1. Ela Geralmente Não Recebe Ordens

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Alguém abriu a porta abruptamente me fazendo acordar do meu transe assustada. A luz iluminou boa parte da cela. Um cara meio corpulento de suíças grossas, de uns 21 anos, entrou e abriu espaço para que alguém passasse, e então o avistei, mesmo depois de tanto tempo ainda não sabia se o odiava ou sentia falta dele, não me julgue! O cara é gostoso pra caramba... E daí que ele me trancou em uma cela por 80 anos...

- Você é louca?! – Ele se aproximou de mim fazendo a cela parecer menor do que já era, mas gente... Eu não fiz nada! – Eu te procurei por todo lugar, faz 80 anos que ninguém houve falar de você!

- Já estou virando lenda? – Eu sorri me espreguiçando – Que eu saiba, eu sou alguém muito perigosa e tudo mais – Eu ri de forma histérica – Deveria ficar presa... Foi você que disse.

- Isso não importa realmente – Ele sentou ao meu lado passando a mão pela minha perna – Achei que tinha fugido há décadas...

- Não... – Eu passei a língua pelos meus lábios – Pode ser bem divertido aqui, seus guardas são bons no meu jogo. – Bom, a verdade? Como uma boa garota apaixonada, passei boa parte dos primeiros anos esperando que ele viesse e me tirasse dali e dissesse que se arrependia, depois, tive minha fase depressiva, essa foi de dar peninha, sério, como vou me matar se eu não morro? Depois percebi como estava sendo idiota, e tive minha fase de distribuir ódio, eu bolei tantos planos para sair daqui e me vingar que eu acabei cansando, e então entrei na fase que estou até agora, eu não faço mais nada a não ser visitar minhas lembranças.

- Até parece, eu pensei bem quando te coloquei aqui, eu não podia deixar que você os subornasse, portando eu acho impossível ter rolado algo com eles, meio que está faltando um elemento principal para esse tipo de coisa... – Ele sorriu e olhou para baixo segurando o riso.

Eu fiz uma careta e me deitei em seu colo, ele ficou surpreso, meus olhos percorreram seu lindo rosto, tinha olhos em um tom único de verde e o cabelo bagunçado castanho escuro e um corpo que, Meu Deus! E então lembrei que ele provavelmente não estava ali para matar saudade.

- Você deve querer alguma coisa – Eu falei baixinho, ficando séria de repente.

- Está certa... Mas antes, queria saber... Por que diabos estava tentando dormir? –Eu ri e ele pareceu não entender o motivo.

- Não estava, sabe que é impossível – levantei meu tronco e me virei para o olhar nos olhos – Estava sonhando.

- Isso é impossível...

- Não é, é como meditar, você desliga toda sua mente e foca em uma memória, e quando consegue a sensação é maravilhosa, é como um transe...

- E com o que estava "sonhando"? – Ele sorriu, mas não foi um simples sorriso, foi O sorriso.

- Impossível eu te contar – Disse rindo – Foi há muito tempo... E também, não é da sua conta. – A verdade é que é doloroso falar sobre meu acidente e tudo o que aconteceu depois da minha "ressuscitação"... – O que quer que eu faça?

- Há um grupo de rebeldes ao oeste do país, A Ordem dos Imperfeitos...

- Quer que eu mate, torture ou capture? – Eu acabei ficando animada repentinamente, na verdade só de pensar em sair daqui e matar algumas pessoas ficava animada.

- Quero que os ajude – Ele se levantou e ficou olhando para mim, esperando minha reação. Que não demorou a aparecer, eu arregalei os olhos e fiquei boquiaberta, provavelmente a cena foi cômica.

- Tipo assim, eu to tranquila... to mesmo, aqui nessa cama fedorenta e nessa cela suja, melhor lugar para estar. – eu sorri e deitei na cama – quando quiser pode voltar, eu e as baratas amamos visitas...

StoreStock - A Ordem dos ImperfeitosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora