Capítulo 3 -A viagem e vida nova...

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Pego as malas e levo para o carro junto com a bolsa da escola onde guardei meus livros. Terminamos de guardar as malas e entramos no carro, eu atrás e os dois na frente. Partimos para o aeroporto, todos cansados. Tento dormir, desisto quando o sol surge. Contemplo o espetáculo de cores radiantes e borradas, como uma pintura, do grande nascer do sol.

Chegando ao aeroporto nos apressamos com as malas e andamos bastante. Assim que o voo é mencionado sinto um aperto no coração. Não quero ir, porém não tenho escolha. Dou um último abraço em Paulo e Peter se junta a nós. Ficamos abraçados por longos minutos, as lágrimas ameaçam cair, me contenho e respiro fundo. Despedimos-nos e seguimos com a enorme vontade de ficar.

Peter quase tem um infarte na hora da decolagem, ficou amendrontado demais para brigar comigo por caçoar da sua fobia de altura, parecia um gatinho assustado e lindo.

A viagem dura mais ou menos 2 horas, seriam 9 horas de carro. Enquanto Peter dorme observo o céu, os pássaros, as nuvens, tudo incrível. Estou no topo do mundo. Adormeço com esses pensamentos, e sonho... Estou voando, não sei exatamente como. Sinto o vento nos cabelos e a sensação de estar livre, como quando subia no carvalho.

- Ei amor, acorda – uma voz com o bafo quente fala em meus ouvidos – Vamos, pare de marra, o avião pousou – a voz de Peter é inconfundível, rouca, cheia de provocação e ironia. Levanto em um pulo e o encaro.

- Já chegamos?

- Já – ele ri.

Saímos do avião. Após pegarmos as malas procuro um homem que não conheço acompanhado de uma mulher que também nunca vi na vida. Peter vem ao meu lado e esperamos por um momento nos localizar. Vejo alguém segurando um cartaz escrito "Amora e Peter". É uma mulher que aparenta ter seus 40 anos. Caminhamos até a mulher. Ao seu lado um homem com uma barba branca, barrigudo, com marcas de cansaço pela face. Mesmo assim parece estar em boa forma, usa um paletó, calça social preta e uma camiseta listrada.

À medida que nos aproximamos vejo melhor a mulher. Olhos castanhos, cabelos castanhos escuros, curtos, pele aparentemente macia e um grande sorriso nos lábios. Ao ficarmos frente a frente meu "avô", César, começa a falar.

- Olá, bom dia, sejam bem vindos a New Jery! Sou César, seu avô, e essa é Margarida, sua prima de segundo grau, prima de sua mãe. Quando chegarmos à nossa casa os apresento a todos.

Como assim "Nossa casa? Ela não é minha casa!" Se algum dia acontecer algo semelhante quero te informar que é muito esquisito um estranho chegar para você e dizer "Olá, sou seu avô".

- Oi, sou Peter, amigo da Amora e filho do Paulo, prazer em conhecê-lo – os dois apertam as mãos e César volta os olhos castanhos para mim. Peter foi educado, não sou o Peter e não pretendo ser tão legal assim.

- Olá, sou Amora, sua neta, que não é sua neta – digo com um sorriso irônico - E sinto muito discordar, mas não é um prazer conhecê-lo – estendo a mão para ele, ainda com o sorriso intacto no meu rosto.

César me olha por alguns segundos, seu rosto não expressa nenhum tipo de reação, como se pensasse "ela não foi educada". Por fim ele aperta minha mão. Cumprimento Margarida, é bem simpática. Quando seguimos para o carro me surpreendo em saber que é uma limusine. Eles devem ser bem ricos. Não demonstro que estou surpresa, apenas continuo com uma expressão de tédio.

- E então... - começo a falar assim que todos entram no carro - Como foi que souberam a minha existência?

- Bom, contratei um detetive para saber como ficou a situação da Julia, sua mãe, quando ela faleceu, o que ela fazia e o que aquele pervertido do marido dela fazia e...

- Não chame o meu pai assim! – interrompo e ele demonstra expressão de surpresa.

- Você me interrompeu. Não sabe que é falta de respeito interromper os outros enquanto falam? - abro um sorriso sarcástico, chocada, por justo ele falar sobre falta de respeito.

- E você? Não sabe que é falta de respeito falar mal de uma pessoa que já morreu ou que não está aqui para se defender? - o clima fica tenso.

- Mocinha, você não sabe que tem que respeitar os mais velhos? Se acha muito esperta, não é? Tem a mesma petulância da sua mãe, temos que mudar isso - César coça o queixo parecendo pensativo.

Se tenho a mesma "petulância" da minha mãe é claro que não vou mudar! É bom saber que tenho algo dela além dos olhos verdes.

Apenas volto o olhar para a janela. A cidade é bem bonita, enorme, várias pessoas andando pelas ruas. Têm muitos prédios também, altos, espelhados, chiques. Casas grandes, mansões, bem diferente de algumas fotos que meu padrinho me mostrou de como era antigamente. Chegamos numa casa muito bonita, grande, uma mansão linda, branca, com janelas de vidro e moderna, com um enorme jardim e uma piscina coberta nos fundos.

- Essa será a nova casa de vocês, pelo menos por um tempo nessa nova vida – diz Margarida com um sorriso amistoso no rosto.

Mesmo ela sendo gentil as palavras "nova vida" ficaram martelando na minha cabeça. Olho para Peter, que também me olha, dá uma piscadinha dizendo que tudo ficará bem.

A Filha De Romeu e JulietaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora