Capítulo 01

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Sentia como se minha cabeça pesasse uns cem quilos, tentava colocar minhas lembranças em ordem para tentar entender o que tinha acontecido.

A visão daquela pessoa loira me segurando era a última coisa na minha mente.

Forcei minhas pálpebras a se abrirem e senti uma dor alucinante na cabeça quando a luz invadiu meu crânio.

-Aí... – sussurrei, percebi um vulto próximo ao meu rosto – o que... Ai, ai! – A dor era alucinante, Sentia como se tivesse com uma ressaca e falta de visão, tudo misturado. Minha garganta ardia e sentia um liquido subir pelo meu esôfago, meu coração estava disparado e eu o sentia martelar em meus ouvidos intensificando aquela dor absurda na minha cabeça "Porra, eu vou morrer". Senti mãos girando meu corpo o colocando de lado enquanto meu corpo expelia violentamente qualquer coisa que estivesse em meu estômago, não conseguia pensar em mais nada, tudo o que eu queria era me livrar daquela dor, era difícil respirar.

- Calma, respira... puta merda... – ouvi uma voz ao longe, se distanciando cada vez mais, estava apagando novamente.

***

Abri meus olhos e encarei o teto, fiquei por alguns minutos olhando para o branco, pensando em nada, apenas ouvindo minha respiração que era lenta e uniforme, virei meu rosto para o lado observando pela primeira vez onde eu estava, o quarto amplo tinha um ar sofisticado e moderno, uma coleção de LP's dos anos 70/80/90 estava pendurada na parede, me prendia a atenção os nomes dispostos em ordem alfabética e gênero, completamente alinhados, sorri, eu adorava música, olhei para o outro lado, uma grande janela tomava boa parte da parede, estava com as cortinas abertas mas eu não conseguia enxergar o lado de fora, talvez pelo fato que era noite, baixei meu olhar para o meu braço, havia um acesso nele... acima da minha cabeça percebi o soro conectado a mim, imediatamente comecei a lembrar de tudo o que havia acontecido e uma súbita raiva tomou conta do meu corpo por inteiro, puxei o acesso sem muito cuidado espalhando um pouco de sangue pela cama, levantei devagar ( o medo de sentir aquela dor novamente me forçava a isso) respirei fundo algumas vezes, estava atenta a qualquer barulho ou movimento... me coloquei de pé e graças aos céus não senti dor ou tontura, me sentia muito bem disposta por sinal, olhei ao redor prestando atenção ao detalhes daquele quarto, me aproximei de uma cômoda que tomava praticamente toda a parede, haviam vários porta-retratos com fotos de uma família que eu nunca vi na vida, eram em três, uma jovem senhora, por certo era a mãe, tinha cabelos castanhos claros e encaracolados, seus olhos eram cor de mel, havia também um homem, o pai, cabelos lisos e grisalhos, corte impecável, seus olhos eram claros, verdes, azuis? Havia uma menina, em todas as fases da sua infância, loira, cabelos ondulados, olhos azuis e profundos, em todas as fotografias eles pareciam felizes e em paz... meu olhar foi atraído por um retrato em especial, a menina loira, que agora era uma mulher "Foi tirada no Grand Canyon", pensei, peguei aquele retrato e o trouxe para mais perto... era ela quem tinha me atacado, cerrei os dentes com raiva... observei seus traços, o olhar era intenso, azuis como de uma safira, seus lábios bem desenhados rosados estavam em perfeita harmonia com sua pele que era tão branca quanto a minha... ela não tinha cara que sorria com muita frequência, voltei a minha atenção para aquele olhar, tenho que admitir que eram intimidadores, pareciam como o olhar de um caçador, intimidadores e lindos... aproximei a fotografia mais ainda afim de ver os detalhes daquelas pupilas, havia pequenos pontinhos azuis mais claro, me lembravam um céu estrelado – nossa...- sussurrei maravilhada, com a fotografia bem próxima ao rosto...

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