III - Sem chance!

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Pov. Nathan

Depois do enunciado que Beatrice Shambers, a garota da rádio, fez no almoço, Mike não me deixou em paz.

− Cara, é sua grande chance! − Era o que ele repetia direto para mim.

− Mike, esquece. Não tem a menor chance. − Suspiro, sem saber o que fazer para ele deixar isso de lado.

− Você é muito tapado, cara − decide ele.

− Okay. Agora você vai parar de falar sobre isso? − Questiono, já cansado.

Ele ergue as mãos em rendição e balança a cabeça.

− Depois, não vem chorando até mim quando o CD dela sair com o sortudo que aproveitou a oportunidade.

− Tá, tá. Valeu. Agora me deixa ir para minha aula, antes que eu me atrase − digo já me distanciando dele.

− Como você é sem graça − desdenha ele, porém me acompanha pelo corredor.

Me calo para que esse assunto se acabe, antes que eu dê um perdido nele.
E daí se Izabella Martins está procurando alguém para cantar com ela? Ela é famosa, vai com certeza cantar com alguém famoso. É verdade que as músicas dela são lindas e fazem qualquer cara querer ser a inspiração para ela. Mas essa não é a minha realidade. E Mike fica animado sempre que a garota da rádio fala qualquer coisa. Eles sim combinam.
Agora eu só quero tirar essa ideia estapafúrdia da cabeça do meu melhor amigo. Cantar com Izabella Martins. Que ilusão.
Já tenho tanto com o que me preocupar, não preciso de um louco querendo colocar pensamentos ridículos na minha cabeça.

O dia foi bem tranquilo, como costuma ser na escola. Ruim mesmo é a parte de voltar para casa.

Como sempre, sou recebido pelo furacão do casal de gêmeos Marília e Marcos. Crianças de 7 anos tem energia para dar e vender.

− Me devolve meu diário, Socram. - A loirinha corre atrás do irmão, como sempre, o chamando pela ordem contrária do nome.

− Nã, nã, nã, nã, nã, nã. − Ria ele enquanto fugia da outra. − Vou ler seu diário. E para de me chamar assim!

− PAPAI! − Grita ela, inutilmente, pois meu tio dificilmente está em casa.

Eu rio, porém vejo que já está na hora de parar com isso. Quando eles correm por mim, rapidamente pesco o diário da mão de Marcos.

− Ei! − Ele reclama, se voltando para mim. − Me dá isso, Scott!

− Isso não é seu, Johnson − digo o chamando pelo sobrenome também. Entrego o caderninho à minha prima. − Aqui, pequena.

− Obrigada, Nate. − Ela me olha com aqueles olhos enormes e eu acaricio sua bochecha.

− Não precisa agradecer. E parem com esse pé de guerra. Eu vou fazer o jantar de vocês. Por que não vão tomar banho?

− Marcos não toma banho, é porquinho. - A menina ri e corre até as escadas.

− Não sou não! − O outro grita, me mostra a língua e corre atrás da irmã.

Rio. Esses dois, penso, e sigo em direção a cozinha.
Enquanto separo os ingredientes para o macarrão com queijo, comida preferida dos gêmeos, o celular na minha mochila, que está jogada em uma das cadeiras, começa a tocar. Corro até lá porque se for meu tio, vai ficar uma fera se eu demorar a atender.
Mas não é ele.

Cinderella Às AvessasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora