— ALI! ALI! ALI! — Daniela apontou, virando o corpo para o lado direito enquanto via uma lanchonete passar por eles. Como o namorado não demonstrou qualquer reação ao seu pedido, ela correu o olhar até os olhos dele e o encarou: — Você ouviu o que eu disse?!
Ele a olhou de volta, suspirou, diminuiu a velocidade do carro e verificou pelo retrovisor se vinha algum carro por trás, para assim poder fazer o contorno na SP-160.
— Se a gente for parar a cada lugar que encontrar na estrada, nunca vamos chegar em Santos — reclamou. Virou o volante para o lado esquerdo dando mais outro olhar para ela.
— Larga de ser chato! — Letícia retrucou do bando de trás da amiga. — Agorinha a gente chega lá.
Daniela se ajeitou no banco, pegou o celular ao lado de sua perna e foi ver a notificação que ouviu receber um instante antes de perceber a lanchonete passando por eles.
— Quem é? — George, o namorado de Daniela, perguntou, olhando para ela por um curto instante antes de voltar a prestar atenção na estrada.
A moça fez pouco caso, jogando o celular de onde o tirou, dizendo:
— É só a minha mãe perguntando onde eu tô.
Letícia soltou uma rápida risada. Daniela passou os olhos pra ela, revirou os olhos e abriu um sorriso.
George não disse mais nada, apenas seguiu pela estrada. Ao alcançar a lanchonete, virou à esquerda e encostou com o carro no pátio. Caminhões, carros, motos, ônibus e vans, ocupavam todo o pátio de pedregulho cinza ao entorno da lanchonete bem movimentada.
Ainda ali do carro podia-se ouvir risadas. Algumas pessoas estavam vestidas com roupa de praia, outras com roupas comuns e uma minoria com certos agasalhos, já que o dia não estava exatamente ensolarado.
De súbito, Daniela virou para trás, ficou sobre os joelhos no banco passageiro e intercalou os olhos de Letícia a João.
— Vão querer alguma coisa?
Letícia gesticulou negativamente com a cabeça enquanto João disse:
— Não, tô de boa.
Daniela então olhou para o namorado, que abriu a porta, dizendo, antes de alguma pergunta:
— Eu vou lá com você.
De short jeans azul claro e uma camisa de alcinha branca, com a alça preta do biquíni à mostra, a moça seguiu rumo à bancada da lanchonete, onde logo acima dela tinha uma tábua grande e grossa, amarelada e envernizada com letras pretas entalhadas, escrito: Lanchonete Beira-Santos.
Chegando à bancada, a moça colocou o antebraço sobre ela, inclinou seu corpo para frente e sorriu para um homem que se aproximava do outro lado.
— Boa tarde — ele disse.
— Boa tarde — ela respondeu. — Moço, onde fica o banheiro?
Ele primeiro olhou para George, que estava ao lado de Daniela e só então olhou para a jovem.
— O banheiro vive trancado.
Ela juntou as sobrancelhas, olhou para os lados, ainda que não mexesse a cabeça, franziu a testa e levou de leve a cabeça para trás ao indagar:
— Tá, mas eu posso entrar nele?
O homem acenou com a cabeça ao passar uma flanela na bancada perto dos braços de Daniela.
YOU ARE READING
Sujo, imoral e inconsequente
ChickLitSujo, imoral, inconsequente é um resumo do que acontece entre primos nessa história. Com predisposição à psicopatia, Daniela é uma jovem que faz o que quer, na hora que quiser, e que o resto aprenda a conviver com isso. O seu mundo entra em colapso...