⊹──⊱ Destinos traçados ⊰──⊹

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Um Dia Antes

Caleb Wood narrando.

Desembarquei e já eram oito horas da manhã, estava super atrasado pra volta das aulas. Sai correndo até a saída, mas em meu trajeto esbarrei em um anão de jardim que estava na minha frente.

— Olha por onde anda anão de jardim –  Deixei ela para trás e corri para a porta que dava acesso a saída do aeroporto, ouvi a menina resmungou algo e até pensei em voltar para ajudá-la, mas eu estava muito atrasado pra pensar em outra pessoa.

Sai de dentro do aeroporto, pegando o primeiro táxi que vi em minha frente dando ao motorista o endereço da universidade. Eu estaria ferrado com a diretora se eu chegasse atrasado. Bem, ela é quase um illuminati, talvez já saiba.

[...]

Passei de fininho pela administração da universidade com a intenção da diretora não me ver, mas acho que falhei.

— Senhor Wood? – Senti um calafrio percorrer meu corpo.

Me virei para encarar a mulher de braços cruzados que estava escorada na bancada da recepção.

— Diretora Evans? – Senti meu fim se aproximar.

— Na minha sala. Agora. – Seu olhar mortal me dizia que eu não sairia de lá com menos do que uma marca na cara.

Entrei após ela na sala  e me sentei de frente para a enorme cadeira que foi ocupada pela Sra. Evans, eu já conhecia bem aquela sala, vinha aqui no mínimo uma vez por semana.

— Caleb nem começaram as aulas e você já está me dando dores de cabeça – Ela falou colocando a mão na testa.

— Perdão Sra. Evans, o meu voo atrasou e eu não consegui chegar no horário – Me expliquei.

— Que não se repita Caleb, e como castigo, amanhã você terá que mostrar a universidade para a aluna nova, até pelo fato de você ser o presidente do corpo estudantil.

— Sério isso? Mostrar a universidade a uma novata? Fala sério! – Protestei.

Ela arregalou os olhos com a minha informalidade e logo me recompus.

— Ah não, por favor, me bate, mas isso não. – Implorei.

— Te bater não está nos meus planos. E chega, Caleb. Você não se esqueça que quem manda aqui sou eu. – Colocou os óculos de lado.

— Sim senhora. –  Abaixei a cabeça — Okay, amanhã antes de ir para aula eu venho mostrar a universidade para a aluna nova. – Suspirei. — Já posso ir? – Perguntei e a mesma assentiu com a cabeça, me levantei me direcionando a saída.

E o resto do meu dia se resumiu em: estudar e trabalhar.

Comandar uma empresa não é nada fácil, por mais que eu tenha a ajuda de James, meu mordomo, amigo e pai, é difícil administrar tudo sem quase enlouquecer.

James foi quem cuidou de mim quando meus pais morreram, ele sempre trabalhou para minha família. Sempre foi o mais presente possível.

Agora eu estava deitado em minha cama pensando em como seria se meus pais estivessem aqui. Eu mal me lembro de seus rostos, acho que por conta da tragédia eu apaguei quase todas as memórias que havia deles. Queria lembrar como é a voz deles, como era o sorriso e se eles me amavam como eu acho que sim.

Escutei o despertador tocar e levantei a mão na tentativa de o desligá-lo, mas não deu muito certo. Me levantei e fui em direção ao banheiro meio cambaleando por conta do sono. Me aprontei inteiro e desci para finalmente ir ver o que tinha para comer.

—  Senhor Caleb, não vai comer nada antes de sair? – James perguntou formal, como sempre.

— James a minha vida toda passei com você praticamente cuidando de mim, não precisa de toda essa formalidade – Falei batendo de leve em seu ombro.

— Tudo bem Senh... Caleb – Dei uma risada.

— Já é um começo – Falei pegando as chaves do meu carro — Estou saindo James – Peguei a mochila e o celular e sai de casa indo em direção a garagem.

[...]

Estacionei meu carro na vaga mais perto da entrada, peguei minha mochila no banco de trás e sai ativando o alarme do mesmo. Avistei meus amigos e me direcionei a eles.

— Ei Caleb, olha a novata que gata – Olhei para onde eles apontaram e me deparei com uma bela garota de pele clara, olhos azuis e cabelos em um tom de loiro claro. A mesma caminhava com alguns livros na mão, escorados ao peito e um leve sorriso no rosto.

Com certeza é pobre.  

— Não faz meu tipo – Falei dando de ombros e andando até a entrada junto com a galera.

Eles conversavam sobre assuntos diversos enquanto eu olhava as minhas mensagens no celular. Foi na minha completa distração que senti alguém colidindo contra o meu corpo, e a mesma caiu sentada no chão.

— Era só o que faltava – Revirei os olhos.

— Olha por onde anda, nanica! Não é possível que eu esteja nessa de novo... – Seus olhos azuis reviraram-se em total fúria.

— Você que tem que tomar mais cuidado e de preferência quando você esbarrar em alguém primeiro ajude ela a levantar e depois seja arrogante – Ela levantou, limpando suas mãos na calça jeans que usava.

— Quem você pensa que é pra falar assim comigo hein? Olha aqui pirralha, nessa universidade existe uma hierarquia e você está lá embaixo enquanto eu estou em cima, então baixa a bolinha – Revidei com propriedade.

A garota saiu batendo o pé, mas eu não dei importância. A última coisa que eu precisava era de gente comentando sobre isso na universidade.

— Meteu medo na garota Caleb – Cris falou rindo.

— Ela é que é medrosa demais. Nem devia estar aqui se vai ser assim – Resmunguei.

Depois daquele ocorrido eu fui direto à diretoria pra esperar a tal aluna que a Sra. Evans falou.

Ouvi a porta da sala que pertencia a diretora se abrindo.

— Ali está ele – Ela falou e então eu ergui o olhar para ver quem era a aluna e para a minha surpresa era a nanica de mais cedo.

Só pode ser sacanagem.

Você? – Olhou como se eu fosse a pior surpresa da vida dela.

—  Aff. É a covarde. – Dei meu maior suspiro cansado.

— Olhe o respeito senhor Wood... Bom, vejo que já se conheceram, senhor Wood, mostre a menina os principais lugares. Um bom dia para vocês e, Caleb,  não esqueça de ser respeitoso. – Me advertiu e entrou em sua sala.

Encarei a garota na minha frente, que a princípio estava com uma cara de indignada e abri a boca para falar já que era óbvio que ela não ia falar nada.

— Vamos, eu tenho coisas mais importantes para fazer.

— Não precisa me mostrar nada, eu posso muito bem ver as coisas sem companhia –  Falou passando por mim, não deixando de encostar seu ombro no meu braço.

— Olha aqui pirralha, a universidade é enorme e você vai acabar se perdendo aqui e faltando a segunda aula, então para de ser teimosa e vamos logo – Falei pegando em seu braço e a puxando para a longa trajetória.

Tudo Tem Um PropósitoOnde histórias criam vida. Descubra agora