A Primeira Vez

915 65 47
                                    

13 de Novembro de 2003.

16h47min. - St. Peter's Catholic School, Hokan, Minnesota.

Connor abriu os olhos. O coração estava disparado e ele lutava contra a vontade de chorar. Alex e Derek os dois coleguinhas de sala estavam atrás dele, esperando que ele pulasse sozinho, mas Connor estava com medo de pular. Era novembro e ele morava no Minnesota. Devia estar por volta de -3º Celsius ali, e por mais que Connor tivesse apenas dez anos, diferente dos dois garotos atrás dele ele tinha a consciência que pular na piscina nessas condições não seria bom. E Connor não sabia nadar. 

Ele analisou os pontos.

-Estava frio para inferno. Provavelmente o dia mais frio até agora.

-Ele estava na escola, o que significava que ele não tinha outra roupa para vestir.

-Ele estava de frente para o lado mais fundo da piscina. Cinco metros.

Com certeza eu vou morrer. - Ele pensou. 

O garoto sentiu os dois pares de mão nas suas costas, então ele chorou em silêncio. Alex e Derek se olharam, então eles deram risada e empurraram Connor para dentro da água gelada.

...

Naquele momento Troye estava no quarto. O garoto de sete anos brincava com alguns soldadinhos de plástico, em pé, perto da escrivaninha, quando os apertou contra os seus dedos, o mais forte que conseguia. O corpo tremia de frio. Ele estava gelado, o coração batendo acelerado, a respiração lenta. Troye abriu os olhos e só viu água. Ele estava dentro da piscina, lutando com os pés para subir, mas o peso do seu corpo junto com o da sua roupa o puxava para baixo. Ele abriu a boca para gritar, mas sentiu a água correr garganta abaixo.

Laurelle ouviu o barulho da cozinha e correu até o quarto do mais novo. Troye estava desacordado, jogado no chão, o corpo frio.

-SHAUN. SHAUN PELO AMOR DE DEUS. SHAUN LIGA PARA A EMERGÊNCIA. - Os outros Mellet correram até o quarto. - Troye, Troye fala com a mamãe. Troye fala comigo, meu amor. Troye? - Mas o pequeno não respondeu. Ele tinha sentido o corpo leve, então ele se deixou levar pela água. Seu corpo estava em Perth, mas seus olhos viam a piscina na pequena cidade no sul de Minnesota. O corpo reagia ao frio que Connor sentia.

O garoto mais velho, assim que foi empurrado abriu os olhos, para voltar para a superfície, mas se viu em um quarto. Ele olhou para baixo. Sentiu as mãos doerem, porque ele apertava os soldadinhos com uma força absurda. Ele não entendeu. Ele achou que estava morto, que aquilo era o outro lado, então ele sentiu vontade de chorar. Ele só queria os pais dele. Seus joelhos fraquejaram, porque seu corpo estava em uma piscina na pequena cidadezinha do Minnesota, mas seus olhos viam um quarto. Seu corpo correspondia ao calor do ambiente. Algo estava errado. O corpo de Troye caiu e bateu a cabeça contra a madeira do móvel e o de Connor foi puxado para fora da água, por um dos técnicos de vôlei do time da escola.

(...)

Laurelle estava no quarto, sentada ao lado da cama, esperando que o filho acordasse. Troye abriu os olhos, confuso e agitado, se mexendo na cama e tentando se afastar. Laurelle o segurou pelos ombros. O pequeno estava confuso.

-A água... O que aconteceu? O que aconteceu com a água? - A mulher franziu a testa.

-Querido? Do que você está falando? Que água? - Troye olhou para ela, pequeno, os olhos azuis brilhando, o lábio se contraiu em um bico involuntário quando ele começou a chorar.

-Mamãe... - Ela o abraçou. - Tinha muita água. Muita água. Estava tão frio. Tão frio.

-Shhh... Tudo bem, querido. Foi só um sonho. Já passou, okay? A mamãe está aqui. Está tudo bem. - Troye sabia que não havia sido um sonho. Ele sentiu a água invadir seus pulmões, ele sentiu o corpo leve, ele viu o sol em cima da água gelada. Ele estava lá. Ele havia sentido tudo aquilo.

Through His Eyes | TronnorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora