, acariciá-la. Meu Deus, você realmente gosta de me torturar, não é? -

- Não fiz nada de propósito, por que tem sempre que pensar o pior a meu respeito? Por que me trata com três pedras na mão? -

- Fui condicionado a agir assim e em geral tenho motivos para me manter prevenido. - Caleb falou por entre os dentes, os olhos ansiosos percorrendo o restaurante à procura dos outros.

- Droga. Eles não deviam ter nos deixado a sós. - Luana se aproximou, incapaz de resistir à força máscula que emanava daquele corpo viril. O perfume que Caleb usava ainda era o mesmo de anos atrás, o cheiro impregnando-a como uma droga potente, fazendo-a se esquecer de toda cautela.

Ele reagiu à aproximação feminina imediatamente, os olhos penetrantes parecendo querer lhe desvendar os segredos do coração.

- Sentindo-se inclinada a um pouco de aventura? É melhor não arriscar. -

- Não estou arriscando nada, estou apenas saindo do meio do caminho para não atrapalhar as outras pessoas. -

- Sério? - Sem deixar de fitá-la um segundo sequer, Caleb agarrou uma de suas mãos e a colocou sob o paletó do terno, obrigando-a a sentir os músculos rijos ao redor da virilha. - Olhe para mim. - ordenou num tom de voz que não admitia recusa.

Luana entrou em pânico e tentou se afastar, porém ele continuou segurando-a pelo pulso com firmeza.

- Caleb, por favor, pare com isso.- Disse num fio de voz.

- Houve uma época em que você mal podia esperar o momento de ficar a sós comigo, que suas mãos tremiam na ânsia de desabotoar minha camisa, tocar meu peito. Dançar lhe dá o mesmo prazer, Luana? Faz você soluçar de desejo, louca para sentir o corpo de um homem se enterrar fundo dentro do seu? -

Ela deixou escapar um gemido rouco e puxou a mão com violência, tentando se livrar das sensações que ameaçavam engolfá-la. Quase cega pela emoção, abriu caminho entre a pequena multidão que se formava no saguão à procura de Gustavo.

- E então mana, pronta para ir embora? -

- Onde está Wilmer? -

- Deve estar vindo para cá. - Instantes depois Wilmer surgia do outro lado do saguão, acompanhado por um homem baixo e bastante nervoso. Os dois conversavam numa língua estranha, impossível de ser entendida.

De repente o homem baixo se despediu com um gesto de subserviência e se afastou depressa, como se o diabo estivesse ao seu encalço. Wilmer murmurou alguma coisa, os olhos escuros brilhando cruéis. Mas a expressão de ódio desapareceu como por encanto ao se aproximar de Luana.

- Ah, minha dançarina. Que tal irmos para o teatro agora? -

- Sim, claro. - ela respondeu sorrindo de volta.

A BailarinaWhere stories live. Discover now