V - Amigos?!

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Minha cabeça estava nas nuvens desde que eu tinha levado em consideração que o meu vizinho poderia ter uma namorada. Apesar de que eu achava que alguém namorando não daria uma carona de moto para outra garota, mas sempre existia a possibilidade de ele ser um cafajeste. E eu não estaria me esforçando para ser a amante de alguém.

Eu tinha estado aérea na maioria das consultas e sofri de uma dor de cabeça quando a Srta. Aalst teve a sua vez. Fui bombardeada de questões sobre o meu "namorado" e questões relacionadas. Tentei desviar o máximo possível e antes que eu percebesse o meu dia de trabalho havia terminado.

Foi quando eu me dei conta de que como eu havia ido de carona, minha bicicleta tinha ficado em casa. Bufei de frustração e me arrastei até o ponto de ônibus mais próximo. Me sentei no banco e esperei até o meu ônibus chegar. Um casal chegou alguns minutos depois de mim e mantiveram-se abraçados durante todo o tempo que ficaram esperando. Meus pensamentos voaram para o meu vizinho automaticamente. Eu tinha que descobrir se ele possuía uma namorada ou então eu não conseguiria ficar em paz.

Subi no primeiro ônibus que passou, mesmo que o dito cujo demorasse mais para passar pelo meu ponto. Eu não aguentava aquele show de amor que aquele casal estava fazendo. Ser solteira estava se mostrando algo terrível.

Quando eu finalmente cheguei ao meu apartamento meu humor estava em seu pior estado possível. Larguei minha bolsa em seu já conhecido canto e me arrastei até as janelas para poder abri-las e deixar entrar um ar. Afastei a cortina e empurrei o vidro esperando pela brisa que logo apareceu.

Olhei para o apartamento do meu vizinho, mas as cortinas estavam fechadas e eu não conseguia ver nenhuma luz acesa. Talvez, ele não estivesse em casa. Eu não conseguia culpa-lo por isso, era uma sexta-feira à noite afinal. Algum tempo atrás eu não pensaria duas vezes antes de vestir algo justo e sair para a balada, mas eu estava sofrendo por uma relação amorosa que ainda nem havia começado e com uma parceira de negócios que não confiava em mim. Eu não estava com cabeça para isso agora.

Fui em direção ao meu quarto e troquei minha roupa por apenas uma blusa de manga comprida que mal chegava as minhas coxas. Eu dormia com várias camadas de cobertores e um ar condicionado que na verdade esquentava bastante. Era um luxo que eu não me deveria dar o prazer de pagar, mas eu realmente não conseguia dormir com algo cobrindo minhas pernas.

Peguei o romance que eu estava lendo e me sentei na cama, puxando os cobertores até o pescoço. Se eu não podia me encantar com a minha própria vida amorosa, iria desfrutar a dos outros. Li até que minha cabeça começou a doer e me obriguei a fechar o livro e desligar o abajur para poder dormir.

Eu estava tendo um sono maravilhoso até ouvir minha campainha tocar. Estiquei meu braço para puxar meu celular e soltei um palavrão quando vi que ainda eram 07 horas da manhã. Levantei irritada quando meus olhos capitaram o dia da semana "Sábado" estava escrito em grandes letras brancas na tela do meu celular. Chorei internamente por ter sido acordada super cedo no meu único dia de folga.

Levantei nervosa e andei rapidamente até a sala para mandar quem quer que estivesse do outro lado embora. Se fosse o sindico novamente para cobrar o aluguel atrasado eu juro que irei matá-lo. Escancarei a porta e fiz a minha melhor careta de raiva, eu queria demostrar minha extrema irritação em todos os atos possíveis.

— Uau... Isso é definitivamente um bom dia — Levou alguns segundos para que a minha mente registrasse Brandon parado na minha frente segurando algumas sacolas — Café?

— O que você... — Minha voz começou a sair em um tom esquisito, limpei minha garganta e comecei de novo — O que você está fazendo aqui?

— Eu trouxe café da manhã — Levantou a sacolas para enfatizar — É um pijama bem bonito.

Contive o palavrão que eu queria falar. Eu tinha me esquecido completamente que a única coisa que cobria meu corpo era apenas minha blusa branca. Fechei a porta rapidamente e corri para o meu quarto. Gritei para que ele escutasse:

— Espere um pouco, por favor — pedi enquanto abria meu guarda-roupa à procura de alguma coisa adequada.

Avistei minhas velhas calças de moletom que eram as minhas melhores amigas quando estava muito frio e eu não podia ligar o meu aquecedor improvisado. As vesti rapidamente e corri de volta para sala, parando apenas para tentar ajeitar o meu cabelo antes de abrir a porta.

— Voltei — declarei com um sorriso. Vi o olhar de Brandon cair rapidamente para as minhas calças e tentei me esconder atrás da porta — Você quer entrar?

— Claro — falou enquanto caminhava até o meio da minha sala. Definitivamente, ele parecia bem desajustado na minha pequena sala.

Olhei a bagunça no canto do cômodo e me amaldiçoei por não ter limpado a casa antes. Lembrei que ainda restavam algumas louças para lavar na pia e torci para que ele não percebesse.

— Você tem algo contra calças ou é só comigo? — perguntei com um sorriso zombeteiro.

Lembrei-me de quando nos conhecemos e de como eu estava vestida na ocasião. Me senti corar até a raiz dos cabelos, decidi que não iria ficar para atrás. Eu também sabia jogar.

— Eu não era única com falta de roupas — respondi no mesmo tom e vi o momento maravilhoso em que ele jogou a cabeça para trás de soltou uma gargalhada.

— Eu estava realmente nervoso naquele dia — respondeu enquanto fazia um movimento com as mãos para eu pegar as sacolas.

— Me desculpe — murmurei quando cheguei perto o suficiente.

Peguei as sacolas de sua mão e corri para depositá-las na mesa que eu usava para fazer minhas refeições. Chamar esse pequeno conjunto de mesa de jantar seria a mesma coisa de chamar um oceano de rio.

— É um belo apartamento — comentou e foi a minha vez de soltar uma gargalhada.

— Obrigada por ser gentil, — falei enquanto tirava o pão e os frios da sacola.

Meu apartamento era um dos únicos lugares que cabiam na minha renda e era um lugar horrível de se morar, mas era gentil da parte dele falar isso. Principalmente, quando eu tinha visto de perto o luxo em que ele vivia.

— Então, — comecei meio indecisa do que dizer quando estávamos sentados comendo — Vamos tomar café todos os dias?

Brandon parou um momento antes de levar a xícara aos lábios. Ele me olhou por alguns segundos antes de balançar com a cabeça.

— Eu não vejo porque não — comentou e eu sorri para ele — Eu me mudei faz um ano, mas você é a única pessoa das redondezas com quem eu já troquei mais de dez palavras.

Senti meu orgulho inflar como se fosse um balão. Isso queria dizer que ele me via como alguém especial? Alguém que fez ter vontade de se abrir e compartilhar seus sentimentos? Senti vontade de me bater por pensar em coisas tão clichês. Eu deveria parar de ler aqueles romances.

— É bom ter amigos por perto — falou e eu quase perdi suas palavras.

Meu orgulho que tinha inflado estava se esvaziando e voando pela janela como uma bexiga. Amiga? Ele estava me vendo como uma amiga? Respirei fundo para conter a minha indignação, amigos poderia ser um começo, certo? Era melhor que nada. Dei o meu melhor sorriso falso e falei:

— Ser amigos é bom — falei no meu tom mais amável.

Senhor me ajude! Meu vizinho quer me deixar na friendzone!

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  Primeiramente, eu quero pedir desculpas por ter demorado tanto, mas desde que as minhas aulas voltaram eu não estou tendo muito tempo. Meu tempo para escrever vai ser concentrado nos finais de semana e em feriados.
O capítulo está pequeno, mas eu não queria deixar vocês sem nada por mais tempo.

Espero que tenham gostado. Beijos e até o próximo!  

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 15, 2016 ⏰

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