Capítulo 46

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Malia's POV

-Como você está se sentindo? – ele me perguntou assim que entramos no quarto, passando os dedos levemente pelo meu pescoço nas marcas que ficaram pela tentativa de asfixia.

-Cansada. Física e emocionalmente. – Me afastei um pouco dele e tirei a blusa suja de sangue, jogando-a no cesto de roupa suja. Me virei de frente para ele enquanto amarrava o cabelo. Ele olhou para minha barriga com uma expressão de choque. Porque ele está tão surpreso? Não é como se nunca tivesse me visto sem blusa. Ele veio até mim devagar sem tirar os olhos da minha barriga.

-Meu Deus, isso não tá doendo? – Olhei para onde ele encarava sem entender e vi uma marca roxa no meu abdômen. Eu tinha levado um soco. Não me lembrava disso até ver a marca. Assim que tomei conhecimento dela, senti a dor me atingir.

-Não estava até agora. Que droga, vou ficar horrível no uniforme com uma marca dessas. Pode pegar gelo na cozinha para mim, por favor? – ele confirmou e saiu do quarto. Terminei de tirar a roupa no banheiro enquanto a banheira enchia. Joguei uma loção para fazer espuma e depois entrei. A água morna no meu corpo começou a me trazer uma deliciosa sensação de limpeza.

Afundei a cabeça na água e fiquei ali embaixo, pensando em como tivemos sorte essa noite e como tudo poderia ter terminado diferente. E se um daqueles tiros tivessem nos acertado? E se aqueles caras fossem mais fortes? E se Callie tivesse se machucado mais? Eu não vou pensar nisso. Já acabou e estamos bem, é tudo o que importa agora. Quando não consegui mais prender o ar, soltei o corpo e emergi na banheira.

Limpei o sabão do rosto e olhei para o lado. Harry estava sentado no chão, ao lado da banheira, com a cabeça encostada na parede. Ele me deu um sorriso sem vida quando o encarei.

-Se não te conhecesse, pensaria que estava tentando se afogar. – ele disse baixo e devagar, com sua rouquidão natural. Se ele soubesse como senti falta de sua voz, falaria assim comigo para o resto da vida, é como música para mim. – Mas você se ama demais para fazer algo assim. – ri baixo e olhei para a espuma na água, ele se manteve em silêncio. – Você sentiu medo? – conseguia detectar a apreensão em sua voz.

-Não sei, não lembro. Só lembro de pensar que não podia morrer. – que papo mórbido, já passou, segue em frente, Malia! O Harry tá aqui com você, é tudo que precisa importar agora. – Quer dizer, eu ficava pensando nas milhões de pessoas que ainda não tiveram o prazer de me conhecer!

-Ai meu Deus! – ele começou a rir e eu o acompanhei. – Sabe, posso fazer uma lista bem grande de pessoas que não consideram te conhecer como algo prazeroso.

-Elas não tem ideia do que estão falando! – ele ainda ria, com os olhos apertados, os dentes brilhando no meio de sua gargalhada e suas covinhas aparecendo. Foi por isso que sabia que não podia morrer, foi para vê-lo assim de novo. Ouvir sua risada, sentir aquele perfume tão dele, aquele cheiro onde eu não seria capaz de encontrar em nenhum outro lugar no mundo. Foi para ter a sensação de suas mãos grandes entrelaçadas a minha. Sentir aquela paz que só ele me trazia. Eu lutei por mim, sobrevivi por mim, mas para ter a chance de passar mais tempo com ele. – Pode me passar a toalha? – ele levantou do chão e foi até onde a toalha estava. Enquanto ele ainda ia até ela, me levantei da banheira e fiquei em pé dentro dela, completamente nua, esperando ele voltar. Assim que se virou ele parou, seus olhos passearam por todo meu corpo, observei sua boca abrir, mas nenhum som saiu. Segurei uma risada e me mantive séria, ele tinha paralisado. Não sei o motivo da surpresa, não tem nada aqui que ele nunca tenha visto. – Eu tô com frio aqui, sabia?

Ele ficou vermelho e sorriu sem graça, caminhou até mim e me entregou a toalha. Me enrolei nela e saí da banheira, passei direto por ele, que ainda parecia em choque, e voltei para o quarto. Coloquei uma calça moletom e um top. Harry ficou de costas para mim enquanto eu me vestia, olhando para o meu mural de fotos.

ALMIGHTYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora