Capítulo 5

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Justine

Entro na sala junto ao governador, algumas pessoas estão lá. Me sento de frente para ele.

- Justine, preciso registrar você oficialmente no sistema do governo, para isso precisamos coletar um pouco do seu sangue. – Uma mulher se aproxima de mim e me manda fazer algumas coisas. Lembro de quando uma garotinha da comunidade, que estava doente morreu, antes mesmo de tomar suas vacinas, então, Kiro pediu aos seus pais, que me dessem suas vacinas. Eu tinha oito anos, os curandeiros tentaram aplicar, mas eu não deixei, tinha medo do que eles fariam. Então, Kiro fez eles o ensinar a aplicar e ele me pediu que o deixa-se fazer isso, eu estava apavorada, mas eu confiava nele. Depois que tudo passou, Kiro me deu o boné dos Tigres de presente, era a coisa mais legal que eu já tinha ganhado na vida. Ele disse que eu precisava ser recompensada pela minha bravura. Saio dos meus pensamentos e quando percebo, ela já está terminando. – Agora precisamos apenas de uma foto sua, fique parada. – O homem que está junto à mulher, para algo bem fino e com uma lente na sua extremidade, para meu rosto, dois segundos, e ele o tira. – Muito bem, obrigado – O governador diz e eles se retiram.

- Então, agora eu sou registrada? – Pergunto.

- Sim, como uma River. – Dou um leve sorriso a ele.

- Trouxe algo lá de fora com você? – Ele pergunta me observando atentamente e seus olhos para no colar preso ao meu pescoço.

- Sim, um colar – Levo minha mão ao meu pescoço e o retiro, um colar de linha e um pingente de uma pequena pena, amarrado a ele. Seus olhos observam atentamente o colar – É algo da nossa comunidade, quando o seu nível de importância vai aumentando, você ganha uma pena, quanto maior ela é, mais importância você tem. Algo que apenas as pessoas mais velhas possuem. – Minto, o colar é referente a caça, quando você faz dez anos, eles o mandam sozinho para a floresta atrás de caça, você precisa caçar a presa correta e achar o caminho de volta, então você pode ser um dos caçadores, mas é claro que existe outras etapas, eu receberia uma pena maior agora que fiz dezesseis anos, se passasse no teste, mas parece que estou destinada a ficar aqui.

- Como sobreviveu tanto tempo lá fora? Quem cuidava de você? – Tomo cuidado com todas as minhas palavras, sei que ele espera ouvir tudo sobre minha comunidade e que eu entregue quem me escondeu todo esse tempo – Uma mulher cuidou de mim até os meus quatorze anos, ela morreu faz dois anos. Ela disse que me encontrou na floresta, próximo ao local que meus pais foram mortos. Cuidou de mim como se fosse sua filha, quando ela morreu, quiseram me entregar ao orfanato, mas eu não deixei, implorei a eles que me deixassem e caso vocês aparecessem, eu iria morar na floresta, então eles me deixaram, não podiam imaginar que eu era procurada.

- Você vivia na comunidade onde um dos amigos de seus pais vive e sabia que era filha de traidores.

- Kiro – Digo. – Ele foi o primeiro a querer me entregar, contou que conhecia meus pais e que eles eram traidores, mas não me disse mais nada além disso. Ele tem câncer de pele e dizem que está ficando louco, então eu sempre me mantinha longe dele – O governador parece me analisar. Ele abre a gaveta de sua mesa e me entrega algo que me parece apenas um pedaço de vidro, mas quando o toco, ele liga e então o nome aparece CTphone.

- É um CTphone, seus amigos podem explicar a você como funciona. - Toco em algo que faz a imagem sair de lá e ficar a minha frente, toco nela e ela se movimenta. – Pode tirar se quiser, é o holograma, você pode usar de ambas as formas.

- Obrigado – Digo e acabou me distraindo com o CTphone.

- Justine – Ele me chama e eu o encaro – Preciso que me entregue o colar. – Aperto o colar em minha mão, entendo que não tem a importância do outro, mas esse ainda sim tem valor sentimental, é a única lembrança que carrego da comunidade, de quando eu voltei da floresta com minha caça na mão e Kiro veio orgulhoso e colocou o colar em meu pescoço.

Hoffen: UnidosWhere stories live. Discover now