Chocolate de verdade

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Sexta-feira, 25 de Maio de 2015

08h25min. - Heritage Oaks Hospital, Sacramento, Califórnia.


Liam jogou a bandeja dele em cima da mesa e sentou.

Patrick olhou para Natasha e Jessie.

-Que merda está acontecendo? - As duas estavam assustadas. Liam olhou para trás, para um garoto que murmurava, pasmo. O garoto ficou quieto.

Mia entrou no refeitório e pediu um café, então ela olhou para as mesas, para checar os pacientes. De lado para o balcão, sem nem piscar ela esticou a mão para pegar o copo de plástico, sem tirar os olhos da cena, mas derrubou tudo no chão.

— Bom dia. — Connor jogou a uva na boca. — A propósito, que livro do Dickens você está lendo?

Liam olhou para ele, menos de um metro na sua frente.

— Eu não falo enquanto como.

— Tudo bem. —  Connor continuou comendo. As pessoas continuaram assustadas demais para fazerem outra coisa, além de encarar. 

— Nat, querida. — A garota olhou para Patrick. — O que eu perdi?

— Eu não sei... A última vez...

— Eu sei. Eu estava lá!  —  Dorothea estava um pouco assustada, também.

— Mia? Aquele é Liam Ulrich sentado com o garoto novo?

— Eu não sei. Eu devo estar drogada. — Ela saiu do refeitório balançando a cabeça.

— Quantos anos você tem? — Liam continuou comendo, mas ergueu uma sobrancelha para ele. — Desculpa.

O garoto disfarçou o sorriso mastigando. Connor continuou com os olhos fixos no próprio prato.

— Dezoito. — Liam murmurou. Connor puxou um sorriso.

(...)

  Os dois deixaram o refeitório juntos. 

— Como são as sessões com a psicanalista? — Eles no corredor vazio dos quartos.

— Ele vai tentar entrar na sua cabeça. É um saco, mas é melhor que as sessões em grupo e as com o psicólogo.

— O que vocês fazem no final de semana?

— Quando não é final de semana de visitas nós somos obrigados a assistir uns filmes e fazer todas as coisas chatas habituais, mas nas noites de sábado nós ganhamos uns chocolates ruins.

— Chocolate? Como chocolate pode ser ruim?

— Acredite.

— Por que você nunca fala com ninguém?

— Porque as pessoas sempre vão embora e eu estou destinado a morrer aqui.

— Não é verdade. Pode ajudar. — Liam olhou para ele.

— Eu nem sei por que estou falando com você. Você vai embora, de qualquer jeito. — Liam abraçou os joelhos e deitou a cabeça neles.

— Você já falou com alguém?

— Você nunca vai saber sobre mim, Connor.

— Nós veremos.

— Você quer apostar? — Connor deu de ombros.   

Mia se aproximou.

— Liam? Vamos? — Ele assentiu para ela e se levantou. — Connor? A sua sessão é em meia hora. Eu venho buscá-lo.

Through His Eyes | TronnorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora